Ex-ministro da Economia critica acordo comercial: “É uma claudicação face aos EUA”

O ex-ministro da Economia, António Costa Silva, considera que o acordo comercial entre União Europeia (UE) e EUA é uma “claudicação” face aos americanos e que a Comissão Europeia devia ter usado o défice na balança dos serviços para alcançar um negócio mais equilibrado.

“Este acordo é uma claudicação face aos EUA”, disse Costa Silva no Encontro Fora da Caixa, organizado pela Caixa Geral de Depósitos. “O que se passou na Escócia? A UE não usou a arma fulcral dos serviços, é profundamente deficitária nos serviços em relação aos EUA. Centrou as negociações exclusivamente nos bens e esqueceu os serviços”, adiantou o ex-ministro do governo de António Costa.

Costa Silva acredita que se a Comissão Europeia podia ter alcançado “um acordo comercial mais equilibrado com os EUA” se tivesse incluído os serviços nas negociações, mas submeteu-se ao medo. “Se nós nos submetermos ao medo, vamos aceitar tudo. Este acordo não é previsível, dependerá dos humores do presidente dos EUA. (…) Vamos de cedência em cedência até à cedência final”, afirmou.

O ex-ministro referiu ainda que a Europa deve fazer o seu trabalho de casa e não depender do que pensa os EUA. Até porque “tem a maior ferramenta para dinamizar a sua economia: o mercado único”. Mas está “cerceado”.

“Mario Draghi citou um estudo do FMI que diz que o mercado de bens da Europa é o que funciona melhor. Mesmo assim, com as barreiras que existem entre os países e a desarmonização fiscal, isso equivale a tarifa interna de 45%”, assinalou. “Se tivermos o mercado de bens e de serviços a funcionar, a parte digital, e mercado de capitais, temos aqui uma ferramenta extraordinária”, disse.