Lucro da Semapa tropeça 32% com ‘empurrão’ da pasta e papel na primeira metade do ano
Resultados semestrais da holding da família Queiroz Pereira penalizados pela quebra da Navigator. Investimento ascendeu a 169 milhões de euros até junho, com duas aquisições em Espanha.
Os lucros da Semapa SEM 1,98% afundaram 32,1% para 89,5 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano, informou a holding da família Queiroz Pereira em comunicado enviado esta quinta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). A pressionar os números esteve novamente a quebra do negócio da pasta e papel.
O decréscimo no resultado líquido face ao período homólogo é explicado por uma “combinação de fatores”, com destaque para a redução do EBITDA em 60,7 milhões de euros (-16%) por via da redução verificada na Navigator e já pressionada pelas tarifas dos EUA, que apenas foi parcialmente compensada pelo aumento no cimento (Secil) e nos outros negócios mais pequenos do grupo.
O agravamento de 11,6 milhões de euros nas depreciações, amortizações e perdas por imparidade; a apropriação de resultados em empresas associadas no valor de três milhões de euros (1,2 milhões acima do registo homólogo); e a deterioração dos resultados financeiros líquidos em cerca de 9,2 milhões completam as justificações para as contas semestrais apresentadas pelo grupo que reconduziu Ricardo Pires na liderança até 2027.
O volume de negócios consolidado do grupo Semapa estabilizou em 1.437,5 milhões de euros até junho, com a subida da faturação da Secil (5,8%) a ser puxada pela Tunísia e pelo Líbano, e nos outros negócios (91,6%) devido ao crescimento orgânico e à incorporação da espanhola Barna. Isto compensou quase na totalidade a diminuição registada na Navigator (-4,4%), “provocada pela evolução menos favorável dos preços de referência de mercado para a pasta e para o papel, apesar do bom desempenho no tissue e packaging”.
Desempenho das unidades de negócio do grupo Semapa
Poucos dias após anunciar a compra da fabricante de estruturas metálicas Imedexa em Espanha, naquela que foi a primeira aquisição direta de uma participada fora de Portugal por parte da holding, a Semapa contabiliza ter investido 169 milhões de euros na primeira metade do ano, dos quais 35 milhões em investimentos em participações financeiras, “prosseguindo a execução dos planos estratégicos das diferentes subsidiárias”.
A empresa do grupo dedicada ao negócio da reciclagem alimentar (ETSA) está a construir uma nova unidade fabril em Coruche em que pretende produzir uma “gama de produtos substancialmente mais premium” do que a atual, “fruto de um forte investimento em inovação”.
Já a Triangle’s prossegue na fábrica de Águeda o projeto para aumentar a capacidade de produção automatizada de quadros para bicicletas elétricas.

Tendo em conta este investimento no semestre e a distribuição do dividendo de 0,14 euros da Navigator (em janeiro) e da Semapa (em junho), o aumento em 45,6 milhões de euros da dívida líquida remunerada consolidada no espaço de seis meses, para 1.137,3 milhões de euros, demonstra “a forte capacidade de geração de caixa do grupo”, assinala.
“A 30 de junho de 2025, o total de disponibilidades consolidadas ascendia a 329,9 milhões de euros, tendo o grupo, adicionalmente, um conjunto de linhas contratadas e não utilizadas, assegurando desta forma uma forte posição de liquidez”, acrescenta a Semapa na mesma comunicação aos investidores.
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