Nvidia bate estimativas, mas crescimento da IA não acalma nervos dos investidores

Os números trimestrais da cotada mais valiosa do mundo surpreenderam pela positiva, mas incerteza com o mercado chinês prevalece. Ações estão a cair nas negociações antes da abertura de Wall Street.

Os resultados trimestrais que a Nvidia apresentou na quarta-feira à noite bateram ligeiramente as estimativas dos analistas. Mas os receios de que esta vaga de inteligência artificial (IA) esteja a arrefecer estão a pressionar as ações da cotada mais valiosa do mundo, que descem 1,87% esta quinta-feira, nas negociações antes da abertura de Wall Street.

A empresa disse ter alcançado lucros de 26,42 mil milhões de dólares no trimestre concluído em julho, mais 59% do que no mesmo período do ano anterior, bem como receitas de 46,74 mil milhões de dólares, 56% acima do trimestre homólogo. Os analistas esperavam receitas inferiores, de 46 mil milhões.

Concretamente, as receitas com a venda de componentes para data centers, atualmente o negócio mais importante da Nvidia (representam 83% das receitas da empresa), alcançaram 41,1 mil milhões de dólares, uma melhoria de 56% face ao trimestre homólogo. As vendas de componentes da linha Blackwell, o topo da gama da Nvidia, cresceram 17%, indicou a empresa num comunicado.

Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para ver o gráfico.

A fabricante de processadores gráficos avançados usados pela IA, que com uma capitalização bolsista superior a quatro biliões de dólares é a empresa cotada mais valiosa do mundo (e atualmente a única com um valor de mercado acima dessa fasquia), atualizou também as perspetivas do negócio. Espera agora receitas de 54 mil milhões de dólares no trimestre atual, com uma margem de erro de 2% para cima ou para baixo.

Apesar de os números em geral terem vindo em linha com o esperado, as ações caíram cerca de 3% no pós-fecho, refletindo receios de uma desaceleração do crescimento depois de dois anos de sucessivos aumentos nos gastos em inteligência artificial.

Henrique Valente

Analista da ActivTrades Europe

Zero vendas para a China

Ora, este guidance não assume quaisquer vendas de chips H20 para o mercado chinês, o modelo de processador menos musculado que a empresa desenvolveu para respeitar os controlos norte-americanos às exportações de tecnologias sensíveis. Em abril, a empresa foi também impedida pela Administração Trump de exportar esse chip, mas recebeu uma nova autorização recentemente, embora Pequim tenha dado instruções às empresas para optarem por componentes desenvolvidos por empresas nacionais, como a Huawei.

“Não houve vendas de H20 para clientes na China no segundo trimestre”, notou a empresa no comunicado onde apresenta os resultados. “A Nvidia beneficiou de uma libertação de 180 milhões de dólares em inventário H20 previamente reservado, proveniente de cerca de 650 milhões de dólares em vendas não restringidas de H20 a um cliente fora da China”, acrescentou, ainda assim.

Na conferência com analistas, a CFO da Nvidia, Colette Kress, estimou que o investimento em infraestrutura de IA atinja os três a quatro biliões de dólares no final desta década, uma soma inédita.

A incerteza em torno do mercado chinês, o calcanhar de Aquiles da Nvidia — como escreveu o ECO numa antecipação destes resultados –, não agradou aos investidores, que ansiavam por conhecer os resultados da empresa, numa altura em que se investem centenas de milhares de milhões de dólares em componentes para data centers. As ações chegaram a cair mais de 3% no pré-mercado após a apresentação das contas, mas esta manhã a queda era menor.

“Apesar de os números em geral terem vindo em linha com o esperado, as ações caíram cerca de 3% no pós-fecho, refletindo receios de uma desaceleração do crescimento, depois de dois anos de sucessivos aumentos nos gastos em inteligência artificial. Ainda assim, o S&P 500 permanece esta manhã praticamente em máximos históricos, sinalizando a continuação do rally nos ativos de risco”, diz Henrique Valente, analista da ActivTrades Europe, numa reação às contas da empresa divulgada esta quinta-feira de manhã.

Apesar das dúvidas dos investidores, a Nvidia acredita que ainda tem muito mercado pela frente. Na conferência com analistas, a CFO da Nvidia, Colette Kress, estimou que o investimento em infraestrutura de IA atinja os três a quatro biliões de dólares no final desta década, uma soma inédita. A Meta é uma dessas empresas que tem estado a apostar fortemente nesta área, encontrando-se a desenhar um data center especializado em IA de dimensão quase equivalente à região de Manhattan, Nova Iorque, anunciou recentemente Mark Zuckerberg na rede social Threads.

Se a IA vive mesmo numa bolha, como temem alguns analistas, e como especulou recentemente o próprio CEO da OpenAI, Sam Altman — que estará a negociar uma nova ronda de capital que deixará a criadora do ChatGPT avaliada em 500 mil milhões de dólares —, então, ainda não foi desta que estourou.

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