PSI soma oito meses seguidos de ganhos e brilha como há quase 12 anos
Após superar os 8 mil pontos em meados de agosto pela primeira vez desde 2011, o PSI acumula uma valorização de 21,8% este ano, com 56% das empresas a contabilizarem ganhos de 30% ou mais.
O principal índice acionista da Euronext Lisboa está a viver um dos períodos mais prósperos da sua história recente. Julho marcou o oitavo mês consecutivo de subidas do PSI, com uma valorização de 0,62%, acumulando ganhos de 21,8% desde o arranque do ano (incluindo dividendos). Este desempenho coloca o principal índice da bolsa de Lisboa a negociar perto de máximos de 15 anos, da barreira dos 7.700 pontos.
A sequência de ganhos mensais que o PSI regista em 2025 constitui o maior período mensal de subidas desde fevereiro de 2014, quando acumulou nove meses consecutivos de valorizações. Na altura, o mercado vivia um período de euforia — embora o PSI não tenha conseguido superar a barreira dos 7.600 pontos –, que terminou com uma queda de 26% do índice em 2014.
O mês de agosto trouxe uma dinâmica mista ao PSI, caracterizada por duas faces distintas. Na primeira quinzena, o índice chegou mesmo a superar a fasquia dos 8.000 pontos no dia 21 de agosto, algo que não acontecia desde abril de 2011. Contudo, o último terço do mês revelou-se penalizador, com o PSI a acumular seis sessões consecutivas de perdas entre 22 de agosto e esta sexta-feira.
Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.
Entre os 15 membros que constituem o PSI, apenas quatro fecharam agosto com perdas. A Corticeira Amorim liderou as descidas com -3,21%, seguida da EDP Renováveis (-2,52%), Jerónimo Martins (-1,21%) e CTT (-0,81%).
As quedas da Corticeira Amorim e da EDP Renováveis em agosto estiveram relacionadas com desenvolvimentos específicos dos respetivos setores. No caso da Corticeira, as ações sofreram pressão durante a maior parte do mês, apenas recuperando significativamente no final de agosto, quando foi anunciado que os produtos de cortiça ficavam isentos das tarifas de 15% impostas pelos EUA à União Europeia.
As cotadas portuguesas distinguem-se pela generosidade na remuneração acionista, com as 13 empresas do PSI que pagam dividendos em dinheiro a desembolsarem cerca de 3 mil milhões de euros referentes ao exercício de 2024.
A EDP Renováveis, por sua vez, enfrentou incertezas relacionadas com as mudanças na política de subsídios fiscais para projetos de energias renováveis nos EUA. Embora as novas regras da administração Trump tenham sido consideradas menos restritivas do que inicialmente esperado, a volatilidade manteve-se elevada no setor.
No capítulo dos vencedores do mês, destaque absoluto para as ações da Mota-Engil, que subiram 12,5%, encontrando-se atualmente a negociar acima dos 5 euros. A construtora liderada por Carlos Mota dos Santos viveu um “querido mês de agosto”, com as ações a subirem durante 11 sessões seguidas na primeira metade do mês. O bom desempenho da Mota-Engil foi impulsionado pelos resultados do primeiro semestre, que mostraram um crescimento de 20% no lucro líquido para os acionistas.
Seguiram-se as subidas de 7,9% das ações da Nos e as valorizações de 7% da Navigator e de 5,2% da Altri. Para a Nos, os ganhos de agosto podem estar relacionados com as perspetivas de consolidação no setor das telecomunicações. O CEO Miguel Almeida reiterou em julho que a consolidação é o “destino incontornável” do setor, sublinhando que quanto mais tarde acontecer, “maior será o prejuízo”.
Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.
Desempenho radiante desde o arranque do ano
O ano de 2025 tem sido particularmente positivo para o PSI, com ganhos acumulados de 21,8% que comparam, por exemplo, com os 8,4% do índice pan-europeu Stoxx Europe 600, que acumula apenas dois meses seguidos de ganhos.
A estrela da bolsa portuguesa deste ano é a Mota-Engil, que acumula ganhos de quase 80% desde o arranque do ano. No entanto, a sustentar o desempenho do índice nacional estão as valorizações de 63% e 47% do BCP e da Sonae, respetivamente, dado o peso que estas empresas têm atualmente no PSI. Mas também de uma série de outras empresas, dado que nove das 15 empresas do PSI (56% dos membros do índice) acumulam desde o início do ano ganhos de 30% ou mais, demonstrando a amplitude do movimento de alta que caracteriza a bolsa portuguesa.
As cotadas portuguesas distinguem-se pela generosidade na remuneração acionista, com as 13 empresas do PSI que pagam dividendos em dinheiro a desembolsarem cerca de 3 mil milhões de euros referentes ao exercício de 2024, no decorrer deste ano. Este montante representa um crescimento de 11% face ao ano anterior e um payout total de aproximadamente 62%.
No lado menos positivo, permanecem no vermelho as ações da Corticeira Amorim, que acumula perdas de 2,4% desde o arranque do ano, bem como os títulos da Altri e da Navigator, com desvalorizações de 1% e 0,7%, respetivamente.
O índice negoceia atualmente com uma taxa de dividendos média de 4,18% e 13,2 vezes os lucros por ação. Estes valores comparam favoravelmente com índices europeus congéneres, oferecendo aos investidores uma combinação atrativa de rendimento e valorização a múltiplos razoáveis.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
PSI soma oito meses seguidos de ganhos e brilha como há quase 12 anos
{{ noCommentsLabel }}