ECO lança comunidade para discutir e promover uso de inteligência artificial
O .IA é lançado oficialmente este mês e conta com leque de 11 parceiros setoriais para mapear a transformação económica e social gerada pela inteligência artificial (IA).

O ECO lança oficialmente este mês o projeto editorial .IA, uma iniciativa que junta empresas e academia, focada em acompanhar os últimos avanços na inteligência artificial (IA) e a adoção desta tecnologia pelas empresas ao nível da organização, processos e negócios.
Num momento em que a IA transforma a sociedade e a economia a um ritmo sem precedentes, acompanhar todas as novidades tornou-se um desafio, mas também uma necessidade. O .IA vai colocar a tecnologia ainda mais no centro da discussão, com uma agenda editorial focada no impacto e nas oportunidades, bem como nos riscos e nas barreiras à implementação.
O último inquérito do Instituto Nacional de Estatística mostrou que só 8,6% das empresas portuguesas estavam a utilizar tecnologias de IA em 2024, um ligeiro aumento de 0,7 pontos percentuais face a 2023, e um nível muito inferior à média de 13,5% da União Europeia. O crescimento anual português foi o mais lento entre os 27 Estados-membros, de acordo com o Eurostat. O .IA irá contribuir para um melhor acompanhamento deste fenómeno, através do barómetro trimestral Estado da Adoção, que será lançado em breve.
Desta feita, o .IA propõe-se a ouvir as empresas, permitindo a partilha de experiências e um debate franco de ideias, fomentando a utilização de IA e contribuindo para a competitividade da economia portuguesa. Neste lançamento, o ECO conta com uma lista alargada de parceiros fundadores, composta por grandes grupos empresariais que estão a dar passos concretos nesta área — Accenture, COTEC Portugal, CTT, CUF, Grupo Ageas Portugal, MEO, PLMJ, Santander, Visabeira e WPP. O .IA conta ainda com o apoio do INESC, knowledge partner do projeto, envolvendo assim a academia.
Os sistemas vão alucinar menos, vão ser capazes de raciocínio, mas provavelmente a transformação vai ser lenta, porque é cultural e procedimental.
Arlindo Oliveira, presidente do INESC, considera que “o estado atual da tecnologia já tornou óbvio que ela é bastante útil em muitas tarefas” e que “só do ponto de vista da produtividade individual já há ganhos” a registar. Contudo, para existir “adoção de um sistema de IA para substituir certas tarefas que requerem inteligência, é preciso que haja alterações nos processos internos e na cultura das empresas”. Mas isso “muda muito devagarinho”, nota o professor catedrático do Instituto Superior Técnico.
“Quando penso numa fração grande das tarefas que são feitas — num call center, num serviço de apoio ao cliente ou na redação de um jornal –, é relativamente fácil de ver que há muita coisa que um sistema melhorado de um LLM [grande modelo de linguagem] pode fazer. Talvez 90% das respostas a dar a clientes num call center são respondíveis por um sistema destes”, aponta Arlindo Oliveira.
Assim, para o especialista, o “potencial transformador” da IA generativa “é muito grande”: “Os sistemas vão alucinar menos, vão ser capazes de raciocínio, mas provavelmente a transformação vai ser lenta, porque é cultural e procedimental”, vaticina.
Já António Costa afirma que o .IA é um projeto estratégico para o ECO. “Depois de anos a discutirmos especialmente os riscos, nomeadamente para o emprego, chegou o momento de avaliarmos o que as empresas estão a fazer na sua organização, especialmente nas pessoas, mas também nos processos e sobretudo nos efeitos dos negócios”, afirmou o diretor do ECO.
“O ECO quer ser um agente ativo desta transformação, de forma responsável, e com um grupo de empresas e instituições que estão à frente deste movimento e podem contribuir para uma partilha de informação que seja, ela própria, incentivadora das melhores práticas nas empresas portuguesas“, acrescentou.
Depois de anos a discutirmos especialmente os riscos, nomeadamente para o emprego, chegou o momento de avaliarmos o que as empresas estão a fazer na sua organização.
Barreiras à adoção em debate
Para marcar o arranque do projeto, o .IA promove no próximo dia 24 de setembro, entre as 9h e as 11h, uma conferência no Estúdio ECO para discutir as barreiras à adoção de IA pelas empresas. O que estão as empresas a fazer? E o que as impede de avançar? O que pode ser feito do ponto de vista das políticas públicas?
Esta primeira conferência vai contar com a presença e discurso do secretário de Estado para a Digitalização, Bernardo Correia, como keynote speaker, cujo Ministério da Reforma do Estado tutela os assuntos ligados à IA no Governo de Portugal.
Além disso, e numa altura em que a Comissão Europeia se prepara para apresentar a estratégia Apply AI ainda neste trimestre, com vista a fomentar o uso de IA pelas Pequenas e Médias Empresas (PME) europeias, o ECO contará com um painel de discussão composto por Pedro Lomba, partner da PLMJ, e Paulo Soeiro Ferreira, Head of Engineering and Innovation da Visabeira.
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