“Tinha preferido que Passos Coelho fosse candidato” a Belém, “mas não foi possível”, diz Ventura

O líder do Chega avança com a candidatura à Presidência da República porque não encontrou uma figura à altura das "aspirações do partido". "Não desejei ser candidato", afirmou.

O presidente do Chega, André Ventura, confirmou esta terça-feira que está na corrida a Belém, mas revelou que tinha “preferido que Pedro Passos Coelho fosse candidato” à Presidência da República, nas eleições de 18 de janeiro, “mas não foi possível”, assumiu o também líder da oposição.

“Não desejei estas eleições, não desejei ser candidato, entendo, como entendi no passado, que o líder da oposição não tem como vocação primeira ser candidato à Presidência da República. Durante os últimos meses procurei garantir que o Chega tinha um candidato à altura das suas aspirações desde a luta contra a corrupção, contra o amiguismo, contra a imigração desregulada, mas falhei em encontrar essa alternativa“, afirmou a partir da sede nacional do partido, em Lisboa.

Ventura assume que “não é segredo para ninguém” que procurou conversar com “outros nomes possíveis que avançassem com uma candidatura”. “É sabido de todos que tinha preferido que Pedro Passos Coelho fosse candidato à Presidência da República, mas não foi possível”, sublinhou.

Então e como a “política é a arte do possível”, o líder do Chega decidiu entrar na corrida a Belém. “Nos últimos dias, alguns diziam que era melhor não correr o risco, que uma candidatura que não corra bem incidirá um enorme risco sobre político o líder do Chega. Nunca, na minha vida política olhei para o risco pessoal”, salientou.

Apesar de repetir que não queria ser candidato, e face ao vazio de nomes que pudessem encabeçar uma candidatura, Ventura considera que esta será “a melhor forma de liderar a oposição em Portugal”. “Se formos a uma segunda volta e mesmo que vençamos significa um levantar de um movimento político capaz de derrotar PSD e PS e remetê-los à insignificância das suas candidaturas”, continuou.

Entende que os partidos trouxeram “o pior que o sistema tem” para as presidenciais e reitera a ideia de que “enterrar de vez com o bipartidarismo será a garantia de que o Chega tomou a opção certa”.

Por isso, Ventura decidiu avançar: “Serei candidato às eleições presidenciais porque entendo que nas circunstâncias em que nos condicionaram não temos outra forma se não derrotar o sistema nestas eleições presidenciais”. O objetivo, insiste, é ter o Chega numa segunda volta das presidenciais.

Depois pediu “desculpa” ao país por, num primeiro momento, ter apoiado Henrique Gouveia e Melo à Presidência da República: “Não podia saber que traria para dentro da sua candidatura o pior que o sistema político tem ou teve como Isaltino Morais ou Rui Rio, como viria a concordar com o Presidente da República nas leis da imigração ou que se alinharia com PS e PSD para fazer valer a cultura do sistema”.

Feita a distinção, marca a diferença entre a sua candidatura e a de Gouveia e Melo, elevando-o à categoria de principal adversário: “Na verdade, as eleições de 18 de janeiro serão entre uma candidata antissistema e uma candidatura do almirante Gouveia e Melo, representante do espaço socialista e do centro político em Portugal. Talvez estas eleições sejam as mais claras dos últimos anos”.

Por fim, deixou uma nota pessoal: “Sei que muitos no partido e fora dele, muitos dos que votaram em nós não concordam com esta candidatura e um político que preze por dizer a verdade não deve ter medo de o dizer, desta vez procurarei demonstrar que estão errados”.

“A todo o tempo submeto-me ao tempo da história, ao voto dos portugueses, mas não queria deixar de dizer: Acreditem e confiem em mim, porque quero levar a bom porto um projeto de transformação do país que se não for partir de S. Bento será a partir de Belém se não for a partir de Belém será a partir da galerias da Assembleia da República”, declarou.

Mas antes de terminar o discurso, sem direito a perguntas, voltou a frisar que só é candidato porque não encontrou alternativa: “Neste quadro, não sendo possível a solução que idealizámos, não virarei a cara à luta e aceitarei o juízo dos portugueses”.

Esta é a segunda vez que André Ventura é candidato a Belém, depois de, em 2021, ter ficado em terceiro lugar, com 11,90% (496.773 votos), atrás de Marcelo Rebelo de Sousa e de Ana Gomes. Desta vez, Ventura parte para as presidenciais numa posição mais forte: é o primeiro líder da oposição a concorrer às eleições para chefe de Estado, após fazer do Chega o segundo partido com maior representação parlamentar com 22,76% e 1.437.881 votos.

Na passada sexta-feira, o barómetro da Aximage para o Diário de Notícias colocou pela primeira vez o Chega em primeiro lugar, com 26,8%, nas intenções de votos para umas eventuais legislativas, à frente de Luís Montenegro, que ficou em segundo, e de José Luís Carneiro, em terceiro.

Neste momento, estão na corrida a Belém Henrique Gouveia e Melo, Luís Marques Mendes (PSD), António José Seguro (PS), João Cotrim Figueiredo (IL), António Filipe (PCP) e Catarina Martins (BE).

Joana Amaral Dias (ADN) e André Pestana, do Sindicato para Todos os Profissionais da Educação (STOP) são outros dos candidatos, nas eleições que deverão realizar-se a 18 de janeiro.

(Notícia atualizada às 17h54)

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