China manda grandes tecnológicas parar de comprar chips de IA da Nvidia
Pequim ordenou às grandes tecnológicas que suspendam a compra de chips da Nvidia, numa altura em que o país pretende fortalecer a produção e o desenvolvimento de semicondutores domésticos.
A Administração do Ciberespaço da China (CAC) ordenou às principais tecnológicas do país, incluindo a Alibaba e a ByteDance, que cancelem as encomendas e suspendam os testes aos chips de inteligência artificial RTX Pro 6000D da Nvidia.
O modelo, lançado em julho durante a visita do CEO Jensen Huang a Pequim, foi desenvolvido especificamente para o mercado chinês, numa tentativa da Nvidia de contornar as restrições impostas por Washington à exportação dos seus processadores mais avançados. Várias empresas chinesas planeavam comprar dezenas de milhares de unidades e já tinham iniciado trabalhos de verificação com fornecedores da empresa norte-americana, mas foram agora instruídas a parar após a ordem da CAC, revela o Financial Times (acesso pago).
De acordo com a BBC, o presidente da Nvidia afirmou estar “desapontado” com a notícia de que a China terá ordenado às suas principais empresas tecnológicas que suspendam a compra de chips de inteligência artificial da empresa. Jensen Huang acrescentou que pretende ser “paciente” em resposta à medida do regulador chinês da internet. “Há muitos lugares aos quais não podemos ir, e está tudo bem”.
A proibição vai além da orientação anterior que incidia sobre o chip H20 e surge depois de os reguladores chineses concluírem que os processadores nacionais já atingiram um nível de desempenho comparável ou até superior aos modelos que a Nvidia ainda pode vender na China. Entre as empresas chamadas a reportar os avanços estão a Huawei e a Cambricon, mas também gigantes como a Alibaba e a Baidu, que desenvolvem os seus próprios semicondutores.
Um executivo de uma das tecnológicas chinesas resumiu ao Financial Times o impacto desta decisão: “A mensagem agora é clara. Antes havia esperança de que o fornecimento da Nvidia pudesse ser retomado se a situação geopolítica melhorasse. Agora, todos os esforços estão concentrados em construir um sistema doméstico”.
Esta decisão insere-se na estratégia de Pequim para reduzir a dependência dos EUA no setor dos semicondutores e fortalecer a produção interna. O jornal já tinha noticiado em agosto que os fabricantes chineses pretendem triplicar a produção de processadores de IA já em 2026, numa altura em que a competição tecnológica entre Washington e Pequim se intensifica.
O impacto para a Nvidia é significativo. O RTX Pro 6000D era o último chip que a empresa estava autorizada a vender em volumes relevantes na China, um dos seus principais mercados. O anúncio da Administração do Ciberespaço da China já se está a refletir, com as ações da Nvidia a cair 1% em pré-mercado na bolsa de Nova Iorque.
A decisão da CAC surge ainda poucos dias depois de a empresa ter sido acusada por Pequim de violar a lei antimonopólio, num novo episódio da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
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