Trump recusa aprovar ajuda militar a Taiwan enquanto discute TikTok com a China
EUA cortaram relações diplomáticas com Taipé nos anos 1970, mas permanecem o principal fornecedor de armas de Taiwan, que Pequim considera uma província chinesa.
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recusou aprovar ajuda militar de 400 milhões de dólares (339 milhões de euros) a Taiwan, em paralelo com negociações comerciais com a China, noticia o Washington Post. A decisão, que ainda não é definitiva, representaria uma mudança importante na política de Washington em relação à ilha.
Os EUA cortaram relações diplomáticas com Taipé nos anos 1970, mas permanecem o principal fornecedor de armas de Taiwan, que Pequim considera uma província chinesa, não excluindo o uso da força para conquistar a ilha.
Trump deve conversar esta sexta-feira com o Presidente chinês, Xi Jinping, naquela que será a segunda chamada telefónica desde o regresso do republicano à Casa Branca, num momento em que ambos procuram compromissos sobre as tarifas comerciais e o futuro da aplicação TikTok.
Sob a presidência de Joe Biden (2021-2025), os EUA aprovaram mais de dois mil milhões de dólares (1,7 mil milhões de euros) em ajuda militar para Taiwan. Segundo o Washington Post, Trump não apoia o envio de armas sem contrapartidas financeiras, uma posição que já tinha manifestado em relação à Ucrânia.
Responsáveis da Defesa dos EUA e de Taiwan reuniram-se em agosto no Alasca, discutindo um possível acordo de venda de armas avaliado em vários milhares de milhões de euros, incluindo veículos aéreos não tripulados (‘drones’), mísseis e sensores para vigilância costeira.
Desde o regresso de Trump à Casa Branca, em janeiro, Taipé tem manifestado preocupação quanto ao compromisso de Washington em defender a ilha em caso de ataque da China. Face à pressão militar crescente de Pequim, Taiwan aumentou as despesas de defesa e prevê pedir um orçamento suplementar recorde de até 28 mil milhões de euros.
Trump e Xi voltam a falar
Donald Trump deve falar esta sexta-feira com o homólogo chinês, Xi Jinping, numa tentativa de finalizar um acordo que permita à rede social TikTok continuar a operar em território norte-americano. A chamada pode também dar pistas sobre um eventual encontro presencial entre os dois líderes, destinado a alcançar um entendimento para pôr fim à guerra comercial e clarificar o rumo das relações entre as maiores economias mundiais.
Trata-se do segundo diálogo com Xi desde o regresso de Trump à Casa Branca e da imposição de tarifas alfandegárias elevadas à China, que desencadearam medidas retaliatórias de Pequim e deterioraram as relações bilaterais.
Ainda assim, o Presidente norte-americano tem manifestado abertura para negociar, nomeadamente sobre o futuro do TikTok, que enfrenta um veto nos EUA caso a tecnológica chinesa ByteDance não venda a participação maioritária.
“Vou falar com o Presidente Xi na sexta-feira sobre o TikTok e também sobre comércio. Estamos muito perto de alcançar acordos em tudo isso”, disse Trump, na quinta-feira, assegurando que a relação com a China é “muito boa”.
Segundo o jornal britânico Financial Times, Pequim e Washington alcançaram esta semana, em Madrid, um entendimento de princípio sobre a estrutura acionista do TikTok, cabendo a Trump e Xi a tarefa de fechar o acordo. Trump prorrogou várias vezes o prazo para a venda da aplicação, exigida pela lei aprovada em 2024, que visava responder a preocupações de segurança nacional e privacidade dos dados.
O líder norte-americano reiterou que o TikTok “tem um valor tremendo” e que esse valor “está nas mãos dos Estados Unidos, porque somos nós que temos de aprovar”.
Washington aponta para os laços da ByteDance à China e para a legislação que obriga empresas chinesas a entregarem dados ao Governo, bem como para a importância do algoritmo da plataforma.
Pequim garantiu esta semana que foi alcançado um consenso sobre direitos de propriedade intelectual, incluindo o algoritmo, e sobre a gestão de dados de utilizadores norte-americanos por um parceiro designado.
Apesar da suspensão de tarifas adicionais e de alguns controlos às exportações, permanecem divergências sobre restrições tecnológicas, compras agrícolas e a exportação de produtos químicos utilizados na produção do opiáceo fentanil.
A guerra comercial no segundo mandato de Trump já custou aos agricultores norte-americanos um dos seus principais mercados. Entre janeiro e julho, as exportações agrícolas dos EUA para a China caíram 53% face ao mesmo período de 2024, com alguns produtos mais afetados, como o sorgo (menos 97%).
“Há ainda tempo. É encorajador que os dois países continuem a conversar”, afirmou o presidente da Associação Americana da Soja, Josh Gackle, recordando que Pequim suspendeu as compras da nova colheita de soja norte-americana, o principal produto agrícola exportado para a China.
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