CFP mais pessimista. Economia cresce abaixo de 2% puxada por consumo e investimento
Instituição revê em baixa projeções de abril e mostra-se mais uma vez mais negativa do que o Governo. Consumo e investimento são as chaves-mestras para evolução do PIB deste ano.
O Conselho das Finanças Públicas (CFP) cortou a previsão de crescimento da economia nacional para 1,9% este ano e 1,8% em 2026. A três semanas da entrega do Orçamento do Estado para 2026 (OE2026), a instituição liderada por Nazaré da Costa Cabral revela-se assim mais pessimista face a abril, mas também relativamente ao cenário esperado pelo Governo.
No relatório de atualização das perspetivas económicas e orçamentais, divulgado esta segunda-feira, a entidade que fiscaliza as contas públicas prevê, num cenário de políticas invariantes, uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,9% em 2025, uma revisão em baixa face aos 2,2% previstos em abril. O maior pessimismo estende-se também ao próximo ano, apontando agora para uma taxa de 1,8%, quando em abril esperava 2%.
Evolução resulta de taxas de investimento público inferiores ao inicialmente previsto, bem como de um menor peso das exportações no PIB.
O CFP explica que esta evolução resulta de taxas de investimento público inferiores ao inicialmente previsto, bem como de um menor peso das exportações no PIB. Os números da instituição mostram-se também mais pessimistas face aos previstos pela AD no cenário macroeconómico do programa eleitoral, onde apontava para 2,4% este ano e 2,6% em 2026.
Ainda assim, o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, tem sinalizado que o crescimento deverá fixar-se abaixo de 2,4% este ano, tendo começado a utilizar a expressão “em torno de 2%”, incluindo nas reuniões que manteve com os partidos políticos para marcar o arranque dos trabalhos parlamentares após as férias.
Entre as restantes principais instituições económicas, o Banco de Portugal prevê um aumento do PIB de 1,6% este ano, a Comissão Europeia de 1,8%, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) de 1,9% e o Fundo Monetário Internacional (FMI) de 2%. Já para 2026, o Banco de Portugal aponta para uma taxa de 2,2%, a Comissão Europeia de 2,2%, a OCDE de 1,9% e o FMI de 1,7%.
O CFP espera ainda uma desaceleração do crescimento para 1,6% em 2027, refletindo o fim do ciclo de investimentos associados ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Ainda assim, as perspetivas de um crescimento de médio prazo mantêm-se inalteradas em 1,8%, alicerçadas no “crescimento da produtividade e saldos migratórios positivos”.
A instituição prevê ainda que a taxa de desemprego deverá diminuir de 6,1% da população ativa em 2025, que compara com a taxa de 6,5% em 2024, para 5,8% no médio prazo.
Já a taxa de inflação, medida pelo índice harmonizado de preços no consumidor (IHPC), deverá também desacelerar para 2,3% em 2025 face aos 2,7% registados em 2024, “estabilizando em torno de 2% no médio prazo, influenciada pela política monetária” do Banco Central Europeu (BCE).
Consumo e investimento puxam pelo PIB
O CFP assinala que o crescimento em 2025 deverá ser impulsionado pelo consumo e investimento, projetando que o consumo privado de 3,3% este ano.
“A projeção para o consumo privado beneficia do impacto esperado das medidas de política económica (e administrativas) de cariz pontual, à semelhança do ocorrido no final de 2024: o suplemento extraordinário de pensões e o ajustamento das tabelas de retenção na fonte em sede de IRS“, assinala o relatório.
No caso do investimento, destaca que a projeção reflete “a expectativa de uma maior execução financeira do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) com impacto positivo no investimento público”. Ademais, a instituição assinala que, pela primeira vez desde o pós-pandemia, 2025será o primeiro ano com um crescimento das exportações será inferior à procura externa dirigida à economia portuguesa.
No entanto, o CFP alerta que o cenário macroeconómico continua pautado por um “enquadramento de elevada incerteza, com os riscos a penderem maioritariamente de forma descendente sobre a atividade económica e permanecendo globalmente equilibrados para a inflação”.
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