Exclusivo Nvidia integra consórcio português para trazer gigafábrica de IA para Sines
A Nvidia participa no consórcio promovido pelo Banco de Fomento para tentar captar para Portugal uma das cinco gigafábricas de IA da União Europeia, com 100 mil chips avançados.

A Nvidia faz parte do consórcio português que vai concorrer para trazer para Portugal uma gigafábrica de inteligência artificial (IA). Fonte familiarizada com o processo confirmou ao ECO que a gigante das placas gráficas está envolvida na candidatura portuguesa, dias depois, num evento em Lisboa, o CEO do Banco de Fomento, Gonçalo Regalado, ter deixado pistas que apontavam para o envolvimento da empresa norte-americana.
“Posso dizer-vos que nós temos vontade e temos o acordo e os maiores players mundiais dentro da candidatura e estão garantidos os 100 mil GPU [placas gráficas] para que a fábrica nasça em Sines”, afirmou Gonçalo Regalado durante uma intervenção na conferência Fusion, promovida pela empresa Devoteam. O CEO do Banco de Fomento disse ainda “ter um consórcio fortíssimo ao nível dos parceiros privados nacionais e internacionais”.
Confrontada pelo ECO com estas informações, fonte oficial da Nvidia recusou comentar e fonte oficial do Banco de Fomento também não fez comentários. No entanto, o envolvimento da Nvidia é uma notícia de grande importância para a ambição portuguesa de captar uma gigafábrica para Sines, dado que a Nvidia produz as placas gráficas necessárias para construir este mega data center no litoral alentejano, que prevê a contratação de 270 pessoas. Estima-se que cada placa gráfica Nvidia H100 custe cerca de 22 mil euros, conforme noticiou o ECO.
A participação da Nvidia, num modelo que não foi possível confirmar, ajuda também a dar credibilidade à proposta portuguesa quando o concurso oficial vier a ser lançado pela Comissão Europeia. Está previsto que tal aconteça no final do ano, durante o quarto trimestre.
O consórcio que está a ser construído pelo Banco de Fomento envolve um projeto que poderá chegar aos quatro mil milhões de euros, com parte deste montante a ser financiada pela Comissão Europeia. Mas o país compete com outros Estados‑membros para tentar captar uma das cinco gigafábricas de IA que Bruxelas pretende cofinanciar, em regime de Parceria Público‑Privada (PPP).
Segundo Gonçalo Regalado, a proposta portuguesa conta também com “o apoio institucional do Governo e da sociedade civil”.
Temos o acordo e os maiores players mundiais dentro da candidatura e estão garantidos os 100 mil GPU [placas gráficas] para que a fábrica nasça em Sines.
Nvidia também apoia candidatura em Espanha
Além da participação na candidatura portuguesa, a Nvidia também apoia uma proposta de candidatura espanhola, de acordo com vários meios de comunicações do país vizinho, para instalar uma gigafábrica de IA em Móra la Nova, Tarragona. Este consórcio espanhol, que inclui grandes empresas do setor tecnológico e industrial, foi formalmente submetido à Comissão Europeia no âmbito do programa de gigafábricas de IA, e a presença da Nvidia garante o fornecimento dos chips necessários para alimentar a infraestrutura de IA em larga escala.
No mesmo evento na semana passada, Gonçalo Regalado afirmou que Portugal não concorre “contra ninguém” nesta corrida: “Nós lutamos por nós.” Mas, referindo-se o país vizinho, visto em alguns círculos como concorrente de Portugal neste programa europeu, apontou: “Enquanto em Espanha há quatro candidaturas, que estão completamente em concorrência umas com as outras, nós tomámos a decisão de fazer uma candidatura e de trazer todos a bordo”, frisou.
Enquanto isso, na Alemanha, a Nvidia integra também outro projeto com a Deutsche Telekom e o fundo Brookfield para desenvolver uma “Industrial AI Cloud”, uma iniciativa de grande escala que visa construir capacidades de IA com cerca de 100 mil placas gráficas. Embora este projeto ainda esteja em fase de planeamento e não tenha sido oficialmente confirmado como candidatura formal ao programa europeu, representa um investimento estratégico importante da Nvidia no desenvolvimento de infraestruturas de IA no continente europeu.
As cinco gigafábricas de IA que a Comissão Europeia pretende tornar realidade nos próximos anos poderão representar um investimento total em torno dos 20 mil milhões de euros, de acordo com a instituição. Esse é o valor que está previsto no programa InvestAI, que foi anunciado em fevereiro pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. O programa InvestAI prevê, no seu conjunto, a mobilização de 200 mil milhões de euros de investimento em IA nos próximos anos, mas, deste montante, apenas 50 mil milhões de euros correspondem a investimento proveniente de fundos europeus.
Quanto à Nvidia — que é atualmente a maior empresa do S&P 500 em valor de mercado, avaliada em 4,46 biliões de dólares –, continua a investir em força. Esta segunda-feira, foi também noticiado que planeia aplicar até 100 mil milhões de dólares na OpenAI, criadora do ChatGPT, e na semana passada também firmou um acordo para entrar no capital da Intel.
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