Professor, pintor e empresário polémico. Quem é Rui Teixeira Santos, o ministro das Finanças do “governo sombra” do Chega?
É professor do ISG, foi dono do Semanário, que faliu deixando elevadas dívidas ao Estado, e tem um percurso marcado por polémicas.
Rui Teixeira Santos vai ser o coordenador das pastas da Economia e das Finanças do “governo sombra” do Chega. É professor associado e membro do conselho científico do Instituto Superior e Gestão (ISG), agora liderado pelo ex-chefe de gabinete de Costa, Vítor Escária. Mas o percurso público, e polémico, deste amante da pintura a óleo vem de longe, e ficou marcado por várias controvérsias, falências e até agressões na via pública.
O seu percurso na imprensa, nomeadamente à frente do Semanário, ficou marcada pela polémica. Entre 1999 e 2007, exerceu funções como diretor editorial do jornal nacional Semanário, do qual foi acionista e administrador, e que faliu deixando elevadas dívidas ao Estado e a jornalistas, entre outros credores. No jornal, causou furor uma coluna de opinião, escrita sob o pseudónimo de “Dantas”, uma coluna de mexericos sobre figuras do chamado ‘jet set’. Esse exercício levou a várias queixas junto do Sindicato dos Jornalistas que, em outubro de 1996, classificou a atividade como “manifestações subjornalísticas de devassa da intimidade”. “Em toda esta matéria, cumpre também interpelar as entidades patronais sobre como pensam agir relativamente aos jornalistas indignos: é já tempo de a opinião pública saber quais os padrões éticos que as entidades patronais se comprometem a respeitar”, pode ler-se num comunicado do sindicato, sem identificar o autor das publicações em causa. À época, circulava a informação, não confirmada, de que o próprio Rui Teixeira Santos era o “Dantas” ou no mínimo o seu principal autor.
Este período levou mesmo a um episódio muito falado na altura, quando Emídio Rangel, em 1996 diretor de programas da SIC, e Filipa Garnel, apresentadora do canal, terão agredido Rui Teixeira Santos numa rua de Cascais. Rangel era um dos alvos preferidos do “Dantas”, que o apelidou de “Rei do Gado” – nome de uma novela brasileira – e insinuava que o mantinha relações íntimas com figuras do canal de Balsemão. Mas o Semanário não foi a sua única iniciativa empresarial. Esteve também ligado à gestão do Braz & Braz, histórica casa de comércio em Lisboa, e que também sofreu graves problemas financeiros.
Mais recentemente, esteve na polémica origem do jornal Novo, em 2020. Co-fundador da Lapanews, Juntou-se com João Botelho para lançar o título, cujo nome inicial seria “Sol”, mas que acabou por ser chumbado pela ERC. O nome — Novo — e a data de lançamento do jornal só foram conhecidos menos de 24 horas de o semanário chegar às bancas. Depois, há o caso da LVG – Des Vosgues do francês Patrice de Maistre, que constava no capital da Lapanews. Maistre foi condenado em França em 2015 a três anos de prisão por abuso de confiança e branqueamento de capitais num caso que envolveu Liliane Bettencourt, dona do império L’Óreal.
O “ministro sombra” de Ventura também é membro da Direção do Museu Zero — Centro de Arte Digital de Tavira, no Algarve. E, até final de 2024, foi consultor da Abreu Advogados nas áreas do Direito Comercial, do Direito Económico (Regulação e Concorrência) e do Direito Público e Administração Pública.
Doutorou-se na Universidade Católica Portuguesa, em Ciência Política, com a tese “Economia Política da Corrupção – Caso dos Estados Lusófonos”, que foi defendida em 2008, e em que analisou a relação entre corrupção e desenvolvimento económico nos países de língua oficial portuguesa. É ainda autor de livros como “Direito Português da Corrupção”.
Até março de 2018, foi coordenador do Serviço de Estudos, Planeamento, Auditoria e Jurídico (SEPAJ) da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Anteriormente, ocupou os cargos de diretor da Escola da Administração de Lisboa (unidade orgânica da ULHT) e foi professor associado da Faculdade de Direito da ULHT em Lisboa.
Na sua carreira passou ainda por áreas como o turismo (Sovipe – Sociedade de Desenvolvimento Turístico de Vidago e Pedras Salgadas SA) indústria gráfica (Imprinter – Impressores Internacionais SA) e de gestão de património (Soporgest – Sociedade Portuguesa de Gestão de Património SA) entre dezenas de outras sociedades industriais e de serviços.
Tem sido crítico do que considera ser a “infantilização da administração pública” e a “desresponsabilização dos decisores políticos”. Acusa os políticos de evitarem tomar decisões, transferindo responsabilidades para entidades reguladoras e outras instituições.
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