Idealista falhou remédios para “acautelar riscos concorrenciais” na compra do portal Kyero, reage AdC
Em reação às acusações da empresa, a autoridade liderada por Nuno da Cunha Rodrigues responde que Idealista "não apresentou compromissos destinados a remediar as preocupações jusconcorrenciais".
A Autoridade da Concorrência (AdC) recusa responsabilidades pelo facto de o Idealista ter deixado cair a compra do Portal 47. O regulador atira a culpa para o marketplace imobiliário, que não apresentou remédios para acautelar os riscos concorrenciais deste negócio.
“A AdC identificou indícios de que a aquisição da Portal47 pela Idealista poderia levantar sérias preocupações concorrenciais, que foram devidamente comunicadas à empresa”, adianta a autoridade liderada por Nuno da Cunha Rodrigues, em resposta enviada ao ECO.
A instituição acrescenta ainda que o “Idealista não apresentou compromissos destinados a remediar as preocupações jusconcorrenciais, tendo optado por desistir do procedimento”.
Entre os receios da AdC estava que a “absorção de um concorrente relevante” no contexto de um “reforço do poder de mercado da Idealista”. “A atuação da AdC decorre exclusivamente da lei e tem como objetivo proteger a concorrência em benefício dos consumidores e das empresas que atuam em mercados abertos e contestáveis”, realça a autoridade.
O conselho de administração do Idealista informou esta quarta-feira que não iria avançar com a aquisição da empresa que detém o portal imobiliário Kyero devido aos atrasos causados pela investigação da AdC, da qual esperava feedback há vários meses.
“A decisão da AdC de levar a operação, notificada ad cautelam, a uma segunda fase, apesar da escassa presença do portal Kyero nesse mercado, provocou um atraso material no fecho da operação, o que prejudicou os interesses do idealista, tendo levado a empresa a renunciar a esta aquisição”, explicou o Idealista numa comunicação divulgada no blog oficial.
O negócio remonta a dezembro de 2024, quando o Idealista informou que tinha chegado a um acordo com a sociedade britânica Portal47 Ltd, dona do Kyero, para a aquisição e, cerca de um mês depois, notificou a autoridade liderada por Nuno Cunha Rodrigues dessa operação de concentração.
No início de junho deste ano, a AdC abriu uma investigação aprofundada à compra do Portal47 por parte do Idealista por considerar que havia “sérias dúvidas” sobre se a transação iria criar entraves à concorrência no mercado português. “Suscita sérias dúvidas, à luz dos elementos recolhidos, e em atenção aos critérios definidos no artigo 41.º, quanto à sua compatibilidade com o critério estabelecido no n.º 3 do artigo 41.º do mesmo diploma, no que respeita ao(s) mercado(s) relevantes identificados”, argumentou a entidade.
A Kyero é uma plataforma online de anúncios classificados imobiliários, destinada a particulares que vivam na Alemanha, no Reino Unido e no norte da Europa e pretendam comprar ou arrendar um imóvel em determinados países do sul da Europa, mais precisamente em França, Itália, Portugal e Espanha.
Em Espanha, o Idealista também bateu com o pé contra a Comissão Nacional de Mercado e Concorrência (CNMC). Segundo o jornal Expansión, os compromissos exigidos pela autoridade espanhola “tornaram a transação inviável” após tentativas de negociação, durante vários meses, para tentar encontrar uma “solução razoável” que fosse ao encontro dos pedidos da CNMC.
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