Air France-KLM promete à TAP reforço no Brasil e parceria para os EUA campeã na rentabilidade

CEO do grupo franco-neerlandês admite incluir numa proposta pela compra da TAP o investimento numa operação de manutenção, a produção de combustíveis sustentáveis e uma base da Transavia.

A Air France foi pioneira no movimento de consolidação no setor com a aquisição da KLM, em 2004. Seguiu-se a aquisição de 19,9% da SAS no ano passado e agora a TAP pode tornar-se o terceiro alvo. Entre os principais trunfos que o grupo neerlandês tem para apresentar na privatização está a integração da companhia portuguesa numa das três grandes e rentáveis parcerias transatlânticas e o crescimento no Brasil.

“Todos os três grandes grupos têm extensas parcerias com companhias aéreas americanas”, apontou o CEO do grupo neerlandês durante uma conferência de imprensa com jornalistas portugueses, na sexta-feira. A Air France-KLM com a Delta, o grupo IAG (dono na British Airways ou Iberia) com a American Airlines e a Lufthansa com a United Airlines.

“Estas três parcerias são as componentes mais rentáveis dos três grupos europeus. Os voos intraeuropeus dão prejuízo e os transatlânticos são os mais lucrativos, afirmou Benjamin Smith.

Uma das grandes desvantagens que a TAP teve no passado foi, apesar de fazer parte da Star Alliance, nunca ter sido integrada numa ‘joint-venture’ transatlântica.

Benjamin Smith

CEO da Air France-KLM

Apesar de a TAP fazer parte da Star Alliance, tal como a Lufthansa e a United Airlines, nunca conseguiu entrar num acordo deste tipo. “Uma das grandes desvantagens que a TAP teve no passado foi, apesar de fazer parte da Star Alliance, nunca ter sido integrada numa joint-venture transatlântica. Isto tornou mais difícil aumentar a rentabilidade“, diz o CEO da Air France-KLM.

Benjamin Smith considera que a companhia portuguesa tem “aspirações legítimas” a entrar numa destas parcerias e acrescenta que os muitos slots (faixas horárias) que tem no saturado aeroporto de Lisboa “são uma das razões porque a TAP conseguiu manter-se viva”.

Benjamin Smith, CEO do grupo Air France-KLM.

Sinergias para reforçar TAP no Brasil

Há muito que a Air France-KLM vê na liderança da TAP nos voos entre a Europa e o Brasil, onde serve 14 destinos, o maior trunfo da companhia portuguesa. Benjamin Smith defende que com a integração no grupo neerlandês essa posição seria ainda mais reforçada.

A TAP já tem uma extensa rede de destinos no Brasil, mas não tem a força comercial de um grande grupo que está disponível para a integrar de forma completa na sua estrutura de gestão”, afirmou o CEO da Air France-KLM. “Este é o nosso desejo e fará parte da nossa proposta se decidirmos avançar com uma oferta”, garantiu.

Uma das grandes desvantagens que a TAP teve no passado foi, apesar de fazer parte da Star Alliance, nunca ter sido integrada numa ‘joint-venture’ transatlântica.

Benjamin Smith

CEO da Air France-KLM

O grupo franco-neerlandês voa para quatro destinos no Brasil, onde tem uma parceria exclusiva com a companhia aérea Gol. “Com a Gol, a Air France-KLM e a TAP, o desempenho será muito melhor com todas as sinergias“, permitindo concorrer com uma “oferta inigualável”, considerou. A TAP tem um também um acordo comercial com a brasileira Azul para os voos domésticos.

“Somos o segundo player para a América Latina. Se juntarmos a Air France-KLM com a TAP passaremos a ser o maior grupo a voar para a América Latina. Do ponto de vista da estratégia é positivo para a TAP”, acrescentou o gestor.

Manutenção e combustíveis sustentáveis

O caderno de encargos da TAP define a apresentação e um plano industrial como um critérios que vai pesar na avaliação dos candidatos. Nesse âmbito, será valorizada a proposta para o desenvolvimento do negócio de produção de combustível sustentável para a aviação, bem como de “serviços de manutenção e engenharia, nomeadamente de manutenção de componentes e motores, e promoção do investimento em instalações de manutenção”.

O CEO da Air France-KLM admite ir ao encontro daquelas pretensões. O “acesso a trabalhadores especializados e o preço tornam atrativa a perspetiva de fazer negócio em Portugal” na área da manutenção e engenharia, disse. Referiu também a produção de combustíveis sustentáveis (SAF) “em parceria com uma petrolífera”.

Benjamin Smith inclui ainda na equação a Transavia, a companhia low-cost do grupo, admitindo a instalação de uma base no Porto ou outra cidade para “melhorar a conectividade dos aeroportos secundários em Portugal”.

O reforço da conectividade da TAP é um dos aspetos salientados. O grupo refere que se a companhia aérea passaria a ter acesso a 102 novos destinos fora da Europa.

CEO da Air France-KLM vê risco no grupo IAG

O responsável pelo grupo franco-neerlandês teceu ainda comentários sobre um dos muito prováveis candidatos à privatização, o grupo IAG, dono da British Airways, Iberia, Aer Lingus, entre outras.

“Acho que é um risco elevado a IAG controlar a Iberia e 20% da Air Europa. Seria mais difícil fazer passar a aquisição da TAP na Comissão Europeia“, afirmou Benjamin Smith.

Pessoalmente acho que será difícil vender ao público português o facto de uma companhia parcialmente sedeada em Madrid ter uma posição relevante numa companhia portuguesa.

Benjamin Smith

CEO da Air France-KLM

“Pessoalmente acho que será difícil vender ao público português o facto de uma companhia parcialmente sedeada em Madrid ter uma posição relevante numa companhia portuguesa”, acrescentou.

Instado a comentar o possível interesse de uma companhia do Médio Oriente, Benjamin Smith admitiu que se isso acontecer poderá ser um concorrente difícil de bater. “Se o Estado do Qatar quiser investir em Portugal através da sua companhia aérea, seria muito difícil para nós competir com isso. O Qatar investiu na IAG, na Latam, se quisesse investir na TAP não me chocaria“.

O jornalista viajou a convite da Air France-KLM

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