Modelo base do Amália já foi entregue à FCT para “tomar os próximos passos”

  • Tiago Alexandre Pereira
  • 30 Setembro 2025

O modelo de IA português já se encontra na Fundação para a Ciência e Tecnologia. O projeto, financiado pelo PRR com 5,5 milhões de euros, deverá ter a versão final entregue em junho.

O modelo base do Amália já foi entregue à Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), permitindo que o LLM (Large Language Model) português de inteligência artificial (IA) venha a ser utilizado em breve por diversas instituições, explicou esta terça-feira o responsável que está a liderar o desenvolvimento do Amália.

“O projeto está a decorrer de acordo com o processo normal. A FCT, de forma responsável, tomará os próximos passos que considerar necessários para utilizar o modelo de forma segura e para disseminá-lo da melhor forma possível”, explicou João Magalhães, professor e investigador da Nova FCT, durante a apresentação técnica no campus da Nova FCT, na qual o ECO teve a oportunidade de testar o Amália.

O grande modelo de linguagem natural em português está a ser disponibilizado, numa versão API (Interface de Programação de Aplicações), através do IAedu, a plataforma que permitirá a universidades, escolas e serviços públicos explorar o modelo de forma adaptada às suas necessidades.

Esta quarta-feira, 1 de outubro, será também lançado o site oficial do Amália, que incluirá uma secção com perguntas e respostas frequentes sobre o projeto. Esta secção visa esclarecer dúvidas comuns de forma rápida e prática, poupando tempo tanto aos utilizadores como às equipas de suporte.

 

João Magalhães, professor e investigador da Nova FCTD.R.

 

“Não é possível fazer perguntas diretamente”

O modelo de IA português não possui uma interface de chatbot, como o popular ChatGPT, tal como o ECO noticiou no início de setembro. Em vez disso, foi projetado para ser integrado em aplicações próprias das instituições, oferecendo flexibilidade para criar agentes personalizados ou sistemas de apoio educativo.

“O Amália está disponibilizado hoje apenas na forma de API. Portanto, não há um interface de chatbot. Não é possível fazer perguntas diretamente”, explicou Artur Gaspar, responsável pela área de Sistemas de Informação Interna na FCT, acrescentando que a plataforma fornece “autenticação federada, permitindo que alunos, professores e investigadores acedam com credenciais institucionais”.

Isto significa que cada instituição que utilize o Amália para uma determinada finalidade recorrerá à API do modelo, mas terá de fornecer e gerir a sua própria base de dados para que o LLM possa gerar respostas precisas e contextualizadas.

Segundo Artur Gaspar, “a plataforma ainda se encontra em fase beta e conta já com 11 entidades aderentes, mas permite disponibilizar acima de tudo à comunidade da FCT, dos serviços digitais, o acesso à inteligência artificial de forma segura e de forma também responsável”.

O IAedu disponibiliza funcionalidades adicionais, como a criação de agentes especializados, que podem ser configurados por professores ou investigadores para responder sobre bases de conhecimento próprias. A plataforma é atualizada constantemente, garantindo que a comunidade tenha acesso aos últimos modelos de linguagem e ferramentas de IA.

O projeto envolve um consórcio de várias universidades, incluindo a Nova FCT, o Instituto Superior Técnico (IST), a Universidade de Coimbra, a Universidade do Minho e a Universidade do Porto, com “mais de 60 investigadores e alunos envolvidos”, segundo o professor João Magalhães. Está prevista, dentro de nove meses, a entrega da versão final e multimodal do Amália, acompanhada de um ambiente de programação que permitirá a adaptação do modelo a domínios específicos e fornecerá explicações técnicas sobre como utilizar o modelo para desenvolver as mais variadas aplicações.

A 11 de novembro, durante a abertura da Web Summit 2024 em Lisboa, o primeiro-ministro Luís Montenegro anunciou, de surpresa, que o Governo lançaria um LLM português “no primeiro trimestre de 2025”, destacando o objetivo de “inovar em português, preservando o nosso idioma e utilizando a nossa cultura ao serviço da inovação.”

O projeto Amália conta com um financiamento total de 5,5 milhões de euros, atribuído pelo Governo no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), para ser desenvolvido ao longo de 18 meses. Deste valor, 2,475 milhões foram destinados à Universidade Nova de Lisboa e 1 milhão ao Instituto Superior Técnico. As universidades do Porto, Minho e Coimbra recebem 375 mil euros cada, enquanto 900 mil euros serão executados diretamente pela FCT. A estes montantes juntam-se ainda sinergias provenientes de investimentos já realizados em Portugal, nomeadamente nos supercomputadores Deucalion e Mare Nostrum 5.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Modelo base do Amália já foi entregue à FCT para “tomar os próximos passos”

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião