“Nunca investimos tanto”. Novo edifício da Euronext no Porto permite crescer até “600 ou 700 pessoas”
Gestora de bolsas que controla a praça portuguesa fez um investimento "dispendioso" para se mudar para um novo edifício no centro da cidade, com capacidade para ter até 700 pessoas, mais 200 que hoje.
Em pouco mais de oito anos, o centro tecnológico e de serviços no Porto da Euronext, a gestora de bolsas que controla a praça portuguesa, cresceu de 70 para cerca de 500 colaboradores. Um crescimento que confirmou Portugal como a terceira maior localização em termos de trabalhadores do grupo e forçou uma mudança de instalações.
Do antigo edifício na Boavista, a Euronext mudou-se para um edifício histórico e totalmente remodelado no centro da cidade. A antiga Faculdade de Farmácia transformou-se para acolher terminais e monitores, onde funciona um dos centros de operações do gigante que domina a negociação na Europa. A crescer no Porto, em pessoas e operações, e com espaço disponível para mais 150 a 200 pessoas na nova morada, a Euronext admite encher o edifício.
“Em 2017, iniciámos operações no Porto com menos de 100 colaboradores. Hoje aproximamo-nos dos 500“, disse Stéphane Boujnah, CEO da Euronext, num discurso em português, para assinalar a inauguração das novas instalações do centro do grupo no Porto.
Perante uma audiência com vários representantes do mercado de capitais português, incluindo o presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Luís Laginha de Sousa, e a vice-presidente do Banco de Portugal, Clara Raposo, o ministro da Economia e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, e o presidente da Câmara do Porto, o líder da Euronext reforçou que “os anteriores escritórios se tornaram pequenos”.
“O nosso crescimento em Portugal é reflexo de um país com um ambiente muito favorável para a expansão do nosso projeto europeu“, assegurou.

Sem querer detalhar o valor do investimento, o líder da Euronext afiançou que a remodelação do edifício “foi um projeto dispendioso” e um dos maiores investimentos em imobiliário da Euronext.
“Nunca investimos tanto dinheiro”, acrescentou, assinalando que o grupo se mudou para um edifício com espaço para acolher mais 150 a 200 pessoas. E o objetivo é mesmo “continuar a crescer”.
“Podemos chegar às 600 ou 700 pessoas [no centro do Porto]”, garantiu. “O outro edifício estava sobrelotado. Levou-me cinco minutos a aprovar o projeto para virmos para aqui”, realçou, em conversa com os jornalistas.
Com este novo centro, Portugal torna-se a nossa terceira maior localização em colaboradores, reforçando a presença e o desenvolvimento da Euronext neste país.
“Com este novo centro, Portugal torna-se a nossa terceira maior localização em colaboradores, reforçando a presença e o desenvolvimento da Euronext neste país“, adiantou. A partir da Invicta o grupo desenvolve “um centro de competências pós-negociação com a Euronext Securities, que integra uma plataforma comum a quatro países, oferecendo serviços mais eficientes”.
“O Porto está a tornar-se cada vez mais importante em gerir funções centrais” para o grupo, explicou. “O centro que inauguramos hoje é um espaço de elevado valor acrescentado”.
A partir do centro de competências no Norte do País, a Euronext gere a Optiq [plataforma de negociação de todas as bolsas Euronext] , desenvolve serviços de infraestruturas, cibersegurança, tecnologia e suporte ao utilizador, pós-negociação, serviços corporativos, finanças, recursos humanos. O centro “é também a casa de projetos de inovação”, incluindo a equipa de inteligência artificial, que é liderada por talento português.
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Cerimónia de inauguração das novas instalações do centro tecnológico e de serviços da Euronext no Porto Ricardo Castelo -
Cerimónia de inauguração das novas instalações do centro tecnológico e de serviços da Euronext no Porto Ricardo Castelo -
Manuel Castro Almeida na cerimónia de inauguração das novas instalações da Euronext no Porto Ricardo Castelo -
Novas instalações da Euronext no Porto Ricardo Castelo -
Stéphane Boujnah, CEO Euronext, e Manuel Castro Almeida, ministro da Economia e Coesão Territorial, na inauguração das novas instalações da Euronext no Porto Ricardo Castelo -
Manuel Castro Almeida Ricardo Castelo -
Cerimónia de inauguração das novas instalações do centro tecnológico e de serviços da Euronext no Porto Ricardo Castelo -
Cerimónia de inauguração das novas instalações do centro tecnológico e de serviços da Euronext no Porto Ricardo Castelo -
Cerimónia de inauguração das novas instalações do centro tecnológico e de serviços da Euronext no Porto Ricardo Castelo -
Cerimónia de inauguração das novas instalações do centro tecnológico e de serviços da Euronext no Porto Ricardo Castelo
Na lista de motivos que levaram o líder do grupo, que está presente em 22 países, a escolher o Porto para sediar este centro, Stéphane Boujnah enumera várias razões. O talento – Portugal “produz mais talento do que pode absorver” – e o ecossistema da própria cidade, que tem como presidente Rui Moreira, fazem parte desta lista. Mas o responsável destaca dois nomes que foram determinantes em trazer este investimento para Portugal: Manuel Ferreira da Silva, o antigo quadro do BPI e atual presidente da Fundação de Serralves, e Manuel Bento, COO da Euronext.
“Nunca tivemos dúvidas que o Porto seria o nosso destino de crescimento em Portugal, por muitas e boas razões, mas sobretudo pela pool de talento a que temos acedido“, destacou Isabel Ucha, a presidente da Euronext Lisbon, que acompanhou o projeto desde o início. “Neste centro temos hoje uma equipa de quase 500 colaboradores, única na Europa, unida pela diversidade e integridade, ágil, enérgica, e que se dedica todos os dias para entregar valor”, salvaguarda.
Ucha defendeu ainda a integração da bolsa Portuguesa no Grupo Euronext, há cerca de 20 anos, como sendo “uma decisão estratégica para o mercado português”. Desde a integração, diz, “o peso dos investidores estrangeiros nas transações de empresas portuguesas, que no início era diminuto, aumentou para mais de 80%“.
“Os benefícios desta integração têm também sido transferidos para os nossos clientes: se nessa altura o custo médio por transação era de cerca de dois euros, é hoje, em média, pouco mais de 50 cêntimos”, acrescenta.
A presidente da bolsa lisboeta, que tem vindo a perder dinamismo nos últimos anos, com a saída de importantes empresas do mercado de capitais, notou que “o novo dinamismo em torno da União da Poupança e Investimento – que procura canalizar mais poupança europeia para investimento nas empresas europeias – é uma prioridade absoluta“, notando que a Euronext está a fazer o seu papel, mas os governos também têm de o fazer.
“Os governos precisam de agir, abordando questões estruturantes como os sistemas de pensões, os enquadramentos fiscais, a regulação e a simplificação regulatória, em articulação com as iniciativas da União Europeia”, atirou.
Mercado de capitais como alternativa para empresas e famílias
O ministro da Economia, Castro Almeida, aproveitou a presença no evento para realçar que “o mercado de capitais é uma fonte de financiamento que, uma vez aberta, permite às empresas recorrerem a ela com a frequência adequada ao seu ritmo de investimentos e às suas ambições”. Além disso, disse ainda, “o mercado de capitais está vocacionado para aplicar recursos em empresas inovadoras, as quais, muitas vezes, não têm acesso a outros tipos de financiamento”.

Castro Almeida alertou ainda para a importância do mercado de capitais na remuneração das poupanças, notando que “proporciona maiores remunerações às poupanças dos investidores, embora, como é óbvio, tenha um risco superior relevante em relação aos depósitos bancários“. “Esse risco, no entanto, é atualmente bastante bem avaliado, uma vez que o atual nível de regulação dos mercados europeus – e, particularmente, do mercado de valores mobiliários em Portugal, através da CMVM – tem hoje uma qualidade, uma sofisticação, um rigor que oferece aos cidadãos e aos investidores condições de transparência, de escrutínio e de confiança, indiscutivelmente melhores do que no passado”, apontou.
“Podemos hoje dizer que, quando as aplicações das poupanças e as fontes de financiamento são diversificadas, é a economia como um todo que ganha mais resiliência e uma maior capacidade de absorção de riscos”, reiterou, adiantando que o objetivo do Executivo “é que, melhorando os níveis de capitalização das empresas e apoiando a sua inovação, possamos atingir um patamar mais elevado no peso das nossas exportações no PIB. Temos de antecipar a meta, passando os 50% no final da legislatura”, concluiu.
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