BRANDS' ECO “O conceito de diversificação por classes de ativos faz cada vez mais sentido”

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  • 10 Outubro 2025

Entre juros altos, inflação persistente e incerteza política, os mercados mantêm-se voláteis. Para Henrique Tomé, analista da XTB, a diversificação é hoje essencial para os investidores.

A economia norte-americana tem mostrado uma surpreendente capacidade de resistência, mesmo num contexto de inflação persistente, taxas de juro elevadas e incerteza política. Entre riscos geopolíticos, desafios orçamentais e o peso da dívida pública, há também oportunidades que continuam a atrair investidores internacionais. Nesta conversa, analisamos o que está em jogo e o que esperar dos próximos meses nos mercados financeiros.

A economia dos EUA tem surpreendido pela resiliência, apesar da inflação persistir e das taxas de juro continuarem elevadas. Na sua perspetiva, quais são hoje os principais fatores de risco e oportunidade para os investidores internacionais?

Neste momento existem vários riscos, desde geopolíticos, tarifas e política monetária que permanece restritiva. No espetro geopolítico, continuamos com a incerteza no leste da Europa e embora a situação no Médio Oriente esteja mais estável, a verdade é que a situação com Israel parece bastante incerta.

A juntar a isto, temos a situação com as tarifas. O mercado tem relativizado as mais recentes, e os anúncios de Donald Trump que têm tido menos impacto. Ainda assim, se esta situação se agravar poderá efetivamente trazer novas pressões sobre os preços e voltarmos a ver os índices de inflação a subirem, visto que as empresas não tem capacidade para absorver os possíveis aumentos de custos – principalmente nesta fase em que a atividade económica pode sofrer alguns abrandamentos à escala mundial.

Não obstante, os maiores riscos continuam associados ao fato das taxas de juro estarem elevadas durante bastante tempo e que pode trazer consequências negativas para a economia. Já começámos a ver sinais claros que o emprego está a enfraquecer bastante e o fato da Fed continuar a apostar numa política monetária restritiva pode aumentar ainda mais os riscos económicos para os próximos tempos, visto que a Fed poderá estar a reagir de forma lenta comparativamente com os outros Bancos Centrais.

Por outro lado, abre aqui uma janela de oportunidades interessantes para os investidores que procuram ativos menos voláteis e diversificar os seus portfólios, através das obrigações do tesouro americano. Embora, os juros (cupão) pagos pelas obrigações possam diminuir, o potencial de recuperação no preço das obrigações poderá compensar esta diminuição na yield.

A não aprovação do orçamento norte-americano motivou um shutdown parcial da administração pública. Para lá do impacto interno, esta situação pode influenciar os mercados financeiros e a confiança dos investidores? Como?

Para já não há qualquer reação do mercado ao shutdown, embora no dia 1 de Outubro tenhamos visto ligeiras correções, os índices bolsistas acabaram por recuperar todas as perdas e chegaram até a atingir novos máximos históricos, em alguns casos.

Esta situação não é nova, já aconteceu durante o primeiro mandato de Donald Trump e várias vezes antes também. Olhando para trás, vemos que o S&P 500, por exemplo, acabou por dar sempre continuidade às subidas, embora o retorno médio ronde apenas os 1,7% após este tipo de evento.

O mercado acionista nos EUA tem registado máximos históricos, impulsionado sobretudo pelas tecnológicas. Até que ponto é que a incerteza política e orçamental pode travar esse ciclo positivo?

Não vemos qualquer tipo de relação neste momento. Apesar do setor tecnológico continuar a ser o principal impulsionador dos ganhos, começamos também a ver algumas mudanças interessantes. Por exemplo, a concentração nas Mag 7 parece estar a mudar este ano, há quem já chame as “New Magnificent”, como a Oracle, Broadcom e Palantir.

Henrique Tomé, analista da XTB

Além do défice elevado, há ainda um crescimento rápido da dívida pública norte-americana. Para os investidores, isto pode representar um risco sério a médio prazo ou o estatuto do dólar continua a funcionar como aposta segura?

Este é um dos motivos pelos quais Donald Trump tem apelado tanto à Reserva Federal americana para que baixe as taxas de juro, o refinanciamento da (gigante) dívida americana acontece este ano e o impacto dos juros elevados acaba por ser um fator penalizador e com consequências significativas.

Ainda assim, o papel do dólar no panorama internacional não deve mudar por causa destas questões. Mais de 80% das transações internacionais são realizadas com dólares americanos, e mesmo com o surgimento de algumas alternativas ao USD este continua a ser a preferência dos agentes económicos.

O mercado tem expectativas em relação a potenciais cortes de juros ainda este ano. De que forma é que a atual incerteza, entre orçamento, défice e crescimento económico, pode alterar o calendário da Reserva Federal?

Para já parece que são os dados do emprego e a inflação que realmente têm impacto na trajetória dos juros. A incerteza económica já existe desde 2022 (aproximadamente) e deverá continuar assim até que vejamos que é possível (ou não) atingir o cenário de soft-landing, ou seja baixar os juros novamente para níveis baixos sem comprometer a economia, evitando que entre em recessão.

Que conselhos deixaria a um investidor particular, em Portugal, que acompanha estes desenvolvimentos e se possa sentir apreensivo com a volatilidade vinda do outro lado do oceano?

Estes últimos anos têm sido caracterizados por momentos de grande volatilidade e este ano não tem sido exceção. O início do ano ficou marcado por fortes quedas nos ativos de risco devido às tarifas, mas o mercado acabou por estabilizar e recuperar, na maior parte dos casos. Ainda assim, é expectável que a volatilidade permaneça elevada devido aos vários fatores de risco que estão em cima da mesa neste momento. Portanto, diria que o conceito de diversificação por classes de ativos faz cada vez mais sentido, com isto não quero dizer que devemos eliminar exposição a setores mais voláteis, mas ter sim mais atenção ao nível de exposição dos portfólios evitando ter demasiada concentração em poucos setores ou setores que estejam muito vulneráveis a mudanças económicas.

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