Operação Marquês. Advogado de Sócrates renuncia ao mandato depois da reprimenda da juíza

Em causa está o facto de Pedro Delille ter chegado atrasado à sessão de quarta-feira da semana passada:"repudio e recuso participar, um minuto mais que seja, neste simulacro de julgamento".

Pedro Delille, renunciou ao mandato de advogado de José Sócrates no julgamento da Operação Marquês. Assim, o ex-primeiro-ministro fica agora com um advogado oficioso para assegurar a sua defesa.

Renuncio ao mandato por puras razões deontológicas”, disse Pedro Delille, num requerimento enviado ao tribunal. “Fiquei definitiva e absolutamente convencido, após o episódio de quinta-feira, que soma a tudo o resto oportunamente denunciado, de que continuar neste julgamento violenta de forma insuportável a minha consciência enquanto advogado, e a ética que me imponho, a minha integridade profissional e pessoal e a minha independência. Por isso, repudio e recuso participar e validar, um minuto mais que seja, neste simulacro de julgamento, neste julgamento ‘de brincar'”, diz o advogado.

José Sócrates já reagiu dizendo que “a hostilidade do tribunal para com o meu advogado chegou a um ponto insuportável para a sua dignidade profissional. Na passada quinta-feira, a propósito do depoimento da minha mãe, a senhora juíza dirigiu-se-lhe afirmando que ‘acabou a brincadeira’. Sem nenhuma razão: o meu advogado tinha delegado a minha representação noutro colega que, infelizmente, chegou atrasado à sessão de julgamento por razões que explicou detalhadamente ao tribunal. E, no entanto, a senhora juíza aproveitou a oportunidade para, mais uma vez, maltratar o meu advogado e prejudicar a minha defesa”, lê-se no comunicado enviado às redações.

Em causa está o facto de Pedro Delille ter chegado atrasado à sessão de quarta-feira passada, presumindo que iria começar mais tarde do que o agendado, tendo José Sócrates sido representado, durante cerca de meia hora, por uma advogada oficiosa na audiência. Para essa quarta-feira estava marcada a inquirição, enquanto testemunha, da mãe do antigo primeiro-ministro, que não compareceu, depois de, na quarta-feira à tarde, Pedro Delille ter apresentado um atestado médico no qual é referido que o estado de saúde da idosa, de 94 anos, não permite que esta se desloque a tribunal.

Segundo a presidente do coletivo de juízes, Susana Seca, o advogado justificou por telefone que estava atrasado porque presumiu que, face à apresentação do atestado, a sessão iria começar mais tarde. Já no julgamento, o causídico tentou explicar o atraso ao tribunal e apresentar um protesto, tendo sido impedido de o fazer pela magistrada.

“Acabou a brincadeira!”, gritou a magistrada no momento em que o advogado se exaltava, depois de repreendido por ter faltado injustificadamente à sessão, o que obrigou a que fosse chamada uma advogada oficiosa para representar o ex-primeiro-ministro.

“O senhor doutor estava notificado para comparecer às 9:30. Não compareceu porque sabia que a testemunha [mãe de Sócrates] não vinha. Apresentou um atestado, sem ter procuração para representar a testemunha”, constatou a juíza.

O advogado oficioso já se encontra na sala de audiências, mantendo-se a sessão agendada para esta terça-feira, destinada à audição de testemunhas.

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