Vendas de componentes automóveis vão voltar a descer em 2025
Estimativas da AFIA apontam para um volume de negócios de 14,2 mil milhões de euros no final deste ano. Exportações deverão ficar abaixo de 12 mil milhões, representando 85% do total de vendas.

O volume de negócios da indústria de componentes automóveis em Portugal deverá atingir, este ano, cerca de 14,2 mil milhões de euros, uma desaceleração de 1,4% face aos 14,4 mil milhões registados em 2024, antecipa a Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA). As exportações representam 85% das vendas totais e também deverão descer face aos números do ano passado, ficando abaixo dos 12 mil milhões de euros. É o segundo ano consecutivo de contração para a indústria nacional.
As exportações de componentes para a indústria automóvel, que em 2024 atingiram 12,2 mil milhões de euros, deverão baixar para 11,7 mil milhões. “A estimativa é que haja uma ligeira desaceleração”, assumiu Jorge Castro, vice-presidente da AFIA, numa apresentação no âmbito da 12.ª Automotive Industry Week, que termina esta quinta-feira em Vila Nova de Gaia.

Composto por 363 empresas, este setor que representa cerca de 12% do VAB (valor acrescentado produto) da indústria transformadora portuguesa e cerca de 15% das vendas portuguesas de bens transacionáveis ao exterior, tem vindo a ser pressionada pela quebra da procura por parte dos clientes da Europa.
O mercado europeu representa 88,3% das exportações portuguesas, com Espanha (28,2%), Alemanha (23,3%) e França (8,5%) a figurarem como os três principais mercados, segundo os números divulgados pela AFIA.
Já os EUA, que têm estado no centro das preocupações devido ao aumento das tarifas implementadas pela administração Trump, representam 4,9% das vendas ao exterior deste setor.
Apesar da desaceleração desta indústria nos dois últimos anos, a AFIA destaca que a atividade já está acima dos valores pré-pandemia. Enquanto o volume de negócios está 3,5% acima do valor registado em 2019, as exportações sobem 4,5% face ao mesmo período de referência.
Momento “é o mais difícil e complexo”
O setor automóvel está a atravessar um momento difícil, que, na opinião de Madalena Oliveira e Silva, presidente da AICEP, é talvez “o mais difícil e complexo” da história. “É uma questão de competitividade, mas tem todas as questões geoestratégicas que lhe estão associadas”, justifica.
A falar na conferência da AFIA, a presidente da AICEP reconhece que o setor automóvel “é uma das cadeias de valor mais importantes para Portugal”, admitindo as dificuldades que as empresas enfrentam, nomeadamente ao nível da regulação.
“No quadro regulatório em que nos movemos, parecem existir contradições. Por um lado queremos ser verdes, mas os custos para ser verdes não são suportados pela indústria, perdemos competitividade. Não conseguimos dar esse salto”, lamenta.
No que diz respeito à posição do setor na indústria portuguesa, Madalena Oliveira e Silva realça que “a situação estratégica do nosso país torna fácil e rápido o fornecimento de OEM da Ibéria e da França”. Já os custos logísticos para outros países europeus “tornam mais onerosos os nossos produtos”. Um custo que, diz, só “compensamos pela qualidade dos nossos trabalhadores e performance das nossas empresas”, destacando a aposta da Autoeuropa no país.
“O caso da Autoeuropa [que vai produzir o novo elétrico da Volkswagen] é paradigmático de como a excelência do trabalho da empresa conseguiu atrair um investimento que em termos de custos logísticos era mais favorável ser colocado noutro lado”, refere.
A responsável reforça a necessidade de “ter exponencialmente mais investimento em Investigação e Desenvolvimento”, mas “a regulamentação europeia é muito complexa e torna muito difícil o acesso rápido à comparticipação nacional desses projetos“, identificando “dificuldades regulatórias, não só a nível europeu, mas também nacional”.
A presidente da AICEP defende, assim, que é preciso “reformar estes processos regulatórios que afetam o investimento” e ser mais céleres. “Queremos que a lei seja feita de acordo com a necessidade da indústria”, remata.
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