Com a Inteligência Artificial, os “humanos vão passar a ser gestores de risco”
Ricardo Valente faz ligação entre Inteligência Artificial e redefinição de papéis do Estado, sublinhando que esta ferramenta vai "tornar o processo de decisão mais claro, transparente e auditável".
A Inteligência Artificial (IA) pode ser “uma mais-valia” em “processos previsíveis e repetíveis”, passando os humanos a serem “gestores de risco”. A ideia foi deixada esta sexta-feira por Ricardo Valente, professor na Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP) e na Porto Business School.
“A Inteligência Artificial vai tornar-se muito boa a tratar de tudo o que seja previsível e os humanos vão passar a ser gestores de risco”, ou seja, a “lidar com o que é imprevisível”, resumiu o economista durante uma intervenção na 10.ª edição da Fábrica 2030, uma conferência organizada pelo ECO na Fundação de Serralves, no Porto.
A Inteligência Artificial (IA) vai tornar-se muito boa a tratar de tudo o que seja previsível e os humanos vão passar a ser gestores de risco.
A título de exemplo, o antigo vereador da Câmara Municipal do Porto considerou que “a Justiça pode ser automatizada” e que essa automatização iria ajudar a “reduzir o tempo que a Justiça demora para tomar uma decisão”.
“A Justiça tem muitos processos que são previsíveis e repetíveis — e temos um grave problema [nesse setor] que não está relacionado com a decisão do juiz, mas sim com todo o trabalho que está por trás. Isso poderia ser perfeitamente automatizado”, argumentou Ricardo Valente.

Por outro lado, Ricardo Valente considerou que a Inteligência Artificial vem num momento muito importante de redefinição de papéis do Estado”, entendendo que esta ferramenta “vai tornar o processo de decisão mais claro, mais transparente e mais auditável”.
“A IA vai muito além da digitalização porque permite, se bem usada, que o Estado finalmente passe a ser um agente motor do ponto de vista da economia e de criação de riqueza”, sublinhou ainda o professor na Faculdade de Economia da Universidade do Porto.
O economista enumerou “três graves problemas” de Portugal: falta de produtividade, demografia e burocracia, considerando que a Inteligência Artificial pode ajudar a combatê-los se também houver “inteligência política”.
Apesar de todas estas vantagens da IA, realçou que existem desafios do ponto de vista do mercado de trabalho. “Num primeiro momento, a IA vai entrar muito rápido naquilo que são tarefas de rotina, processos muito fáceis de otimizar, o que vai dar origem à redução de postos de trabalho”, analisou, dando o exemplo da área logística.
“Tudo o que é rotina vai ser rapidamente substituído e vamos ter destruição de emprego a a curto prazo, completou o professor universitário Ricardo Valente.
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