COP 30. “A economia e o ambiente não andam a competir”, diz líder da delegação do Parlamento Europeu
Lídia Pereira é a primeira convidada do podcast Clima 3.0, no qual poderá acompanhar os temas que irão marcar a agenda da COP30.
- Este texto é escrito com base no podcast Clima 3.0, que trará aos leitores, diariamente e ao longo das duas semanas da COP, uma visão sobre os principais temas discutidos na COP30, numa série de 10 entrevistas a especialistas das diversas áreas em discussão. Neste episódio de introdução, Lídia Pereira explica o que está em causa, do ponto de vista da União Europeia.
A eurodeputada do PSD, Lídia Pereira, será uma das representantes da União Europeia a marcar presença na 30.ª Conferência das Partes (COP30), presidindo à delegação do Parlamento Europeu. Em conversa com o ECO/Capital Verde, no âmbito do podcast Clima 3.0, a eurodeputada esclarece a posição que a sua delegação traz à conferência climática, que tem início esta segunda-feira, em Belém, no Brasil.
“A economia e o ambiente não andam a competir. Há um business case para a complementaridade dos dois“, sublinha Lídia Pereira, ilustrando a visão que o Parlamento Europeu quer trazer a esta COP.
A mesma aponta a UE como exemplo, já que tem vindo a diminuir as respetivas emissões de dióxido de carbono ao mesmo tempo que cresce economicamente — apesar de, reconhece, não o fazer ao mesmo ritmo de outras economias. E acrescenta um reparo ao percurso que está a ser feito: “aquilo que continua a faltar, a meu ver, é as pessoas perceberem, nas suas carteiras, que de facto há efeitos positivos desta aposta e desta transição”.
Em resposta às críticas de que a UE tem vindo a diminuir a sua ambição ambiental, sobretudo no âmbito de pacotes de simplificação administrativa, a eurodeputada rejeita-as. Afirma que continua a existir um compromisso por parte das empresas com a transição e que só é possível avançar nas políticas públicas relacionadas com o ambiente se houver uma base de apoio popular, o qual passa também por organizações como as empresas.

Neste sentido, assume que o bloco europeu poderá continuar a assumir um papel de impulsionador das negociações. Questionada sobre se existem condições para avanços relevantes nesta COP, tendo em conta a geopolítica atual — marcada pelo afastamento dos Estados Unidos das negociações — a eurodeputada mostra-se otimista.
“Estas conferências são sempre espaços de diálogo. Podemos criticar, dizer que não era necessário, mas enquanto há diálogo, há esperança“, acredita. Além disso, apesar da maior economia do mundo se ter retirado do Acordo de Paris, rejeitando as metas climáticas acordadas em 2015 Lídia Pereira sublinha que há presença americana na COP, na figura de alguns senadores.
A eurodeputada diz-se ainda “curiosa” sobre o efeito que poderá ter nas negociações o facto de a China ter, recentemente, abdicado do estatuto de país em desenvolvimento. Isto porque, há várias COP que os europeus reivindicam que a China assuma mais responsabilidades em termos do financiamento a países em desenvolvimento, mais expostos aos efeitos das alterações climáticas.
O Parlamento Europeu tem, ao longo da conferência, a função de estar presente em várias reuniões e coordenar com as restantes instâncias europeias em termos da posição comum da UE, para que a Comissão Europeia, no caso o Comissário Wopke Hoekstra, juntamente com a Presidência do Conselho, possam atuar como negociadores.
Quanto à agenda da conferência, a eurodeputada critica que não esteja em discussão a segurança climática, referindo-se às situações de pressão em comunidades que depois procuram outros sítios para se refugiar e para viverem, como consequência do aquecimento global.
Desejos para a COP
Para a presidente da delegação do Parlamento Europeu, a COP30 poderia ser considerada bem sucedida caso se fechasse um compromisso com a reflorestação, acompanhado de “mais passos” no acordo, firmado o ano passado, que dita a criação de um mercado voluntário de carbono. Em paralelo, o Parlamento Europeu quer recuperar o objetivo de ditar a eliminação dos subsídios aos combustíveis fósseis.
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