Digi soma clientes em Portugal, mas custos são 68% superiores à receita
A celebrar um ano em Portugal, a nova operadora cresceu quase 5,5% no móvel e mais de 4% na internet fixa no terceiro trimestre, face ao anterior. Mas as receitas estão estagnadas.
- A Digi Portugal registou um crescimento de 5,48% no número de clientes móveis e 4,17% na internet fixa no terceiro trimestre, em comparação com o segundo, totalizando 443 mil clientes móveis e 150 mil de internet fixa.
- Apesar do aumento no número de clientes, a operadora continua sob pressão financeira, com as despesas operacionais de 88,2 milhões de euros a superarem as receitas de 52,5 milhões, à medida que vai tentando conquistar mais mercado.
- No terceiro trimestre, a receita média por utilizador caiu para 6,9 euros mensais, refletindo uma quebra em relação aos trimestres anteriores.
No mês em que completou um ano neste mercado, a Digi Portugal revelou esta sexta-feira, 14 de novembro, que o número de clientes móveis cresceu quase 5,5% no terceiro trimestre, enquanto os clientes de internet fixa aumentaram 4,17%. Mas as despesas da operadora continuaram a superar largamente as receitas. O CEO do grupo internacional que controla a empresa admitiu esta sexta-feira ter um “sentimento misto” sobre o mercado português, mas considerou ser “demasiado cedo” para tirar “grandes conclusões”.
Os resultados trimestrais agora revelados indicam que a Digi Portugal chegou ao final de setembro com 443 mil clientes móveis, 5,48% acima do trimestre anterior (+23 mil clientes em termos líquidos), e 150 clientes de internet fixa, um aumento de 4,17% em cadeia (+6 mil adições líquidas). A empresa herdou da antiga Nowo 270 mil clientes móveis e 130 mil fixos.
Focando o segmento fixo como um todo, o número de clientes no final de setembro foi de 370 mil, dos quais, além dos 150 mil com internet, 128 mil tinham televisão e 92 mil tinham telefone fixo. Neste último caso, uma tecnologia cada vez menos valorizada pelos consumidores, o número encolheu mais de 6% no terceiro trimestre em comparação com o segundo.
Número de clientes (em milhares) e receita média:
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Cliente médio rende menos de sete euros por mês
Financeiramente, à medida que a Digi continuou a implementar as suas redes móvel e fixa no continente, a aumentar a sua presença comercial física e a tentar conquistar mais mercado, os nove meses até setembro mostram receitas de 52,5 milhões e despesas operacionais de 88,2 milhões. Os gastos da operação são, por isso, 68% superiores às receitas.
Concretamente no terceiro trimestre, as receitas subiram 1,73% face ao segundo trimestre, para 17,6 milhões de euros — valor que, ainda assim, fica abaixo dos 17,7 milhões que obteve no primeiro trimestre. As despesas trimestrais entre julho e setembro foram de 29,4 milhões, um alívio em cadeia de 9,26%.
Numa reunião via Zoom realizada esta sexta-feira à tarde para apresentar os resultados trimestrais, a empresa acrescentou que a operação em Portugal gerou um EBITDA negativo de 110 milhões de euros. EBITDA significa lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações — neste caso, um prejuízo operacional.
Receitas versus despesas (milhões de euros):
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A empresa, que se faz valer no mercado pelos preços mais baixos do que os praticados pelas operadoras já estabelecidas, incluindo as suas marcas low-cost, registou ainda uma quebra trimestral na receita média gerada por utilizador. Esta é agora de 6,9 euros mensais, abaixo dos 7,1 euros do trimestre anterior e dos 7,7 euros do primeiro trimestre. Por outras palavras, um cliente médio rende à Digi menos de sete euros por mês.
Em 2021, o grupo romeno que detém a Digi investiu mais de 67 milhões de euros na compra de licenças para explorar o 5G em Portugal. Em agosto de 2024, a empresa adquiriu a Nowo, ex-Cabovisão, por 150 milhões de euros. Estreou-se no mercado meses depois, no dia 4 de novembro de 2024.
(Notícia atualizada às 14h51 com valor do EBITDA)
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