Fed forçada a “decisões complexas” vai descer juros em dezembro e mais duas vezes em 2026, diz Amundi

Amundi avisa que qualquer ameaça à independência da Fed seria encarado como "algo inesperado e de grande magnitude". Gestora antecipa cenário otimista, mas avisa que há muitos riscos.

ECO Fast
  • Jerome Powell enfrenta desafios significativos à frente da Reserva Federal dos EUA, com a Amundi a prever cortes nas taxas de juros em dezembro e mais duas vezes em 2026, refletindo a necessidade de decisões complexas em um cenário econômico incerto.
  • A Amundi projeta um crescimento moderadamente otimista do PIB dos EUA em 2026, de 1,9%, e do PIB global de 3%, mas alerta para riscos de queda, com uma probabilidade de 30% de um cenário mais pessimista.
  • A gestora de ativos recomenda diversificação nos portefólios dos investidores para mitigar riscos, especialmente em um ambiente de incerteza, e sugere cautela em relação às grandes capitalizações norte-americanas, enquanto observa a evolução do mercado de tecnologia.
Pontos-chave gerados por IA, com edição jornalística.

Jerome Powell, presidente da Reserva Federal dos EUA, não tem tido um mandato nada fácil à frente do banco central norte-americano, sobretudo desde que Donald Trump chegou à Casa Branca. E os próximos meses prometem manter-se desafiantes, forçando o banco central a “decisões difíceis”, antecipa a Amundi, que vê a entidade a descer a taxa dos fundos federais em dezembro e mais duas vezes em 2026.

Depois de ter repetido, em outubro, um corte de 25 pontos base, reduzindo a taxa dos fundos federais para um intervalo entre 3,75% e 4%, Powell avisou que o corte de dezembro não é certo, mas a Amundi acredita que a entidade vai mesmo voltar a baixar as taxas, em 25 pontos base. Na apresentação do outlook para 2026, Monica Defend, “head of investment institute & chief strategist” da Amundi, adiantou que, além da mexida antes do final do ano, a Fed deverá cortar taxas por mais duas vezes, novamente em 25 pontos base de cada vez, em 2026.

“A Fed deve manter uma abordagem gradual à redução [de juros]”, por causa do abrandamento no mercado laboral. A responsável antecipa aquilo que qualifica como “decisões complexas“, com a autoridade monetária confrontada com a necessidade de proteger o mercado laboral e, por outro lado, conter a pressões inflacionistas.

Monica Defend avisa que as ameaças à independência da Fed podem resultar em maior inflação e volatilidade do dólar. “O risco de inflação é algo que vamos acompanhar mais de perto” em 2026″, alerta a responsável. “Qualquer mudança na governança ou na independência da Fed seria algo inesperado e de grande magnitude, porque, embora esteja na mente de muitas pessoas, ainda não é levada a sério”, avisa Vincent Mortier, CIO da gestora, numa apresentação virtual a jornalistas.

Vincent Mortier destaca que a estimativa da Amundi aponta para que as treasuries a 10 anos negoceiem em torno de 4%. Caso se afastem desse valor, o responsável identifica espaço para medidas por parte da Fed para conter os juros, admitindo que seja retomada a compra de dívida por parte do banco central.

Já na Europa, a gestora de ativos aponta também para dois cortes adicionais em 2026. “Antecipamos que o BCE alivie a política monetária para além do que o mercado atualmente espera, para 1,5% até meados de 2026”, refere o outlook partilhado.

Cenário base é positivo, mas riscos são muitos

Partindo de um cenário central moderadamente otimista, que aponta para um crescimento de 1,9% do PIB dos EUA em 2026 e do PIB global de 3%, a gestora de ativos afasta um cenário de recessão, embora projete um ano com muita incerteza, o que está refletido nas suas previsões. Desde logo, Monica Defend destaca que o cenário central da Amundi para 2026 é moderadamente otimista, assumindo uma probabilidade de 60%, uma percentagem que, diz, “não é assim tão alta”, o que permite “enfatizar os riscos de queda”, com o cenário mais pessimista, que atribui uma possibilidade de queda, a surgir com uma probabilidade de 30%.

“A economia está a adaptar-se a um novo regime de ‘desordem controlada’. A transformação impulsionada pela tecnologia, o estímulo orçamental e a política industrial estão a manter a atividade dinâmica e a conduzir ao surgimento de novos vencedores”, defende Monica Defend.

Em termos de ativos, Vincent Mortier defende que diversificação é a palavra de ordem, para fazer face a mercados concentrados e avaliações elevadas. “Os portefólios dos investidores devem reequilibrar-se entre estilos, setores, dimensões e regiões para mitigar riscos e captar oportunidades, nomeadamente nos mercados emergentes e em ativos europeus”, com a Amundi mais cautelosa para as grandes capitalizações norte-americanas. “Não podemos sair deste mercado [das mega cap], mas vamos fazer alguma cobertura de riscos“, admite.

Questionado sobre se há uma bolha nas gigantes tecnológicas ligadas à Inteligência Artificial, após sucessivos recordes nos últimos meses, o CIO da Amundi diz que “só sabemos que estamos numa bolha quando ela rebenta“. O especialista afasta uma queda abrupta, antecipando antes que se os resultados derem sinais de quebra, o “mercado vai reajustar-se” aos poucos. “Não vai cair para níveis de 2009”, refere, acrescentando que timing de antecipar esta correção é difícil de prever. “Podemos esperar alguns choques como aconteceu no passado“, remata.

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