Galp perde nove milhões do PRR ao adiar estações de abastecimento de hidrogénio

Redução de 9,16 milhões na agenda mobilizadora é explicada pela “suspensão do projeto de construção de estações de abastecimento de hidrogénio, por inexistência previsível de procura" até 2026.

ECO Fast
  • A Petrogal reprogramou a sua agenda Moving2Neutrality, reduzindo o número de produtos e serviços de seis para dois, devido à suspensão do projeto de construção de estações de abastecimento de hidrogénio, refletindo desafios na transição energética.
  • O apoio do PRR para a agenda passou a ser de 63,76 milhões de euros, uma diminuição de 9,16 milhões, enquanto a Galp continua a desenvolver um projeto de hidrogénio verde em Sines, com a expectativa de produzir até 15 mil toneladas anualmente.
  • Apesar da redução na construção de estações de hidrogénio, a incorporação deste gás nos combustíveis tradicionais poderá contribuir para a diminuição das emissões, enquanto a Galp investe na produção de biocombustíveis avançados para atender à crescente demanda do mercado.
Pontos-chave gerados por IA, com edição jornalística.

Das 52 agendas mobilizadoras do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), 37 pediram para ser reprogramadas, mas apenas uma reviu em baixa o número de produtos e serviços que se propõem entregar: a Petrogal. A agenda Moving2Neutrality deixou cair seis produtos e serviços, comprometendo-se a concluir apenas dois. Em causa está a suspensão do projeto de construção de estações de abastecimento de hidrogénio.

A agenda que pretende responder ao desafio da transição energética nos transportes produzindo combustíveis sustentáveis vai passar a contar com um apoio do PRR de 63,76 milhões de euros, ou seja, menos 9,16 milhões face ao previsto inicialmente, quando a ambição era desenvolver 13 projetos de I&D&I potenciando a constituição de clusters de conhecimento em tecnologias de baixo carbono, através do consórcio sediado no Green Energy Park em Sines, aproveitando as “condições endógenas da região para se tornar um hub de produção de energia verde”.

A redução de 9,16 milhões de euros na agenda é explicada pela “suspensão do projeto de construção de estações de abastecimento de hidrogénio, por inexistência previsível de procura que o viabilize dentro dos calendários do programa”, avançou ao ECO fonte oficial da Galp. Não existem ainda modelos de automóveis movidos 100% a hidrogénio à venda em Portugal e por isso a estações seriam um investimento extemporâneo.

“Os restantes prosseguem de acordo com o plano, com ajustes meramente pontuais”, acrescentou a mesma fonte.

Os restantes investimentos consistem no projeto industrial de 100 MW de hidrogénio verde em Sines que ronda os 250 milhões de euros na qual deverão começar a ser montados dez eletrolisadores em dezembro. A expectativa da Galp é que a unidade comece a produzir hidrogénio verde em meados do próximo ano e tenha capacidade de produzir, anualmente, até 15 mil toneladas de hidrogénio verde por ano, utilizando eletricidade renovável e água industrial reciclada.

Projeto industrial de 100 MW de hidrogénio verde em Sines para a produção de hidrogénio verde. Estado dos trabalhos em setembro deste ano.

Este hidrogénio vai ser incorporado nos combustíveis rodoviários tradicionais, sem que exista um limite como acontece presentemente com os biocombustíveis atuais que, por serem fabricados a partir de gorduras, têm um limite de incorporação de 10% definido pelos fabricantes (acima disso pode comprometer o desempenho do motor dos carros). Agora, o hidrogénio verde, por ter uma composição idêntica ao gasóleo, pode ser usado sem restrições – exceto a do preço, já que é muito mais caro.

A agenda Moving2Neutrality previa “uma poupança de 952 mil toneladas de gases com efeito de estufa e a criação de entre 500 a 600 postos de trabalho (diretos e indiretos)”, antecipava a Galp. Mas, embora a redução não ocorra através das estações de abastecimento de hidrogénio, a incorporação deste gás nos combustíveis irá ajudar a reduzir as emissões de quem não tem carro elétrico.

Por outro lado, a Galp está a construir uma unidade de produção de biocombustíveis avançados (HVO) e combustível sustentável para aviação (SAF), semelhante à que a Prio tinha previsto construir, mas que acabou por cair e ditar a redução de ambição da sua agenda mobilizadora em cerca de 76 milhões de euros, tal como o ECO escreveu.

A Galp deverá alternar entre a produção de HVO e SAF consoante o que for mais atrativo produzir em determinado momento, já que as matérias-primas são as mesmas, tal como o ECO já escreveu. Para já, a produção de SAF apresenta-se mais competitiva, com as maiores margens, até porque existe um mercado criado pela obrigatoriedade comunitária de incorporar 2% de SAF combustível para aviação.

Esta unidade de eletrólise irá absorver parte do hidrogénio verde produzido na estrutura em construção ao lado.

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