“Pacto de não agressão”, limite de 600 mil soldados e renúncia à adesão à NATO. O que prevê o plano de paz para a Ucrânia?
Proposta de 28 pontos apresentada pelos EUA também inclui a cedência de Donetsk e Lugansk à Rússia, bem como o reconhecimento destas duas regiões e da Crimeia como russas, inclusive por Washington.
O plano de paz apresentado pelos Estados Unidos prevê um “pacto de não agressão” entre Rússia, Ucrânia e Europa, garantias de segurança para Kiev e a divisão de Kherson e Zaporijia na atual linha da frente. Ainda segundo o plano, Kiev deve ceder as regiões de Donetsk e Lugansk, no leste do país, à Rússia.
Estas duas regiões, reivindicadas por Moscovo, e a Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, seriam “reconhecidas de facto como russas, incluindo pelos Estados Unidos”, segundo o plano.
De acordo com o plano de 28 pontos, outras duas regiões do sul seriam divididas ao longo da atual linha da frente de combate, Kherson e Zaporijia.
O plano estipula ainda que o Exército ucraniano ficaria limitado a 600 mil soldados, que a NATO se comprometeria a não estacionar tropas na Ucrânia, mas que os caças europeus estariam baseados na Polónia.
O plano de paz apoiado pelos norte-americanos prevê a assinatura de um “pacto de não agressão” entre a Rússia, a Ucrânia e a Europa.
Kiev renunciaria à adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês), outra exigência importante da Rússia, mas seria elegível para se tornar membro da União Europeia.
Se a Rússia invadisse novamente a Ucrânia, enfrentaria, de acordo com este projeto de plano, uma resposta militar coordenada e estaria novamente sujeita a sanções internacionais.
A proposta de 28 pontos, consultada pela agência France-Presse (AFP), inclui “garantias de segurança” para a Ucrânia, cujos detalhes não são especificados, e um plano de reconstrução.
O plano estipula que os esforços de reconstrução liderados pelos EUA serão financiados com 100 mil milhões de dólares provenientes de ativos russos atualmente congelados.
A central nuclear de Zaporijia seria reativada sob a supervisão da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), sendo a sua produção de eletricidade igualmente dividida entre a Ucrânia e a Rússia.
A presidência ucraniana confirmou hoje ter recebido o que classificou como um “plano preliminar” dos Estados Unidos para pôr fim à guerra com a Rússia, depois de na quarta-feira ter sido noticiado por vários órgãos de informação internacionais, incluindo o portal de notícias norte-americano Axios, uma proposta de 28 pontos de Washington, que implica a cedência do território ucraniano ocupado pela Rússia.
Volodymyr Zelensky vincou na quinta-feira que a Ucrânia precisa de “uma paz digna”, que respeite a soberania, independência e dignidade do povo ucraniano. O Presidente ucraniano vincou que planeia discutir o assunto “nos próximos dias” com o seu homólogo norte-americano, Donald Trump.
Um alto responsável em Kiev lamentou, mais cedo nesse dia, que as propostas de paz tivessem sido preparadas pela Rússia e aprovadas pelos norte-americanos, sublinhando que o que Moscovo deveria fazer em troca era incerto, noticiou a AFP.
A alta representante para os Negócios Estrangeiros da União Europeia rejeitou na quinta-feira qualquer plano que não tenha o acordo da Ucrânia, enquanto país invadido, e a participação europeia, recordando a Washington que, neste conflito, “há um claro agressor e uma vítima”.
Kaja Kallas disse, antes do início de uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27, em Bruxelas, que o encontro iria debruçar-se sobre as “notícias recentes”.
Em Washington, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou na quinta-feira que o plano de paz proposto pelos Estados Unidos é bom “tanto para a Rússia, como para a Ucrânia”.
“O Presidente (Donald Trump) apoia este plano. É um bom plano tanto para a Rússia como para a Ucrânia, e nós pensamos que é aceitável para ambas as partes”, disse Leavitt aos jornalistas, em resposta às informações de que o plano satisfaria Moscovo em vários pontos importantes.
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