BRANDS' ECOSEGUROS Open Insurance em Portugal: Oportunidades, Desafios e Caminhos para a Transformação
Bruno Valentim, Diretor da NTT DATA Portugal, explica como o Open Insurance promete transformar o setor segurador, promovendo transparência, inovação e experiências centradas no cliente.
A digitalização do setor financeiro tem vindo a transformar profundamente a forma como os consumidores interagem com produtos e serviços, e o universo segurador não é exceção. O conceito de Open Insurance, que promove a partilha segura de dados entre seguradoras, mediadores e outros prestadores autorizados, está a abrir caminho a um novo modelo de transparência, personalização e eficiência. Tal como já aconteceu na banca, esta mudança promete redefinir a relação entre clientes e seguradoras.
Num setor tradicionalmente marcado por processos complexos e pouca flexibilidade, a inovação tecnológica surge como uma oportunidade clara para simplificar experiências. A integração de dados, a automatização de processos e as novas ferramentas digitais permitem criar soluções mais ajustadas às necessidades reais das pessoas e das empresas, reforçando a confiança e reduzindo barreiras no acesso a produtos de proteção.
Mas esta transformação vai além da tecnologia: exige também uma mudança cultural dentro das seguradoras. Colocar o cliente no centro, compreendendo comportamentos, necessidades e expectativas, tornou-se essencial para construir produtos mais relevantes e serviços mais ágeis. É neste contexto de evolução digital, abertura de dados e foco no consumidor que Bruno Valentim, Diretor da NTT DATA Portugal, partilha a sua visão sobre o presente e futuro das seguradoras.
Quando falamos de ‘open insurance’, como definem internamente este conceito na NTT DATA? O que muda, na sua opinião, face ao modelo clássico de seguros?O Open Insurance é muito mais do que uma transformação tecnológica, é uma mudança de paradigma que redefine a forma como o setor segurador cria valor. Baseia-se na partilha segura de dados entre seguradoras, distribuidores, insurtechs e terceiros autorizados, através de APIs – tecnologias de ligação –, sempre com o consentimento do cliente. Inspirado no conceito de Open Banking, o regulador pretende promover transparência, inovação e personalização dos serviços. Ao contrário do modelo tradicional, onde os dados permanecem fechados em cada seguradora, o Open Insurance permite que diferentes entidades acedam a essa informação para desenvolver soluções e propostas mais ajustadas às necessidades dos consumidores. Esta abordagem fomenta maior concorrência, deve melhorar a experiência do cliente e acelerar a evolução do setor, criando oportunidades para novos modelos de negócio e parcerias que complementam a oferta tradicional.
Que oportunidades concretas traz o ´open insurance´ para o mercado português e que riscos ainda é preciso mitigar?Ao permitir a partilha segura de dados entre seguradoras e terceiros, incluindo parceiros de outros setores como retalho, saúde ou mobilidade, abre caminho para novas parcerias estratégicas, exploração de áreas de negócio e criação de receitas adicionais. Este modelo promove a personalização de produtos, maior eficiência na gestão de apólices e sinistros e inovação nos canais de distribuição. Espera-se, por exemplo, que os consumidores possam comparar múltiplas ofertas em tempo real e que processos de sinistros passem de dias para horas ou minutos, dependendo da complexidade.
Prevê-se também um forte incremento dos modelos B2B, com destaque para seguros integrados em plataformas de terceiros, como marketplaces ou serviços digitais, tornando a contratação mais fluida e integrada na experiência do cliente.
Contudo, persistem desafios: adaptação tecnológica, interoperabilidade, proteção de dados sensíveis, resistência à mudança e conformidade com a futura regulamentação europeia FiDA, que estende o conceito de Open Banking ao Open Finance, com foco no Open Insurance.
Tanto a ASF como a APS têm acompanhado esta evolução e já manifestaram interesse em explorar esta transformação em Portugal, reforçando a importância do mercado nacional se adaptar a este novo enquadramento legal e competitivo, garantindo sempre segurança e transparência.

Defender uma inovação “colaborativa e centrada no consumidor” implica mudanças profundas nas seguradoras. Internamente, exige modernização tecnológica – desde a atualização dos sistemas core à criação de APIs abertas e à integração de IA nos processos –, maior interoperabilidade e uma cultura orientada para colaboração, aprendizagem e adaptação contínua. Este modelo incentiva parcerias não só com insurtechs e fintechs, mas também com setores como mobilidade, saúde ou retalho, criando um ecossistema aberto onde muitas soluções resultam de cocriação, acelerando a inovação.
Na relação com o cliente, o Open Insurance estabelece um novo padrão de transparência e controlo de dados: o consumidor passa a decidir que informações partilha e com quem, garantindo confiança e segurança. Este deixa de ser um mero destinatário de produtos padronizados e assume um papel central, beneficiando de ofertas mais personalizadas, competitivas e ajustadas ao seu perfil real. Experiências digitais integradas – como gerir todos os seguros numa única app ou receber várias propostas em tempo real – tornam-se a norma. No fundo, evolui-se para um modelo mais próximo, flexível e colaborativo, onde todos os intervenientes ganham em eficiência, confiança e valor acrescentado.
No horizonte de 5-10 anos, que cenários antevê para as seguradoras que não conseguirem evoluir para modelos mais centrados no cliente ou mais tecnológicos?Num horizonte de 5 a 10 anos, as seguradoras que não evoluírem para modelos mais centrados no cliente ou tecnologicamente avançados correm o risco de perder relevância e quota de mercado. A crescente digitalização e a abertura dos dados vão favorecer operadores mais ágeis, inovadores e colaborativos. Empresas que mantiverem estruturas rígidas e processos tradicionais poderão enfrentar dificuldades em atrair e reter clientes, perder oportunidades de parceria com outros setores e ver a sua rentabilidade condicionada. Além disso, poderão ter maior dificuldade em cumprir as novas exigências regulatórias, como as previstas no futuro enquadramento europeu para o Open Finance.
Como é que a NTT DATA está a ajudar as seguradoras portuguesas (ou internacionais) a adaptarem-se a esses novos modelos — pode partilhar algum caso prático, ou alguma iniciativa?Como consultora global de negócio e tecnologia, a NTT DATA trabalha com algumas das maiores seguradoras nacionais e internacionais em três áreas-chave. Na vertente estratégica, ajudamos a repensar modelos de negócio, canais e parcerias, alinhando-os às novas expectativas do consumidor e às exigências regulatórias. Incorporamos a voz do cliente e insights para desenhar jornadas digitais e experiências centradas no consumidor, garantindo que a inovação gera valor real e vantagem competitiva sustentável.
Em gestão da mudança, promovemos a transformação cultural e organizacional, garantindo que as equipas adotam formas de trabalhar ágeis, novos modelos digitais e colaborativos com confiança. Na transformação tecnológica, criamos ou revemos arquiteturas de sistemas para maior agilidade, escalabilidade e segurança, com performance otimizada e inteligência artificial embutida por design. Implementamos APIs abertas, interoperabilidade e soluções que suportam Open Insurance e ecossistemas digitais.
O que nos diferencia são consultores especializados no setor segurador, com experiência em estratégia, transformação organizacional e tecnológica, assim como na implementação prática destas iniciativas, assegurando resultados consistentes e acelerados.
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