Vodafone pede mais tempo ao Governo para cumprir metas de cobertura do 5G
Empresa diz ter feito um alerta "junto do Governo" para os riscos da nova conjuntura nos prazos e custos da implementação da rede 5G. Equipamentos são mais caros e demoram a chegar.
A Vodafone fez um alerta “junto do Governo” para os “riscos associados a prazos e custos” na implementação do 5G, disse ao ECO fonte oficial da empresa. As operadoras têm metas de cobertura para cumprir em 2023 e 2025, mas a invasão da Ucrânia pela Rússia alterou a conjuntura macroeconómica. Não só os equipamentos estão mais caros como demoram a chegar, e os custos da energia não param de subir. Em alguns casos a espera pode alcançar seis meses.
O alerta já tinha sido feito pelo CEO da Vodafone no congresso anual da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC). Mário Vaz explicou que a implementação do 5G tem agora custos mais elevados do que há um ano e avisou que as empresas podem “não conseguir cumprir” as obrigações de cobertura impostas pelo Executivo.
Quase um mês depois, a guerra continua sem fim à vista e a inflação mantém-se acelerada. Fonte oficial da Vodafone diz ao ECO que tem tentado sensibilizar o Governo para estas preocupações.
“Na APDC, o CEO da Vodafone fez um alerta, uma vez que as condições macro mudaram de forma muito expressiva e por isso há riscos associados a prazos e custos. O alerta já foi feito também junto do Governo, ainda que reconheçamos que os tempos são de incerteza e por isso, nesta fase, só temos de estar alertados e preparados para eventuais consequências, caso os piores cenários se confirmem”, afirma a operadora. “Isso não significa que a Vodafone não esteja a trabalhar de forma árdua e empenhada em fazer chegar o 5G aos portugueses”, acrescenta.
Além da Vodafone, também a Meo admite haver risco de incumprimento das metas. Numa reação a esta notícia, fonte oficial diz que “a Altice Portugal está, naturalmente, atenta à conjuntura nacional e internacional, que está a provocar constrangimentos logísticos e económicos que, se não forem ultrapassados a breve prazo, poderão colocar em causa o cumprimento das obrigações de cobertura e o plano de investimento das empresas”. O ECO também tinha questionado a Nos sobre este assunto, mas não recebeu resposta até ao fecho deste artigo.
Face a estas informações, o ECO contactou fonte oficial do Ministério das Infraestruturas e Habitação para esclarecer se a dilatação das obrigações de cobertura à luz da guerra na Ucrânia é uma hipótese em cima da mesa. Também não foi possível obter resposta até à publicação desta notícia.
Contudo, as preces da Vodafone podem não convencer o Governo. Em agosto do ano passado, em pleno leilão do 5G, fonte oficial do Ministério elevou a fasquia à Anacom e às operadoras, lembrando que, apesar dos atrasos evidentes, as metas de cobertura não seriam alteradas: “É expectativa do Governo que todos os intervenientes no leilão (participantes e regulador) tenham presente a necessidade de cumprir estas metas, que se mantêm, independentemente da duração do leilão”, disse fonte da Secretaria de Estado das Comunicações. Nessa altura, porém, a conjuntura macroeconómica era diferente.
Nos termos do leilão do 5G, as operadoras com licenças de quinta geração ficam obrigadas “a uma cobertura de 95% da população total do país e a uma cobertura de 90% da população de cada uma das freguesias consideradas de baixa densidade, de cada uma das freguesias das Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores e de cada uma das freguesias que integram municípios com freguesias de baixa densidade”, explicou o Governo no fim do leilão, em outubro. As metas em causa “foram definidas até 2025, com metas intermédias até ao final de 2023 e 2024”.
(Notícia atualizada em 15 de junho, às 15h52, com reação da Altice Portugal)
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