Grupo Casais quer que construção não seja o “patinho feio” da transição ambiental

  • Lusa
  • 20 Julho 2022

António Carlos Rodrigues lembra que a construção vem em terceiro nos setores mais poluentes, depois do setor da energia e do setor da mobilidade.

O presidente executivo do grupo Casais, António Carlos Rodrigues, disse esta quarta-feira à Lusa que não deseja que o setor da construção civil seja o “patinho feio” na transição ambiental, ficando atrás das transformações na energia e nos transportes. “De repente, eu diria que vamos ser o ‘patinho feio’ no meio disto tudo. Eu não gostaria de ter apontado o dedo como apontaram, nos últimos anos, às empresas de petróleo”, disse o responsável à Lusa.

O grupo Casais apresentou em Braga a sua estratégia ESG (compromissos ambientais, sociais e de governação corporativa) e o relatório de sustentabilidade. À Lusa, António Carlos Rodrigues lembrou que dos “setores mais poluentes em termos de emissões com gases de efeito de estufa para a atmosfera, em primeiro está o setor da energia, em segundo vem o setor da mobilidade e em terceiro vem a construção“.

“O que nos preocupa a nós Casais, e diria ao setor, mas acho que o setor ainda não despertou na totalidade, é que na energia estão-se a fazer investimentos massivos há mais de uma década na introdução das energias renováveis”, caracterizou. Quanto aos transportes, vê-se “uma curva aceleradíssima de transição do motor de combustão para o motor elétrico”, segundo o gestor. “De repente vamos ver estes dois que estão à nossa frente desaparecer da nossa frente“, antecipou à Lusa. O líder da Casais acrescentou ainda que a construção civil é a indústria que “‘per se’ mais altera o meio ambiente”.

“Se nós não existíssemos, o meio ambiente estaria como estava há milénios. Mas porque as pessoas precisam de bens, de hospitais, de casas, nós alterámos esse meio ambiente”, caracterizou, frisando agora a necessidade de o fazer “de uma forma consciente”. No âmbito das mudanças em curso no setor, o responsável do grupo disse que já mudou “o modelo de negócio”, já que desde 2019 em “quase todas” as obras “o interior é feito com sistemas construtivos que foram pensados para a economia circular”.

“Foram pensadas para a utilização, e nós já fizemos isso, em que podemos daqui a três, quatro, cinco, 10 anos, desmontar e voltar a montar noutro local, sem perder qualquer utilidade ou qualidade do material que foi usado desde início”, disse António Carlos Rodrigues.

Quanto a projetos futuros e, por exemplo, aos novos requisitos ambientais dos projetos cofinanciados por fundos europeus como o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), António Carlos Rodrigues salientou que “resultam também de um trabalho de longa data”. “Nós participamos em alguns grupos de trabalho e temos vindo a assistir a algumas dessas discussões, que já têm anos”, o que permitiu à empresa “percecionar que o caminho estava a ser este”.

António Carlos Rodrigues salientou ainda a atual “procura maior por mais unidades industriais” no Norte, alargando a sua análise a todo o país, mas vendo também “a Europa a funcionar como Europa” na dimensão do mercado interno. “Aquilo que foram bloqueios na aposta na ferrovia, eu acho que esses bloqueios vão desaparecer, porque de facto nós precisamos dos nossos portos, das nossas fábricas para incrementar o negócio de fornecimento interno à Europa com produto feito e produzido cá em Portugal”, frisou.

“Essa é a oportunidade e o Norte, sendo por natureza uma região industrial, acho que é aquilo que pode fazer a diferença”, concluiu. Hoje, o grupo de construção civil assinou também “a adesão do grupo ao GRACE – Empresas Responsáveis, uma associação empresarial de utilidade pública, sem fins lucrativos, que atua nas áreas da responsabilidade social e sustentabilidade”.

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