Exclusivo Acionistas da ECS ganham mais de 20 milhões com venda à DK

Fundo Davidson Kempner vai pagar mais de 20 milhões pela sociedade gestora ECS Capital, de Fernando Esmeraldo e António de Sousa, no âmbito do negócio com os fundos de reestruturação da banca.

Os acionistas da ECS Capital vão receber mais de 20 milhões de euros pela venda da sociedade gestora aos americanos da Davidson Kempner, no âmbito do chamado “Projeto Crow”, de acordo com as informações recolhidas pelo ECO junto de duas fontes próximas do processo.

Além dos fundos de reestruturação e outros ativos hoteleiros, o fundo de private equity dos EUA também vai adquirir a sociedade gestora fundada em 2006 por Fernando Esmeraldo e António de Sousa, antigo governador do Banco de Portugal, e da qual são ainda hoje acionistas.

Depois de vários meses de negociações, o acordo entre os bancos e uma entidade chamada Corvus Acquisitions – criada no início do ano pela Davidson Kempner, com sede na Irlanda – está fechado desde o passado dia 12 de agosto, prevendo-se o closing ainda este ano em relação àquele que será o maior negócio imobiliário de 2023 em Portugal, assim que a operação tiver as autorizações necessárias, segundo anunciam os bancos.

O fundo americano vai comprar a ECS por cerca de 850 milhões de euros, segundo avançou o Jornal Económico. Porém, do montante que vai pagar pelo negócio, entre 20 milhões e 30 milhões vão para os acionistas da própria sociedade gestora, atualmente liderada por Gonçalo Batalha, e que foi agora uma das selecionadas pelo Banco Português de Fomento (BPF) para injetar 500 milhões nas PME e “midcaps” até 2025.

Ao ficar com a sociedade gestora, a Davidson Kempner assegura a equipa que esteve a gerir os ativos imobiliários nos últimos anos e que conhece os dossiês. Já os acionistas da ECS recebem aquele valor pela venda da sociedade, mas abdicam das comissões de gestão dos fundos que iam receber até à maturidade dos fundos.

Contactados pelo ECO, nem a ECS nem os bancos com mais exposição aos fundos – Caixa Geral de Depósitos, BCP e Novobanco – quiseram comentar.

Banca “reorganiza” ativos antes de fechar venda

Apesar da dimensão do negócio, os bancos – também o Santander e a Oitante estão expostos à ECS – divulgaram pouca informação sobre o impacto da transação nas suas contas até ao momento.

Apenas o Novobanco revelou em agosto que os ativos a serem vendidos – as participações no Fundo Recuperação Turismo (FRT), Fundo de Capital de Risco e FLIT, bem como alguns outros ativos atualmente detidos por Fundo Recuperação – representam 40% da sua exposição a fundos de reestruturação, sendo que a operação vai permitir ao banco melhorar os rácios, apesar do “impacto neutro” nos resultados.

A Caixa ainda não revela qual o impacto do negócio porque subsistem “efeitos potenciais associados à operação que não são passíveis de quantificar com total fiabilidade” até ao momento, segundo diz no relatório e contas do semestre divulgado recentemente.

Ainda assim, o banco público explica que a implementação do chamado “Projeto Crow” envolve uma “reorganização dos ativos” que tem de ser levada a cabo antes do closing e incluirá a retirada de alguns ativos detidos indiretamente pelos fundos FLIT e FRT do perímetro da transação (carve-out), enquanto o FLIT adquire alguns ativos ao Fundo de Recuperação (carve-in).

Em relação aos ativos imobiliários, que ficam de fora do negócio, serão repartidos entre os bancos, existindo um ativo turístico que será transferido para um fundo imobiliário detido pelas cinco instituições, de acordo com o Jornal Económico.

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