“Estamos confiantes de que entraremos em 2023 mais preparados do que nunca”, diz Nuno Sá Carvalho

Nuno Sá Carvalho, managing partner da Cuatrecasas, defende que 2022, apesar do contexto “desafiante” e “propício ao abrandamento do investimento”, acabou por se revelar excelente para a atividade do escritório.

Mesmo que as áreas mais transacionais se ressintam em 2023 com algum abrandamento no investimento, o líder da Cuatrecasas mostrou-se confiante de que isso não será determinante para os resultados globais da atividade da firma.

Que balanço faz do ano de 2022?

Após 2020 e 2021 e de todas as incertezas que resultaram da pandemia, entrámos em 2022 já numa fase de maior confiança, embora moderada, e de crescimento económico. No entanto, este contexto alterou-se rapidamente após a invasão russa à Ucrânia, altura em que se tornou evidente que além das consequências da pandemia, enfrentaríamos novas consequências económicas, designadamente ao nível dos preços das matérias-primas e dos combustíveis, o que viria a originar um ciclo de inflação generalizada e aumento das taxas de juros. Apesar deste contexto desafiante e propício ao abrandamento do investimento, o ano de 2022 acabou por se revelar excelente para a nossa atividade. É difícil explicar este desfecho positivo, que seguramente será o resultado de vários fatores. O que é certo é que, por um lado, os nossos clientes, apesar das incertezas quanto à evolução da economia e à relativa imprevisibilidade das políticas a implementar pelos governos, não recuaram relativamente aos investimentos em curso e, por outro lado, quer os nossos profissionais, quer a firma enquanto instituição, souberam adaptar-se às novas circunstâncias e aos novos modelos de organização do trabalho pós pandemia, assegurando níveis de produtividade e de rentabilidade alinhados com as nossas expectativas.

Quais são as expectativas para o setor da advocacia em 2023?

O cenário socioeconómico para 2023 continua envolto num conjunto de incertezas que recomendam alguma cautela. Acompanhamos a preocupação dos nossos clientes, que partilhamos, quanto à evolução da economia, admitindo que desta possa resultar um abrandamento do investimento e provavelmente uma recessão económica. No entanto, acreditamos que ainda existem muitos fundos disponíveis de investidores institucionais de várias geografias, com muito interesse em Portugal, em vários setores como o imobiliário, turismo, energia, infraestruturas, etc., o que poderá originar novo investimento e algum dinamismo na atividade. Acresce que, como constatámos em 2022, a nossa atividade tem revelado uma enorme resiliência, adaptando-se às circunstâncias do mercado e às necessidades dos nossos clientes. Finalmente, estamos também confiantes de que entraremos em 2023 mais preparados do que nunca para enfrentar estes desafios. Além de estarmos agora totalmente adaptados às funcionalidades da nova sede, desenhada para ser um espaço essencialmente digital e ao modelo de trabalho híbrido implementado no final de 2021, desde o dia 1 de janeiro, reforçamos a nossa equipa, com o conjunto de sócios e profissionais da SLCM, confiando que a qualidade da equipa que resultará da integração em muito contribuirá para a nossa capacidade para enfrentar as incertezas de 2023.

E em termos de volume de negócios do escritório?

Ainda que o cenário macroeconómico apresente grandes incertezas, a que Portugal não é imune, temos a experiência de outras situações de crise em que o eventual abrandamento em alguns setores foi compensado pela exigência de outros. Assim, mesmo que as áreas mais transacionais se ressintam com algum abrandamento no investimento, estamos confiantes de que isso não será determinante para os resultados globais da nossa atividade. Por outro lado, estamos convencidos que a operação realizada com a SLCM irá muito além de uma mera soma de resultados, e gerará uma exponenciação dos recursos e, consequentemente, dos resultados da Cuatrecasas.