Simoldes vai entrar no piloto da semana de quatro dias em 2023

É a primeira empresa que já publicamente manifestou o interesse em participar no piloto da semana mais curta de trabalho. Piloto vai decorrer na divisão de plásticos.

A Simoldes é uma das empresas que vai participar no piloto da semana de quatro dias que o Governo está a promover para 2023, revelou Paulo Bastos, diretor de recursos humanos do grupo Simoldes, no webinar “E agora 2023? O que esperar do mercado de trabalho”, realizado pela Pessoas. É a primeira empresa que já publicamente manifestou o interesse em participar no piloto da semana mais curta de trabalho. O grupo está ainda a prever fazer aumentos acima da inflação para os quadros com menores qualificações no próximo ano.

“A Simoldes é uma das empresas que se vai associar a este projeto (da semana de quatro dias) numa tentativa de perceber se é o caminho ou não. Acreditamos que em determinadas funções vai ser possível, queremos ser pioneiros e dar oportunidade às pessoas de participar neste estudo e vamos avaliar. Não vamos decidir por antecipação, a decisão será tomada na devida altura, mas temos todo o gosto, estamos abertos, em participar neste estudo”, adiantou Paulo Bastos, diretor de recursos humanos do grupo português, durante o webinar.

Assista aqui ao webinar “E agora 2023? O que esperar do mercado de trabalho”, que contou ainda com a participação de Ana Rita Lopes, DRH do Grupo Nabeiro, e Marco Arroz, national senior manager de recrutamento e seleção especializado da Multipessoal.

Piloto arranca na divisão de plásticos

Esta é uma das iniciativas que o grupo português tem em cima da mesa para o 2023 de modo a responder aos profissionais da companhia ao nível de compensação e benefícios. “No grupo de pessoas com maior nível de qualificação, vamos ter de trabalhar outras matérias que não sejam o salário, desde o aumento do número de dias em teletrabalho, desde a concentração de horários”, disse ainda o DRH.

“O Grupo Simoldes, a esta data, já adotou o regime de prestação de trabalho em teletrabalho em todas as funções compatíveis com o mesmo, num regime híbrido, nos termos da legislação e da regulamentação interna em vigor. Bem assim temos em implementação o regime da flexibilidade do horário de trabalho (em funções aplicáveis)”, clarifica Paulo Bastos, à Pessoas.

A Simoldes é uma das empresas que se vai associar a este projeto (da semana de quatro dias) numa tentativa de perceber se é o caminho ou não. Acreditamos que em determinadas funções vai ser possível, queremos ser pioneiros e dar oportunidade às pessoas de participar neste estudo e vamos avaliar. Não vamos decidir por antecipação, a decisão será tomada na devida altura, mas temos todo o gosto, estamos abertos, em participar neste estudo.

Paulo Bastos

Direção de Recursos Humanos do grupo Simoldes

Participar no piloto da semana de quatro dias é outra das iniciativas para 2023. “Vamos trabalhar num estudo, que vai ser piloto, na redução do horário de trabalho que vamos fazer ao nível dos administrativos para percecionar quais os níveis de rentabilidade que se mantém neste tipo de funções diminuindo ou concentrando a carga horária, para que as pessoas tenham de se deslocar menos para a empresa e, de alguma forma, poupem e ganhem e se sintam mais motivados para conciliar a vida pessoal com a vida profissional”, refere ainda o DRH durante o webinar.

“Vamos trabalhando nestas matérias, como a questão do aumento de férias, que não é propriamente salário, dinheiro, mas vamos ter de dar algo às pessoas para que sintam mais motivadas e compensadas”, acrescenta.

No caso do piloto da semana de quatro dias, “move-nos a possibilidade de proporcionar aos nossos colaboradores um estado de equilíbrio em que estes possam priorizar igualmente a sua atividade profissional e a respetiva vida pessoal, promovendo-se o tão falado Life Work Balance, sempre na expectativa e pressuposto de, uma vez promovendo e aumentando a motivação dos nossos colaboradores, se aumente, bem assim, a nossa produtividade”, justifica o DRH à Pessoas.

O piloto abrange as empresas da Divisão de Plásticos do grupo sediadas em Portugal. “Iremos iniciar este projeto abrangendo as empresas da Divisão Plásticos sediadas em Portugal e essencialmente em áreas administrativas, tais como Recursos Humanos, Qualidade, R&I, Engenharia, F&A, Compras , IT e Controlling/Costing, num total previsto de 30/40 pessoas a identificar em cada uma dessas áreas”, clarifica Paulo Bastos.

“Estamos a considerar implementar o regime piloto em duas formas, de forma a avaliar qual a mais válida para os efeitos pretendidos, designadamente, a concentração das 40 horas semanais em quatro dias sem perda de rendimento e, igualmente, a redução de horas ao PNT semanal sem perda de rendimento”, descreve ainda.

Já no grupo de colaboradores com menores qualificações e salários mais baixos a estratégia passa pelo aumento de salários acima da inflação. “A parte dos trabalhadores menos qualificados, com níveis de salários mais baixos, a Simoldes vai ter a preocupação, é esse o princípio da nossa administração, de dar valores salariais acima da inflação”, para garantir que “possam fazer face à subida de inflação vivida por todos”, assegura o responsável.

“Serão cerca de 600 a 700 colaboradores a abranger pela medida prevista de aumento do vencimento em valor igual ou superior à inflação, mas em valor ainda a definir“, adiantou o DRH à Pessoas.

Para 2023, o Governo está a prever no Orçamento do Estado uma inflação de 4%.

Piloto semana de quatro dias arranca em junho

Presente em todo o mundo com cerca de 6.500 colaboradores, dos quais cerca de 3.250 em Portugal, a Simoldes é a primeira empresa que publicamente já manifestou o interesse em participar no piloto da semana mais curta promovido pelo Governo.

Com duração de seis meses, o piloto tem arranque previsto para junho, estando o Executivo a promover, até 20 janeiro, sessões de esclarecimento junto das empresas que já podem sinalizar o seu interesse em participar.

“Estamos à procura de empresas em todos os setores. Desde empresas no setor das tecnologias, que sabem que, para contratar os melhores, têm de oferecer mais do que um bom salário, até restaurantes, onde a rotação de trabalhadores e os constantes problemas de recrutamento têm levado a uma perda de clientes e tornado o dia a dia insustentável. Estamos à procura de fábricas, que tenham grandes problemas de absentismo, e empresas de consultoria ou de outros serviços que achem importante os trabalhadores voltarem para o escritório, mas compreendem que o trabalho não pode voltar a ser como antes da pandemia”, diz Pedro Gomes, o economista e professor da Universidade de Londres que vai coordenar o projeto-piloto, num vídeo publicado no YouTube.

As empresas interessadas podem preencher o formulário de inscrição disponível no site do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP).

Apesar do impacto positivo ao nível de produtividade em vários pilotos – caso da Islândia e do Reino Unido, onde, a meio do piloto, mais de metade das empresas participantes já manifestou que pretende manter esse modelo de trabalho após o fim do piloto – e do interesse gerado junto dos trabalhadores, em Portugal as organizações que representam o patronato não se mostram interessadas.

Um recente inquérito da Associação Empresarial de Portugal (APE) diz mesmo que para mais de metade dos empresários considera “nada vantajoso” os vários cenários de implementação de uma semana mais curta de trabalho, mesmo aqueles que admitem um corte salarial de 10% e um apoio financeiro do Estado para apoiar a transição para o novo modelo. A grande maioria (71%) prevê um impacto negativo sobretudo ao nível dos lucros.

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