Exclusivo Recebem até 120.000 euros por ano. Estas são as 10 profissões mais bem pagas em Portugal em 2023
Um diretor-geral na área da engenharia e indústria recebe entre 110.000 e 120.000 euros brutos por ano (entre 7.857 e 8.571 euros por mês), o que faz destes profissionais os mais bem pagos no país.
Nos últimos anos, as áreas de engenharia e indústria, muito impactadas pela evolução tecnológica, têm revelado uma necessidade evidente (e urgente) de contratar profissionais altamente qualificados. E os salários têm vindo a aumentar. Um diretor-geral na área da engenharia e indústria pode facilmente alcançar os 120 mil euros brutos por ano, o que corresponde a um salário mensal de mais de 8.570 euros. Será a profissão mais bem remunerada em Portugal em 2023, seguindo-se o engenheiro naval e marítimo e o diretor de compras, revela o levantamento das dez profissões mais bem pagas do país em 2023, fornecido pelo ManpowerGroup à Pessoas. Os DRH ocupam o Top 5 das profissões mais bem remuneradas.
“A necessidade a nível de acompanhamento de competências e mercado está ainda mais presente em cargos de liderança, como é o caso do de diretor-geral na área da engenharia e indústria, que aliam a atualização constante a um elevado nível de experiência. É este contexto que justifica a inflação no seu vencimento anual”, começa por explicar Vitor Antunes, managing director da Manpower.
“A isto alia-se ainda o facto de sermos um país com elevadas competências técnicas em áreas como engenharia e tecnologia, devido a um grande investimento no âmbito académico, o que atrai empresas internacionais a estabelecerem as suas operações. A procura por profissionais locais que possam assumir cargos de liderança vê-se, assim, reforçada, já que, mesmo registando salários acima da média, estes são mais competitivos, face aos de outros países”, continua.
Já o engenheiro naval e marítimo tem vindo a ganhar terreno, ocupando, agora, o segundo lugar do pódio das profissões mais bem pagas, com um salário bruto anual entre os 100.000 e os 120.000 euros (entre 7.143 e 8.570 euros por mês). De acordo com a definição da Ordem dos Engenheiros, os domínios de intervenção dos engenheiros navais e marítimos são bastante abrangentes, incluindo o projeto, a construção, a modificação, a reparação, a manutenção e desmantelamento de navios, embarcações e estruturas flutuantes, mas também a gestão técnica, comercial e da manutenção, ou ainda a gestão e planeamento de operações marítimas e da interface marítimo-portuária.
“Em Portugal, esta profissão tem uma importância ainda mais significativa, potenciada pela relação natural do país com o mar. A sua localização posiciona-o como um interposto logístico importante e uma via preferencial de trocas marítimas. Às condições naturais do país, junta-se a conjuntura económica e política, que favorecem esta atividade, bem como o desenvolvimento crescente de atividades ligadas à ‘Economia Azul’, e em particular ao desenvolvimento das energias renováveis marinhas, e que irão potenciar a procura destes profissionais”, comenta o responsável.
No entanto, Vítor Antunes recorda que esta é uma função com um “elevado grau de complexidade e especificidade”, desde logo as competências humanas requisitadas, com forte mindset para safety first e resolução de problemas, até às técnicas, como os conhecimentos ao nível da arquitetura naval, estabilidade, manobrabilidade e sistemas de amarração.
“É, ainda, uma função desafiante a nível do work-life balance, ao exigir, na maioria dos casos, a permanência offshore por longos períodos de tempo em regimes de trabalho rotacionais, fatores que elevam as dificuldades na atração destes talentos bem como o seu nível salarial elevado”, justifica.
O pódio fica completo com o diretor de compras, cujo salário bruto anual varia entre os 100.000 e os 110.000 euros (o que corresponde a um salário bruto mensal de 7.143 e 7.857 euros, respetivamente). Responsável por planear, dirigir e controlar as compras da organização, no que respeita à sua maquinaria, equipamento e materiais, de acordo com as suas políticas e necessidades, este profissional orienta processos como a contratação de novos fornecedores e as estratégias de negociação para conseguir as melhores condições em prazos de entrega, formas de pagamento, entre outros fatores. Fazem parte ainda das suas funções a monitorização das principais métricas funcionais para reduzir despesas e melhorar a eficiência da empresa.
“Este é um profissional com uma elevada importância na organização. Além da experiência exigida na otimização da rentabilidade através do processo de compras, precisam de ter competências como uma grande capacidade de resolução de problemas, resiliência, capacidade de negociação e de comunicação, além de foco na gestão financeira da empresa”, detalha o managing director da Manpower.
Fora do pódio, mas no Top 5
Embora fora do pódio, no quarto lugar, o salário anual do chief information officer/ chief technology officer varia entre os 95.000 e os 120.000 euros brutos, o que significa que alguns destes profissionais podem mesmo ganhar tanto (ou mais) quanto um diretor-geral na área da engenharia e indústria.
“A transformação digital tem-se tornado uma prioridade para a maioria das empresas, independentemente da sua dimensão, acelerada pela crescente digitalização de negócios e pelos novos modelos de consumo e de trabalho. É perante este contexto que se reforça a importância dos cargos de chief information officer e de chief technology officer”, comenta Pedro Amorim, corporate clients director do ManpowerGroup e managing director da Experis Portugal.
Responsáveis pelas iniciativas e estratégia no domínio das tecnologias de informação, estes profissionais supervisionam os sistemas informáticos necessários para suportar os objetivos da organização e fomentar a ligação entre a direção da empresa e a equipa de colaboradores da área tecnológica. Além de formação em Tecnologia da Informação, necessitam, normalmente, de “conhecimento nas áreas de estratégia, liderança e gestão, bem como ter uma elevada capacidade de trabalho em equipa”. A isto, alia-se a capacidade de acompanhar tendências e evoluções do setor tecnológico, garantindo que a sua organização está a mais atualizada possível.
“A crescente procura por tipo de profissionais, associada à escassez de perfis com o seu nível de especialização, tem levado a um aumento dos salários”, explica ainda Pedro Amorim.
A transformação digital tem-se tornado uma prioridade para a maioria das empresas, independentemente da sua dimensão, acelerada pela crescente digitalização de negócios e pelos novos modelos de consumo e de trabalho. É perante este contexto que se reforça a importância dos cargos de chief information officer e de chief technology officer.
Empatados, a partilhar o quinto lugar, estão os diretores de centros de serviços partilhados e os diretores de recursos humanos, cujos salários começam nos 90.000 euros e podem alcançar os 110.000 euros brutos por ano.
No caso dos primeiros, responsáveis por assegurar a correta implementação e execução das funções de suporte e serviço que são prestadas às diferentes estruturas do grupo empresarial, são privilegiados candidatos com um “claro foco na disciplina operacional, bem como na eficiência e na experiência ao cliente”.
“Este é um perfil exigente e específico cuja procura está a aumentar, em particular na região norte, onde há uma maior concentração destes centros, tornando assim mais desafiante encontrar o profissional certo para esta posição”, destaca.
“A implementação de centros de serviços partilhados é cada vez mais uma realidade em Portugal. As condições oferecidas pelo país, tais como a nossa localização geográfica, a qualidade da nossa infraestrutura tecnológica, as oportunidades no mercado imobiliário e o elevado conhecimento de línguas e apetência por novas tecnologias do talento local, têm posicionado Portugal de forma diferencial face a outras geografias”, acrescenta o corporate clients director do ManpowerGroup e managing director da Experis Portugal.
Veja aqui a lista completa das dez profissões mais bem pagas em 2023:
Já no caso do diretor de recursos humanos — cujas funções passam pela definição da estratégia de talento, a gestão da performance, a entrega de talento e o compliance, e que, frequentemente, acumulam também as áreas de comunicação interna e cultura, bem como a assessoria e coaching ao senior leadership da empresa — “é pedido a estes profissionais um cada vez maior foco na inovação na gestão do talento, no desenvolvimento das competências e na criação de uma cultura geradora de compromisso e assente em valores com os quais os trabalhadores se identificam”, afirma Vítor Antunes.
Estes perfis devem ter uma grande dimensão humana e também algumas das competências mais procuradas no mercado, como a resiliência e adaptabilidade, a capacidade de inovação, e o trabalho em equipa e colaboração, skills que vêm impulsionar o seu nível de remuneração.
Profissões que fecham o Top 10
No sétimo lugar da tabela está o diretor industrial, responsável pela gestão de uma central de produção e pelo controlo de todas as suas operações e que recebe um salário bruto anual entre os 80 mil e os 90 mil euros.
“Trabalha com foco na garantia da qualidade das operações, na manutenção da fábrica, bem como na gestão das pessoas. Perante estas responsabilidades, a profissão exige competências que vão muito além dos conhecimentos técnicos relacionados com a operação. Entre estas, destaca-se a gestão de pessoas e de equipa, a capacidade de liderança e o pensamento estratégico. A isto, alia-se a disciplina, e organização, sem esquecer a exigente formação que o profissional deve ter na área da engenharia”, explica o managing director da Manpower.
Face à evolução tecnológica, que tem impactado também a área industrial, as empresas procuram ainda que estes profissionais adquiram continuamente novos conhecimentos, para acompanhar a transição do setor. “Isto exige o investimento constante em formação, o que vem valorizar a capacidade de negociação do profissional no momento de definir o seu salário com o empregador”, alerta.
A área da construção civil também figura neste ranking, graças ao diretor de obra, que ocupa a oitava posição, e cujo vencimento bruto anual está entre os 70.000 e os 75.000 euros. É o responsável por todo o projeto e assegura a sua execução, de acordo com as normais legais. Para o exercício da função, o profissional deve ter uma formação em Engenharia Civil, bem como uma longa experiência no terreno, capacitando-o para gerir todo o processo, profissionais e eventuais obstáculos”, aclara o gestor.
O seu patamar salarial tem vindo a ser potenciado devido ao crescimento da procura por estes profissionais nos últimos anos. “A isto, alia-se ainda a elevada responsabilidade que assume e a própria exigência da função, tanto física como a nível de equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, já que chega a ter de se ausentar durante longos períodos para a localização onde ocorre o projeto, com uma dedicação quase total ao trabalho.”
Voltando ao setor tecnológico — que, este ano, ao contrário do que tem acontecido nos levantamentos anteriores, não é tão expressiva no ranking — o head of cybersecurity segue-se na lista, com um salário que varia entre os 60.000 e os 80.000 euros brutos anuais.
“Durante todo o ano de 2022, os ciberataques tornaram-se uma realidade para as organizações, independentemente do setor ou dimensão, sendo este um paradigma que não se espera que venha a abrandar em 2023. O crescente risco e probabilidade de ocorrência destes ataques vem assim justificar o aumento da procura por profissionais que sejam capazes de prevenir e resolver estas ameaças, bem como de orientar toda a organização em matéria de cibersegurança”, contextualiza Pedro Amorim.
“Especialistas nesta área estão, hoje, entre os profissionais mais procurados no setor tecnológico e, por isso, mais bem remunerados, com a oferta a ainda não acompanhar as ambições de recrutamento. Sendo esta uma área em que o investimento das empresas é recente, a maioria das organizações está ainda a começar a formar as suas equipas, sendo, por isso, lógica a aposta em profissionais mais experientes, que possam gerir outros colaboradores dedicados à segurança dos sistemas e que se venham depois a juntar à equipa.”
Especialistas nesta área estão, hoje, entre os profissionais mais procurados no setor tecnológico e, por isso, mais bem remunerados, com a oferta a ainda não acompanhar as ambições de recrutamento. Sendo esta uma área em que o investimento das empresas é recente, a maioria das organizações está ainda a começar a formar as suas equipas, sendo, por isso, lógica a aposta em profissionais mais experientes, que possam gerir outros colaboradores dedicados à segurança dos sistemas e que se venham depois a juntar à equipa.
A fechar o Top 10 está o e-commerce manager, com um salário que começa nos 60.000 euros e pode ir até aos 65.000 euros ilíquidos por ano. Com um forte crescimento comércio eletrónico e, consequentemente, das necessidades de talentos para as funções que lhe estão associadas, este profissional tem beneficiado do próprio contexto. À medida que as empresas transitam para este novo canal, fazendo aumentar a procura por um conjunto de competências específicas, os salários praticamos têm vindo a crescer.
“O e-commerce permite às empresas ampliar a sua oferta de canais, e melhorar a experiência do consumidor ao trazer maior facilidade e rapidez ao processo de compra. À frente destas plataformas, é necessário um profissional que se responsabilize pela sua gestão e desenvolvimento, definindo a estratégia de negócio por forma a potenciar as vendas e a rentabilidade deste canal. O e-commerce manager deve ter fortes capacidades analíticas, uma profunda compreensão da gestão de produtos em comércio eletrónico, conhecimentos de analítica web e otimização de tráfego, gestão de projetos e roadmaps de evolução de produtos tecnológicos, segurança de dados e de transações, entre outros”, esclarece Pedro Amorim.
Escassez faz aumentar vencimentos. Mas salários não acompanham inflação
Estando a escassez de talento tendencialmente relacionada com os intervalos salariais praticados pelas empresas, aplica-se neste ranking a lei da oferta e da procura, sendo que quando a oferta é menor, os salários tendem a subir. Em Portugal, 85% dos empregadores assumem que têm dificuldade em recrutar, de acordo com os dados do “Talent Shortage”, realizado pelo ManpowerGroup.
O estudo avança ainda que esta escassez é sentida nos onze setores analisados, sendo que entre os que apresentam maior dificuldade em recrutar encontram-se o comércio grossista e retalhista, que engloba também as atividades logísticas, com 87%, e a indústria, com um valor de 86%. A estes junta-se ainda o setor das tecnologias da informação, telecomunicações, comunicação e media, bem como o da construção, com 84% dos empregadores a relatar a mesma dificuldade.
“Ao analisarmos o levantamento das profissões mais bem pagas, percebemos que a maior parte destas pertence precisamente aos setores referidos, o que revela o impacto que esta dimensão tem nos salários. Este fator também se relaciona com a própria projeção para a criação de emprego, já que, segundo o último ‘ManpowerGroup Employment Outlook Survey’, referente ao 4.º trimestre de 2022, estes setores estão entre os que mais preveem recrutar, e que, por isso, têm maior capacidade para investir em salários”, conclui Vitor Antunes, o managing director da Manpower.
O que observamos é que a inflação não está a ser acompanhada por um aumento salarial expressivo dos profissionais, nem mesmo nas profissões mais procuradas, com os empregadores a desejarem um melhor exercício económico nas suas contratações. Este desencontro é consequência, entre outros fatores, do aumento das despesas das empresas com energia, bem como do incremento do custo das matérias-primas e despesas com distribuição, que se espera que se mantenham no próximo ano e que tornam desafiante o crescimento económico das organizações.
Ainda assim, nem mesmo nas profissões que registam maior procura, o aumento salarial irá acompanhar a inflação. “Este desencontro é consequência, entre outros fatores, do aumento das despesas das empresas com energia, bem como do incremento do custo das matérias-primas e despesas com distribuição, que se espera que se mantenham no próximo ano e que tornam desafiante o crescimento económico das organizações”, estima.
O gestor salienta ainda que, de modo a aumentar a competitividade, os empregadores têm procurado ativar diferentes alavancas para reforçar a sua proposta de valor. Modelos híbridos e remotos – sempre que as funções assim o permite – são uma opção “cada vez mais presente, em complemento dos elementos de remuneração”.
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