Exclusivo Dona da Iberia avança para a TAP e já escolheu assessores jurídicos e de comunicação
O grupo IAG, proprietário das companhias aéreas British Airways, Iberia ou Vueling, vai trabalhar com o escritório de advogados Vieira de Almeida e com a agência de comunicação Cunha Vaz.
A reprivatização da TAP ainda não foi aprovada em conselho de ministros, mas os interessados começam a posicionar-se. O grupo IAG, dono da Iberia e da British Airways, já selecionou assessores jurídicos e de comunicação, num sinal de que pretende entrar na corrida à compra de uma participação na companhia aérea. O grupo que é também proprietário da Vueling e da Air Lingus escolheu já a agência de comunicação Cunha Vaz & Associados (CVA) e o escritório de advogados Vieira de Almeida (VdA), segundo apurou o ECO. Contactados, a Cunha Vaz e a VdA não fizeram quaisquer comentários.
O IAG tem sido um dos principais atores da consolidação do setor na Europa. Em fevereiro, anunciou um acordo para comprar a totalidade do capital da espanhola Air Europa, do empresário Juan José Hidalgo. Pagou 400 milhões para ficar com os 80% que ainda não controlava. Agora volta as atenções para a TAP.
Os dois outros principais interessados na operadora aérea portuguesa são a Lufthansa e do grupo Air-France – KLM. A companhia alemã assumiu durante a apresentação dos resultados de 2022, no início de março, que os alvos mais interessantes para fusões e aquisições na Europa são a TAP e a ITA, estando a negociar com o governo italiano a aquisição de 40% do capital desta última. Em meados de fevereiro, também o CEO do grupo franco-holandês deixou elogios à companhia portuguesa.
As ligações à América do Sul, em particular ao Brasil, são consideradas o principal atrativo da companhia portuguesa. A TAP tem também um peso importante nas rotas para África.
Dos três candidatos, o grupo IAG é o que suscita mais dúvidas, devido ao risco que a proximidade do aeroporto de Madrid, que serve de hub à Iberia, representa para a manutenção do hub da TAP em Lisboa, condição que é considerada essencial pelo Governo. “Particularmente penso que Iberia não é uma boa solução”, chegou a dizer o ministro da Economia, António Costa Silva, no Parlamento.
Do lado da TAP a operação também já está em marcha. Há cerca de nove meses foi contratado o banco de investimento norte-americano Evercore para assessorar a TAP. Apesar de o ministro das Finanças ter afirmado no início de fevereiro que iria avançar “em breve” com a aprovação da resolução no Conselho de Ministros, isso ainda não aconteceu. Certa parece ser a intenção de manter uma participação do Estado no capital.
Apesar de ainda não ter formalmente arrancado, o processo já motiva alguma polémica. Na audição na comissão parlamentar de inquérito, a CEO da companhia aérea (que cessa funções esta quinta-feira) explicou que o assessor financeiro recolhe informação sobre os requisitos exigidos por outros Governos e “junto de potenciais interessados na TAP para ajudar o Governo” e confirmou que o Evercore está a trabalhar para a TAP sem contrato.
O chairman da companhia aérea (até esta quinta-feira), Manuel Beja, afirmou na comissão parlamentar de inquérito que o conselho de administração foi colocado à margem do processo de reprivatização, com a informação a ficar fechada na CEO e no administrador financeiro.
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