Fitch mantém inalterado rating de Portugal

A agência de notação financeira não mexeu nem na notação nem na perspetiva (outlook) da dívida soberana portuguesa.

A agência de notação financeira norte-americana Fitch deixou esta sexta-feira inalterado o rating da dívida portuguesa, em BBB+, com perspetiva “estável”. É a terceira agência a manter a notação de Portugal inalterada este ano.

Em comunicado, a agência norte-americana enaltece que o défice “encolheu acentuadamente em 2022” para 0,4% do PIB contra os 2,9% do PIB em 2021, isto é, bem acima da projeção feita pela Fitch na última projeção, em outubro de 2022 e da própria estimativa do Governo, em que tinha apontado para um saldo negativo de 1,9%. “A redução do défice foi impulsionada pelo forte crescimento nominal da economia, forte crescimento das receitas e o levantamento das medidas de apoio à Covid-19“, realça.

Por sua vez, estima que este ano o défice aumente para 1,2% do PIB, na sequência da redução de impostos, dos aumentos da despesa orçamental e do pacote de apoio anti-inflação e do pacote “Mais Habitação”. Ainda assim, espera que “o défice diminua em 2024”.

Ao mesmo tempo, a agência destaca que a dívida pública portuguesa “diminuiu acentuadamente” no ano passado para 113,9% do PIB, à boleia do “forte crescimento nominal do PIB” e estima uma redução da dívida pública este ano para 109,1% do PIB e 105,4% em 2024. Mas “apesar desta tendência de queda”, a Fitch sublinha que o rácio da dívida continua a ser “o segundo mais alto na categoria de rating ‘BBB'”.

Num contexto de subida de taxas de juro, a Fitch nota ainda que a dívida das famílias “aumentou substancialmente” – até porque 90% das hipotecas têm taxas variáveis – e este endividamento “permanece cerca de 6% acima da média da Zona Euro”. Ainda assim, os riscos são “geríveis” graças aos apoios aprovados pelo governo para a habitação e às “medidas macroprudenciais implementadas desde 2018” que limitaram os novos créditos.

Para o primeiro semestre deste ano, a agência de notação financeira espera “um crescimento mais fraco”, dado que o rendimento das famílias está a ser penalizado “pelo aumento dos preços e pelo aumento das taxas de juros”, o que reduz a procura “por crédito das famílias e empresas”. Ainda assim, prevê uma retoma a partir da segunda metade do ano “suportada também pelo investimento público com uma implementação mais rápida dos fundos europeus”, bem como “pela melhoria das perspetivas económicas dos principais parceiros comerciais de Portugal”.

Nesse sentido, revê em alta o crescimento do PIB português para 1,3%, em linha com a estimativa do Executivo no Orçamento do Estado (OE) e um versão mais otimista face ao 1% estimado em outubro e da Comissão Europeia. “Esperamos então uma recuperação constante em 2024 para 2,1%, em linha com as previsões anteriores”, apontam.

Quanto à inflação, a Fitch estima que “caia acentuadamente com os preços mais baixos da energia e atinja a média de 5,5% este ano, antes de cair ainda mais para 2,9% em 2024”.

Esta decisão surge cerca de um mês depois de também a Standard & Poor’s (S&P) ter mantido inalterado o rating da dívida soberana portuguesa, em BBB+, com perspetiva “estável”, depois de na decisão anterior, em setembro de 2022, ter revisto em alta a notação de Portugal, dado o “forte crescimento económico do país”.

Já no final de janeiro, também a DBRS decidiu manter o rating de Portugal em A (baixo), com tendência “estável”, à boleia da melhoria das principais métricas de finanças públicas, ainda assim a agência alertou para os riscos de efeitos prolongados da guerra.

(Notícia atualizada pela última vez às 22h33)

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