PIB cresceu 2,8%. Vamos todos para o Marquês?
A economia cresceu acima das expetativas, e cresceu de forma saudável. Costa tem agora uma oportunidade única para fazer história.
A economia portuguesa cresceu 2,8% no primeiro trimestre deste ano em termos homólogos, o melhor resultado desde 2007, no período pré-crise. Vamos todos para o Marquês?
Depois do regresso dos três ‘efes’ – Papa Francisco, Benfica e Salvador Sobral -, também regressou um ‘pê’, de PIB. Os números da economia portuguesa são muito bons, quer no crescimento, quer, sobretudo na sua composição. E é isso que merece ser sublinhado nesta estimativa rápida do INE: A economia cresceu à custa das exportações líquidas (isto é, subtraídas das importações) e do investimento. O consumo, esse, desacelerou em termos homólogos, apesar da crescente devolução de rendimentos e de pensões ao longo de 2016.
O crescimento económico está com um perfil diferente daquele que o governo desenhou há um ano, quando apresentou a proposta de orçamento do Estado para 2016. Está, mesmo, com um perfil saudável, apesar dessa política.
Sejamos justos: muitos antecipavam – eu também – que a Geringonça seria ingerível e levaria o país a um descontrolo das contas públicas. Não foi assim, apesar da dívida pública, que é como o algodão. O que António Costa e Mário Centeno deram em salários e pensões, tiraram em impostos e em cortes no investimento público e nas transferências para setores relevantes como a saúde por exemplo. Não subscrevo esta composição, mas pior seria que não tivessem feito nada.
Até agora, não houve reformas que aumentassem o PIB potencial da economia portuguesa. Estamos a beneficiar daquelas que foram realizadas no período da troika, especialmente no mercado de trabalho, e que não foram revertidas. Já estamos a crescer acima do nosso potencial, as empresas estão a aproveitar bem o crescimento dos principais mercados de exportação, o turismo surpreendeu tudo e todos, até o governo, mas não dá para tudo e, sobretudo, para sempre. O investimento, finalmente, começa a dar sinais de vida com os fundos comunitários.
Agora, o governo de Costa tem uma oportunidade única para tornar este ciclo consistente e estrutural. Se não ceder ao PCP e ao Bloco para ganhar eleições, se não continuar a olhar para os contribuintes como segmentos de eleitores, os que votam e os que pagam. Se perceber que as ajudas do BCE acabarão, mais tarde ou mais cedo. Se começar mesmo a reduzir a dívida pública, se fechar de uma vez por todas o problema do Novo Banco.
Sim, talvez seja pedir muito, mas só depois disto é que podemos ir para o Marquês.
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