EUA. Estudo alerta para erros nos dados do emprego
O emprego tem sido uma das variáveis invocadas pela Fed para não aumentar a taxa de juros. Apesar de a taxa de desemprego estar em níveis pré-crise, um novo estudo alerta para erros nos dados.
Os dados do Bureau of Labor Statistics até setembro dão uma certeza: a taxa está nos 5%, perto do pleno emprego. Esta podia ser a pista para a Reserva Federal aumentar as taxas de juro no seu último encontro, mas Janet Yellen receou e não cedeu.
Um novo estudo do Center for Economic and Policy Research pode confirmar esse receio, revelando que os dados do emprego podem estar induzidos em erro. “Dado o estado depressivo do mercado de trabalho [nos EUA], aumentar as taxas de juro iria mandar milhares ou até milhões de americanos para o desemprego”, avisa Nick Buffie, o autor do estudo, nas suas conclusões.
O relatório chama-se The Case for a Weak Labor Market e alerta para os casos de um “largo número” de desempregados que querem emprego, mas que simplesmente não estão a ser contados na taxa de desemprego, escreve o World Forum Economic.
Os dados mais recentes revelam que existem 7,8 milhões de desempregados nos EUA. “Dadas as mudanças demográficas e o crescimento moderado da população, isto não está dramaticamente fora com os números de desempregos de 2007”, explicam os investigadores Tillie McInnis e Nick Buffie.
O valor pré-crise era de 7,1 milhões de desempregados, mais 4,7 milhões que queriam emprego mas não tinham procurado recentemente. No total eram 11,8 milhões de norte-americanos que queriam emprego.
As experiências de ser empregado e desempregado hoje em dia são muito diferentes em comparação com 2007
O mesmo acontece atualmente, argumenta o autor do estudo, com mais seis milhões a querer emprego mas sem o procurar nos últimos tempos. “O número de desempregados à procura de emprego é muito maior do que sugere a taxa de desemprego”, alertam.
Envelhecimento da população é a razão?
Os investigadores dizem que não foi o envelhecimento da população a justificar essa tendência. A taxa de desempregados não incluídos aumento tanto nos mais jovens como nos mais velhos. Esta viragem contra o crescimento económico verificado nos EUA pode ser explicado pela mudança de paradigma do mercado de trabalho.
O estudo defende que nos últimos oito ano a economia recuperou “de forma significativa”, mas “as experiências de ser empregado e desempregado hoje em dia são muito diferentes em comparação com 2007”.
Um indicador disso mesmo é a queda (-1,7%) do número de empregados que trabalham as horas pretendidas. Já o número de pessoas em situação de subemprego e a trabalhar em part-time – ambas as situações contam como empregados – subiu 1%.
A conclusão do estudo é de que é “muito mais difícil ser desempregado hoje do que em 2007”. O desemprego de longa-duração é maior, o que traz prejuízos económicos, psicológicos e sociais. Ou seja, apesar de a taxa de desemprego estar perto dos valores de 2007, as dificuldades sentidas pelos desempregados são maiores e de longa-duração.
Editado por Mariana de Araújo Barbosa
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