Passos: Avaliação positiva da Fitch “já tinha acontecido antes”
O ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho está "satisfeito" com a evolução do outlook do país por parte da Fitch, mas alertou: "Não é a primeira vez." Aconteceu em 2015, mas a agência recuou.
O presidente do PSD mostrou-se “satisfeito” com a alteração positiva do rating da dívida pública pela Fitch, mas lembrou que “não é a primeira vez que acontece” e que Portugal já esteve “à bica” de sair do ‘lixo’. Em Paços de Ferreira, a discursar na apresentação dos candidatos autárquicos, Pedro Passos Coelho lembrou que a Fitch, em 2014, colocou a evolução da dívida portuguesa com uma perspetiva positiva, mas que depois baixou novamente para “estável”, o que “para os mais atentos” quer dizer que Portugal perdeu um ano.
O ex-primeiro ministro apontou então as baterias ao Governo, acusando o executivo de ter “perdido muitas oportunidades” por “falta de coragem” e defendeu que é preciso “afrontar a ‘geringonça'” para que Portugal possa ficar melhor. “Eu fiquei satisfeito (…) Mas lembrei-me de que muitas vezes as pessoas fazem as festas, atiram as canas, vão buscá-las e depois esquecem-se de que, se queremos ter uma sequência positiva, temos de trabalhar para ela”, afirmou Pedro Passos Coelho.
Aquela agência de notação financeira melhorou, na sexta-feira, a perspetiva do rating da República Portuguesa de “estável” para “positiva”, abrindo caminho a uma alteração do rating que, para já, continua em BB+’ dentro do grau de “não investimento” (vulgarmente chamado de “lixo”). Segundo lembrou o líder social-democrata, “não é a primeira vez que a Fitch põe a dívida portuguesa com outlook positivo”, fazendo uma resenha da avaliação daquela agência de notação financeira à divida pública nacional.
“No ano em que dissemos adeus à troika e seguimos em frente, a Fitch colocou a dívida portuguesa, como ontem [sexta-feira], com uma perspetiva positiva. Isso já tinha acontecido antes. E ali por setembro de 2015, antes das eleições, disse que ficava a aguardar o que se ia passar com as eleições para depois tomar uma decisão”, disse.
"Eu fiquei satisfeito (…). Mas lembrei-me de que muitas vezes as pessoas fazem as festas, atiram as canas, vão buscá-las e depois esquecem-se de que, se queremos ter uma sequência positiva, temos de trabalhar para ela.”
“Já tivemos, portanto, à bica de poder sair do lixo mas a Fitch, em março de 2016, baixou outra vez a perspetiva para estável (…) Isto aos mais atentos deve querer dizer que nós perdemos um ano. Alguma coisa se passou para que, em vez do passo seguinte ter sido tirar Portugal do “lixo”, ter sido voltar a pôr em “estável”, para ver o que se ia passar”, apontou. O presidente do PSD apontou, assim, culpas ao atual Governo pela evolução da denotação de Portugal: “Nós perdemos oportunidades nestes dois anos quase que o Governo leva de vida, e perdemos essas oportunidades porque não houve coragem para pensar no futuro”.
Para Passos Coelho, “só houve interesse em fazer uma retórica fácil de dizer que o que estava para trás era mau e que agora o bom é devolver os rendimentos como se eles não tivessem começado a ser cortados pelo engenheiro Sócrates”. O líder social-democrata alertou ainda para que Portugal “podia estar muito melhor” apontando o caminho para isso. “Nós precisamos de lutar para que o país possa ser muito melhor do que é hoje. Mas para isso é preciso afrontar a geringonça, é preciso mexer nas reformas que temos de fazer, para isso é preciso andar em frente, como só o PSD sabe fazer”, resumiu.
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