Trabalhadores do Fisco não receberam formação sobre mudanças nos recibos verdes
Os funcionários dos serviços do Fisco foram "surpreendidos" por mudanças na emissão de faturas dos trabalhadores independentes, não tendo recebido qualquer informação ou formação prévia sobre o tema.
Se é trabalhador independente e foi surpreendido pelas mudanças na emissão de faturas no portal da Autoridade Tributária, saiba que não está sozinho. Os próprios trabalhadores do Fisco foram apanhados de surpresa, não tendo recebido qualquer formação prévia sobre as novas funcionalidades. A denúncia é feita pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos (STI), Gonçalo Rodrigues.
“O que aconteceu foi uma alteração na maneira como os trabalhadores independentes emitem faturas. A evolução é positiva, mas devíamos ter sido informados sobre o que ia acontecer. Os serviços não sabiam de nada até ontem“, garante o sindicalista, em declarações ao ECO.
Esta semana, o Fisco reformulou a emissão de faturas dos trabalhadores independentes, acrescentando-lhe três novas funcionalidades: passa a ser possível ter serviços com taxas diferentes de IVA na mesma fatura, criar uma base de dados de clientes habituais e criar fichas de produtos e serviços que sejam regularmente faturados.
De acordo com uma apresentação da Autoridade Tributária, a que o ECO teve acesso, o objetivo foi tornar a emissão de faturas “mais completa e intuitiva”, mas, conforme já admitiu a Ordem dos Contabilistas Certificados, “é natural” que existam algumas dúvidas e dificuldades, nesta primeira fase, por parte dos contribuintes.
No entanto, se contactarem o Fisco através das várias vias disponíveis (como o centro de atendimento telefónico), encontrarão do outro lado trabalhadores que não foram formados sobre estas novas funcionalidades.
“Uma alteração destas garantidamente já era do conhecimento do Governo há uns meses. Há muito tempo que podiam ter informado os serviços. Podiam ter informado há duas semanas, para eventualmente tirarmos dúvidas. Mas não foi isso que aconteceu”, salienta o presidente do STI.
Sem formação ou esclarecimentos prévios, os trabalhadores que estão a atender os contribuintes estão, portanto, “a tentar desenrascar”, explica o mesmo. “Os serviços receberam ontem um panfleto explicativo, e nem foram todos os serviços. Os colegas começaram a tirar fotos do panfleto e a partilhar entre si. Começaram a desenrascar”, detalha Gonçalo Rodrigues.
Em conversa com o ECO, o dirigente realça ainda que as carreiras da Autoridade Tributária têm sido desvalorizadas, frisando que, enquanto antes os trabalhadores do Fisco tinham uma carreira especial e um curso profundo sobre as matérias em causas, hoje o Estado tem ido buscar funcionários às carreiras gerais. “Temos muitas pessoas a trabalhar na Autoridade Tributária sem formação nenhuma“, avisa.
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