As propostas de Constâncio para o malparado

  • ECO
  • 5 Julho 2017

O vice-governador do BCE sublinha alguns instrumentos que considera "promissores" para lidar com o malparado, mas a ação tem de ser concertada ao nível da zona euro, avisa.

O vice-governador do Banco Central Europeu (BCE), Vítor Constâncio, quer uma estratégia coordenada para enfrentar o problema do crédito malparado na União Europeia. Para o dirigente, o problema dos NPL, ou Non-performing Loans, tem de focar-se numa estratégia concertada com incentivos para as diferentes partes envolvidas se aplicarem na busca de soluções.

Num artigo de opinião publicado no Jornal de Negócios desta quarta-feira, Vítor Constâncio assumiu que as medidas de supervisão tomadas pelo BCE não são suficientes por si só para afastar a ameaça que constituem os NPL: “O setor privado e as autoridades nacionais e europeias também têm papéis a desempenhar”, escreveu, instando Bruxelas a agir.

“A Comissão Europeia anunciou recentemente que irá apresentar uma proposta de uma estratégia abrangente e coordenada para lidar com os NPL”, acrescenta Vítor Constâncio. Para o vice-governador, é importante que a estratégia seja adotada rapidamente nos diferentes países de forma a consolidar a recuperação europeia. “Um aspeto fundamental dessa estratégia será alinhar os incentivos entre as partes envolvidas: instituições de crédito, investidores e autoridades“, diz ainda.

Vítor Constâncio propõe vários instrumentos que considera “promissores” para melhor lidar com o problema dos NPL:

  1. A criação de um manual para a conceção de sociedades nacionais de gestão de ativos na zona euro, da forma mais adequada para melhor libertar os bancos do problema dos NPL. O manual deveria identificar “as melhores práticas internacionais relativamente a aspetos como as categorias de ativos elegíveis, as estruturas de fundos próprios e financiamento, e a governação;
  2. Os regimes de titularização, que têm o potencial de impulsionar o mercado secundário de NPL, apesar de poder ser necessário que o Estado mostre o seu empenho em realizar reformas estruturais através de informação estatal;
  3. Exploração plena das plataformas de negociação de NPL, de maneira a aumentar a transparência do malparado e incentivar as transações.

Todos os instrumentos, no entanto, requerem “que as reformas estruturais relacionadas com a execução da dívida sejam significativamente impulsionadas e que se verifique uma redução das assimetrias de informação”, finaliza Vítor Constâncio.

Mas há motivos fortes para o fazer. O vice-governador assinala a questão dos NPL como uma das mais prementes para os bancos da área do euro: apesar de não ser possível saber ao certo quais os efeitos da sua resolução, “substituir NPL por ativos produtivos poderia aumentar a rentabilidade dos capitais próprios em termos agregados dos bancos da área do euro em mais de um ponto percentual, ganhando os setores bancários de alguns países até cinco pontos percentuais”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

As propostas de Constâncio para o malparado

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião