Bit…quê? O bê-à-bá das criptomoedas
O mundo das criptomoedas está a marcar a atualidade. O ECO preparou um breve glossário com alguns dos termos que vale a pena conhecer para entender a febre das divisas virtuais.
As moedas virtuais estão na moda, mas a febre começa também a chegar a Portugal. Bitcoin e blockchain são conceitos que já entraram no vocabulário de alguns portugueses e as subidas e descidas destas divisas fazem títulos nos jornais. Mas muita gente ainda não conhece os conceitos mais básicos do léxico das também chamadas “criptomoedas”. Por isso, o ECO preparou um breve glossário com o que precisa de saber para entender os básicos do universo dos ativos digitais.
B
Bitcoin: É a moeda virtual mais conhecida do mundo. Surgiu em 2009 e só este ano já valorizou mais de 1.600%. Ganhou fama por ser uma moeda totalmente descentralizada e independente — isto é, não é controlada por nenhuma entidade. Atualmente, existem cerca de 16 milhões de moedas em circulação e cada uma está a valer 16.100 dólares, aproximadamente. Diversas lojas online e outros comerciantes aceitam esta divisa. No entanto, a bitcoin tem estado na mira de especuladores que procuram comprar a um preço mais baixo para, depois, vender quando a moeda atinge um valor superior.
Blockchain: É a tecnologia inovadora na base das moedas virtuais. É comum comparar a blockchain a um livro de registos inviolável onde são apontadas todas as transações existentes. É essa blockchain que permite manter o rasto a todas as moedas, validar as trocas numa rede de computadores e impedir que qualquer pessoa possa gerar unidades da moeda (se assim fosse, a bitcoin perderia a totalidade do valor). Em suma, a blockchain permite garantir a integridade de uma determinada moeda virtual e poderá vir a revolucionar a banca tal como a conhecemos.
Block: É o nome dado a cada transação ou conjunto de transações inscritas numa blockchain. Imaginando a blockchain como um livro de registos, cada linha ou cada registo será um block. Uma vez que não existe um banco central que controle as moedas virtuais [ver Descentralização], o processamento das transações é feito por indivíduos que dedicam computadores a essa tarefa 24 horas por dia e de forma voluntária [ver Mineração]. Uma vez que sem esse trabalho as moedas desapareceriam, foi criado um sistema de incentivos em que os voluntários, chamados de “mineiros”, são compensados por esse trabalho. Desta forma, por cada block de transações processado, o mineiro recebe uma mais-valia nessa mesma moeda virtual como, por exemplo, bitcoin.
Bolha: Costuma dizer-se que o que é insustentável não se sustentará. Por isso, em economia, diz-se que um mercado é uma bolha quando há expectativas ou risco de vir a sofrer uma forte quebra num futuro relativamente próximo. É um conceito que também se aplica às moedas virtuais, mas o tema não é consensual. Face às acentuadas valorizações que divisas como a bitcoin têm tido nos últimos meses (a procura supera largamente a oferta), alguns analistas temem que essas escaladas não sejam sustentáveis e antecipam um afundanço da moeda. É por isso que alguns dizem que a bitcoin não é mais do que uma bolha prestes a rebentar.
C
Carteira: Em traços gerais, uma carteira, também chamada de wallet, é como uma conta bancária de uma ou de diferentes moedas virtuais. É com ela que o proprietário pode armazenar as moedas, transferir para outras carteiras ou receber pagamentos.
Criptomoeda: Chama-se criptomoeda a qualquer moeda virtual cujo funcionamento assente na tecnologia blockchain, uma vez que se trata de um sistema assente na criptografia. O termo é geralmente usado como sinónimo do próprio conceito de moeda virtual. No geral, estas moedas não são físicas nem são mais do que um instrumento financeiro que apenas existe na internet. Permitem fazer pagamentos em algumas lojas online ou transações entre duas entidades, diretas ou intermediadas.
D
Descentralização: É a grande característica distintiva das criptomoedas. O facto de funcionarem na internet, dependentes de um enorme número de pessoas e sistemas que se dedicam a garantir o seu funcionamento, permite que não haja um banco central a controlar os destinos das divisas. A quantidade de moedas em circulação — isto é, a oferta — é definida automaticamente por um programa informático.
E
Ether: É visto como uma das principais alternativas à bitcoin. O ether é a divisa virtual que suporta o Ethereum, uma rede descentralizada assente na tecnologia blockchain. O ether não tem um limite de oferta como tem a bitcoin e permite a criação de aplicações descentralizadas ou mesmo dos chamados smart contracts, transações que se realizam se determinada condição for cumprida. Atualmente, cada moeda de ether vale mais de 450 dólares.
F
Farm: Uma farm (“quinta”, em português) é um local onde alguém armazena dezenas, centenas ou mesmo milhares de computadores a minar uma determinada moeda virtual [ver Mineração]. Não se sabe quantos destes armazéns existem espalhados pelo globo, nem a quem pertencem. No entanto, acredita-se que muitos deles se localizem na China, onde a eletricidade é mais barata e fica mais em conta instalar e manter este tipo de estruturas.
Futuros: A partir deste mês, passou a ser possível negociar futuros de bitcoin no mercado internacional regulado. A introdução deste instrumento derivado ditou a chegada da bitcoin ao mundo dos grandes investidores de Wall Street. Um futuro é, basicamente, um contrato em que uma parte acorda com outra a troca de um determinado ativo a um preço específico numa data futura. No caso destes contratos, o pagamento é feito em dinheiro e, por isso, os investidores não chegam a tocar na moeda virtual propriamente dita, mas negoceiam com base nas subidas e descidas da moeda.
H
Halving: É o nome dado a um fenómeno que se aplica apenas à bitcoin. O código por detrás da moeda foi escrito de forma a que só possam existir 21 milhões de moedas em circulação. Atualmente, existem mais de 16 milhões. As novas moedas são geradas de cada vez que um block [Ver Block] é processado por um “mineiro”, como compensação pelo serviço prestado à comunidade. Originalmente, com o valor da bitcoin bem abaixo do atual, cada “mineiro” recebia 50 moedas por equação resolvida. Mas o sistema foi definido para, a cada 210.000 blocks processados, a recompensa é cortada em metade. Este fenómeno é conhecido por halving. Em 2012, a recompensa passou para 25 moedas e, desde fevereiro de 2016, voltou a ser cortada para 12,5 moedas. Após 64 fenómenos de halving, as 21 milhões de unidades deverão estar em circulação e a compensação deverá ser eliminada totalmente.
I
ICO: Uma ICO é uma oferta pública inicial de moeda. Por outras palavras, é um mecanismo de recolha de capital usado por muitas empresas e projetos e que dá origem a uma nova moeda virtual. Estas operações ganharam força em 2017, com o início do grande boom das criptomoedas. Várias startups têm lançado campanhas de oferta pública inicial deste género, em que uma pequena quantidade da nova moeda é distribuída por uma série de investidores iniciais a troco de um pagamento, geralmente em bitcoin ou ether. A portuguesa Aptoide conseguiu angariar 1,8 milhões de dólares em ether com a pré-venda de moedas e promove, durante este mês de dezembro, a oferta pública inicial que permitirá que a sua nova moeda, a AppCoins, entre em circulação no mercado.
M
Mineração: Face à ausência de uma entidade centralizadora, são os milhões de voluntários em todo o mundo quem se dedica a processar as transações das várias moedas virtuais. Essas pessoas chamam-se “mineiros”, que podem ser pessoas individuais ou donos de farms [ver Farms], e que possuem um ou vários computadores ligados a tempo inteiro para processar essas mesmas operações. No que toca ao sistema de blockchain, o processo de mineração não é mais do que computadores a tentarem decifrar complexas equações criptográficas. Estas equações correspondem às várias transações. O primeiro sistema a ser capaz de decifrar uma dada equação inscreve esse block na cadeia inviolável da blockchain e o seu proprietário é recompensado com uma soma da moeda virtual em causa.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Bit…quê? O bê-à-bá das criptomoedas
{{ noCommentsLabel }}