Estudo: Falhas no SNS potenciam setor privado na saúde
Um estudo apresentado hoje em Coimbra afirma que a incapacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde é um dos fatores que contribuem para o desenvolvimento do setor privado na saúde.
A incapacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS) é um dos fatores que contribuem para o desenvolvimento do setor privado na saúde, concluiu um estudo, apresentado hoje em Coimbra. O documento, desenvolvido pela consultora Augusto Mateus & Associados, considera que o “setor privado da saúde é cada vez mais relevante para a saúde dos portugueses, para a sustentabilidade do sistema de saúde e para o tecido empresarial nacional”.
“Para lá do caráter supletivo face ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), o setor privado da saúde em Portugal assume também um papel complementar”, pode ler-se no estudo apresentado na conferência “Saúde Privada em Portugal”, organizada pelo Millennium BCP.
Os autores do trabalho concluem que, no primeiro caso, o setor privado proporciona uma maior rapidez no acesso a cuidados, maiores níveis de conforto, a possibilidade de escolha de médico, simpatia dos colaboradores, notoriedade, localização e entidade prestadora dos cuidados.
No segundo caso, “o setor privado é procurado especificamente para preencher lacunas ou contornar fragilidades da oferta pública, tais como a fraca cobertura [medicina dentária], as listas de utentes sem médico de família ou tempos de espera para marcação de consulta programada nos centros de saúde ou as listas de espera para cirurgia”.
A atividade privada da saúde encontra-se bastante concentrada nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, sendo secundada por alguns polos na região Centro, sobretudo, Coimbra. As regiões de Lisboa e Porto “são responsáveis por 68,2% das empresas, 79,3% do volume de negócios e por 72,7% do resultado líquido”.
O estudo revela que 40% da população portuguesa está coberta por um subsistema de saúde público (ADM, Ministério da Justiça, ADSE), privado ou um seguro de saúde, além de ser beneficiária do SNS. “Atendendo a que este financiamento está tendencialmente direcionado para prestadores privados, sinaliza a relevância expressiva que o setor privado assume no quadro nacional da saúde”, lê-se no documento.
O setor privado da saúde é atualmente responsável por 79 mil empresas, 130 mil empregos e 5,7 mil milhões de euros de faturação anual. Segundo os autores do estudo, o setor privado da saúde apresenta bons índices competitivos “mais favoráveis do que a generalidade das atividades económicas do país” e prossegue a sua expansão para o interior do território nacional.
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