José Sócrates: “António Costa e o PS viraram-me as costas”
O ex-primeiro-ministro afirmou, em entrevista à Voz de Galícia, que já não tem relação com atual chefe de Governo. "António Costa e o PS viraram-me as costas", afirmou.
O ex-primeiro-ministro José Sócrates, e principal arguido da operação Marquês, disse a um jornal espanhol que tanto o Partido Socialista (PS) como o atual primeiro-ministro, António Costa, lhe viraram as costas a partir do momento em que foi detido preventivamente em novembro de 2014. Sócrates afirmou estar a ser vítima de uma “conspiração política” e comparou a sua situação à do antigo Presidente do Brasil, Lula da Silva, que também está envolvido num processo judicial.
Ao jornal espanhol La Voz de Galicia, o antigo governante, quando questionado sobre que relação mantém com António Costa, respondeu: “Inexistente. Éramos amigos, apesar de tudo o que foi dito. A nossa relação sempre foi boa. Nomeei-o ministro e como meu sucessor natural. Apoiei-o na candidatura à Câmara Municipal de Lisboa e depois para a secretaria-geral do partido. Tudo acabou quando me detiveram e tanto ele como a cúpula do PS me viraram as costas.”
José Sócrates reafirmou ser “inocente” e “vítima de uma conspiração política” para travar “uma possível candidatura” sua à Presidência da República, num caso que alega não ter precedentes. “Conhece algum ouro caso na Europa em que um processo continue aberto, sem acusação, durante cinquenta meses?”, questionou o socialista. Sócrates queixou-se ainda dos sucessivos adiamentos do processo, indicando que não acredita “em nada do que diz” o Ministério Público. “A minha situação é parecida com a do ex-Presidente Lula [da Silva], embora ele tenha apoio do seu partido e eu não”, rematou.
Tudo acabou quando me detiveram e tanto ele [António Costa] como a cúpula do PS me viraram as costas.
Em relação ao juiz Carlos Alexandre, que tem conduzido o processo em conjunto com o procurador Rosário Teixeira, Sócrates insistiu na ideia de que o magistrado estará a ser parcial neste caso. “Construiu uma teoria, um fio condutor sem provas, e não apenas isso como é também totalmente parcial. Isso comprova-se pela entrevista que deu há uns meses a uma televisão privada portuguesa [SIC], onde me considerou logo culpado e disse ‘não ter a sorte de ter amigos tão generosos como Sócrates'”, disse o ex-primeiro-ministro.
"A minha situação é parecida com a do ex-Presidente Lula [da Silva], embora ele tenha apoio do seu partido e eu não.”
José Sócrates criticou também os meios de comunicação social, dizendo existir “cumplicidade e relação corrupta entre a imprensa lusa e o Ministério Público”. Deixou ainda em aberto a hipótese de recorrer ao Tribunal Europeu caso se “esgotem todos os recursos” em Portugal. Continuou, afirmando não saber se voltará à vida política por estar “muito desapontado”. “Faltam políticos na Europa com o nível e o carisma de Mário Soares”, atirou. E concluiu: “O meu futuro é o presente.”
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