Isabel dos Santos renova estrutura da Sonangol
Enquanto se questiona o futuro da filha do ex-Presidente angolano à frente da Sonangol, a petrolífera alargou a equipa de gestão. Isabel dos Santos fez questão de assinalar a mudança no Twitter.
A presidente do conselho de administração da Sonangol, Isabel dos Santos, anunciou uma renovação interna na petrolífera angolana, dias depois do novo Presidente de Angola ter sido empossado. Entre os novos elementos está um português: Emídio Pinheiro, ex-ministrador da CGD e do Banco de Fomento de Angola, que vai assumir a gestão da Sonangol Holdings e Indústria. A reestruturação estava em curso há 17 meses, segundo o comunicado emitido pela empresa esta quinta-feira.
Numa altura em que paira a dúvida sobre se Isabel dos Santos continuará à frente da Sonangol, com a saída do seu pai da liderança do país, a petrolífera remodelou alguns dos seus quadros. “O contexto económico em que operamos é complexo e exigente, pelo que precisamos de reforçar a nossa capacidade de adaptação, a agilidade e a proatividade, através de uma maior divisão de pelouros e, assim, de uma maior capacidade de atuação”, lê-se no comunicado de imprensa.
Tweet from @isabelaangola
Também esta quinta-feira, a empresária angolana escreveu no Twitter que “a Sonangol promove competências não promove a discriminação”. A renovação passa por três entradas: Emídio Pinheiro, Ivan Sá de Almeida com funções nas áreas relativas à produção e exploração e Susana Almeida Brandão com funções de coordenação da área jurídica.
Na edição desta sexta-feira, o Expresso (acesso pago) revela que a comissão executiva da Sonangol deixará de existir. Até agora essa estrutura era liderada por Paulino Jerónimo, que tinha o poder executivo. Segundo o semanário, está “instalado um clima de grande agitação política no seio da Sonangol”. Com esta mudança, Isabel dos Santos terá mais poder na Sonangol.
A petrolífera enfrenta atualmente vários problemas. Em junho do ano passado, Isabel dos Santos entrou na empresa com a missão de reestruturar o negócio e tornar a Sonangol numa máquina de fazer dinheiro. Ou seja, a dar lucro. A Sonangol tem ainda um nível de endividamento elevado e continua pressionada pelos baixos preços do petróleo nos mercados internacionais. A Sonangol — classificada pelos analistas internacionais como “uma instituição opaca e ineficiente” — viu os lucros caírem dos três mil milhões em 2013 para os 400 milhões em 2016.
Para um país fortemente dependente das receitas do petróleo, o desempenho da empresa é preponderante para a evolução da economia. O Fundo Monetário Internacional prevê que Angola cresça 1,3% este ano e acelere para 1,5% no próximo. Já o Banco Mundial é mais pessimista colocando a perspetiva de crescimento este ano em 1,2% seguida de um abrandamento em 2018 para 0,9%.
Numa entrevista no final do ano passado, Isabel dos Santos dizia que “até 2021 ou 2022 esta companhia estará numa situação completamente diferente”, dando a entender que poderá ficar até esse horizonte. Já em março deste ano, a empresária foi clara ao prometer ficar na Sonangol: “Não somos parte do Governo. Temos um mandato claro que foi dado à empresa e vamos cumpri-lo”, disse.
(Atualizado às 12h42 com a notícia do Expresso sobre o reforço de poderes da Isabel dos Santos)
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