Juros a três anos também já estão abaixo de zero

Há mais uma linha de dívida a negociar com taxas negativas em mercado secundário. Juros das obrigações a três anos caíram para terreno negativo, refletindo confiança dos investidores com Portugal.

A descompressão dos juros portugueses continua e agora foi a vez de a taxa associada às obrigações a três anos a cair para terreno negativo pela primeira vez.

A yield implícita na dívida a três anos cai para -0,004%. É um novo prazo da dívida nacional que negoceia em mercado secundário com valores negativos depois dos títulos a três, seis e 12 meses e ainda as obrigações a dois anos também já estarem a transacionar com juros abaixo de zero.

Na prática, isto quer dizer que alguns investidores estão mais confiantes em relação a Portugal e estão a manifestar esse otimismo com a aquisição de títulos de dívida por um valor superior àquele que o título vai dar no seu vencimento. Por exemplo, estão a adquirir um título a outro investidor por 101 euros quando no final da maturidade só vão receber 100 euros da entidade que o emitiu, neste caso Portugal. Daí a rentabilidade ser negativa.

Porém, apesar dos juros negativos, não é líquido que os investidores que comprem agora estes títulos vão perder dinheiro. Primeiro, porque podem apostar numa estratégia de valorização dos títulos portugueses (como tem acontecido ao longo deste ano) e vendê-los por 102 euros, por exemplo, antes de ela vencer. Na verdade, este é um cenário cada vez mais possível à medida que o país for apresentando indicadores económicos positivos e as agências de rating emitindo opiniões favoráveis em relação ao perfil de crédito de Portugal — depois da Standard & Poor’s, a agência Fitch pode ser a próxima agência a tirar o país do nível “lixo” já em dezembro.

Fonte: Bloomberg

Depois, acontece que as Obrigações do Tesouro a dois anos e três anos são títulos que dão direito um cupão pago pelo emitente (a República portuguesa), garantindo assim uma remuneração para quem os possui.

Em relação às outras maturidades que observam taxas negativas, os bilhetes a três meses, seis meses e a 12 meses transacionam com juros de -0,415%, -0,401% e -0,336%, respetivamente. A taxa implícita nas obrigações a dois anos perde terreno para -0,186%.

Além dos fatores internos, também a envolvente externa está a influenciar o comportamento dos mercados, com destaque para a ação decisiva do Banco Central Europeu (BCE) que, ao manter as taxas de juro dos depósitos dos bancos em -0,4%, está a “forçar” os grandes investidores institucionais a comprar títulos de dívida dos governos da zona euro mesmo que estes apresentem rentabilidades negativas.

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