Sonangol tem BCP, mas Isabel dos Santos tem muito mais em Portugal

Exonerada da Sonangol, Isabel dos Santos perde o "controlo" sobre o BCP. Mas mantém-se influente noutros setores da economia nacional, como a energia e as telecomunicações.

Isabel dos Santos foi exonerada da Sonangol mas a sua influência em Portugal mantém-se.D.R.

A empresária Isabel dos Santos foi esta quarta-feira exonerada da presidência da Sonangol. Deixa assim de ter controlo sobre a petrolífera angolana que detém, por terras lusitanas, 15,24% do BCP, perdendo ainda um aliado na Galp. De qualquer forma, a filha do ex-presidente José Eduardo dos Santos está longe de ficar sem influência em Portugal. Através de várias holdings, Isabel dos Santos ainda detém posições em setores estratégicos da economia portuguesa.

Com a empresária angolana aos comandos, a Sonangol sempre se mostrou confortável com a participação no BCP. Em meados de outubro, Isabel dos Santos disse em Londres que essa posição era “para manter”, dado já ter produzido rendimento. Afirmou mesmo ver essa relação “a reforçar-se”. De facto, foi feito um pedido ao Banco Central Europeu (BCE) para elevar essa participação a um patamar acima dos 20%, aceite pelo banco central e válido até ao final deste ano. Sem a empresária no poder, as intenções da Sonangol no que toca ao BCP ficam rodeadas por nevoeiro.

"O BCP é um bom investimento. Os números falam por si: a Sonangol comprou as ações a um preço baixo e já tivemos rendimento do nosso investimento. Acho que vamos manter a nossa posição acionista.”

Isabel dos Santos

Declarações proferidas a 19 de outubro de 2017, em Londres.

Mas engana-se quem crê que a exoneração de Isabel dos Santos é sinónimo de um esvaziamento de poder e influência. A empresária mantém um autêntico império em Angola e em Portugal. As posições que controla por terras lusas estendem-se a setores como as telecomunicações, a banca e a energia, por exemplo.

Desde logo, Isabel dos Santos controla, em conjunto com a Sonae, a operadora Nos. A posição conjunta equivale a, aproximadamente, 52,15% do capital da empresa liderada por Miguel Almeida. Como o ECO contou em agosto, Isabel dos Santos controla metade da ZOPT através de participações na Unitel International Holdings, com sede na Holanda, e na Kento Holding Limited, com sede em Malta — a outra metade é da Sonae. É a maior aposta da empresária no setor das português das telecomunicações.

Não esquecer ainda que a Nos detém a Lusomundo e 30% da operadora angolana Zap. Além disso, nas telecomunicações, a empresária controla 70% da Upstar. Trata-se de uma empresa sediada em Évora que presta serviços de satélite, de acordo com a revista Visão. O restante capital desta companhia é detido pela NOS.

A influência de Isabel dos Santos estende-se também ao setor da energia. A pérola é a gigante Galp Energia, onde a empresária detém pouco mais de 33% através da Amorim Energia. Esta última é controlada em 55% pela família de Américo Amorim e a restante parcela pela Esperanza Holding. A Esperanza resulta de uma parceria entre Isabel dos Santos e a Sonangol. Neste setor, outra participação relevante está na Efacec Power Solutions. Isabel dos Santos controla cerca de 72,6% da empresa desde 2015, através da Winterfell 2 Limited, com sede em Malta.

Por fim, na banca, é facto que Isabel dos Santos tem vindo a perder controlo neste setor da economia. Esta quarta-feira, “perdeu” o BCP e já antes tinha vendido a participação de 18,6% no BPI, através da Santoro (registada em Portugal), depois da OPA do CaixaBank. Contudo, mantém o controlo sobre cerca de 42,5% do banco EuroBIC, o antigo Banco BIC. Isabel dos Santos foi uma das fundadoras da instituição e detém esta posição em nome próprio.

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