Sonangol deixa expirar aval do BCE. Não reforça no BCP
A Sonangol tinha até 16 de dezembro para reforçar a participação no BCP. Mas não o fez. Apesar desta decisão, explicada pelas alterações na liderança, o investimento continua a ser estratégico.
O prazo para a Sonangol reforçar a participação acima dos 20% no BCP expirou… e os angolanos decidiram não avançar, sabe o ECO. A petrolífera deixou passar o prazo de validade da autorização que tinha sido dada pelo Banco Central Europeu (BCE), numa altura em que a empresa está a passar por várias mudanças na estrutura, após a saída de Isabel dos Santos, a filha do ex-Presidente de Angola. Mas o investimento no banco liderado por Nuno Amado continua a ser estratégico.
Foi a 16 de dezembro de 2016 que a Sonangol recebeu a autorização do BCE para reforçar a sua posição no BCP, mesmo a tempo da assembleia-geral da petrolífera que decorreu a 19 desse mesmo mês, quando foi aprovado o aumento do limite de votos de 20% para 30%. E, de acordo com a lei, a Sonangol tinha 12 meses para tomar esta decisão. Caso contrário, expiraria. E foi o caso. A empresa agora liderada por Carlos Saturnino não exerceu o reforço da participação (tem 15,24%), sabe o ECO. Contactado, não foi possível obter uma resposta oficial do BCP.
Apesar de ter deixado passar o prazo, fontes próximas não excluem a possibilidade de a Sonangol pedir novamente autorização ao banco central liderado por Mario Draghi para reforçar no banco liderado por Nuno Amado. É que, apesar de não ter avançado agora com essa intenção, o investimento no BCP continua a ser estratégico, apurou o ECO.
A Sonangol mantêm-se como a segunda maior acionista do banco, atrás da Fidelidade que reforçou a sua participação no último aumento de capital, continuando a comprar em mercado para controlar, atualmente, 25,16% do capital da instituição. Contactado pelo ECO, não foi possível perceber junto do BCE se já houve novo pedido de reforço por parte da Sonangol.
Sonangol é a segunda maior acionista do BCP
Em outubro, a agora ex-presidente da Sonangol Isabel dos Santos tinha dito que a empresa iria manter a posição acionista no banco português. O BCP “é um bom investimento e os números falam por si: a Sonangol comprou as ações a um preço baixo e já tivemos rendimento do nosso investimento”, afirmou a empresária que, entretanto, foi exonerada do cargo pelo novo Presidente de Angola, João Lourenço.
No seguimento da exoneração, seguida de várias críticas à gestão de Isabel dos Santos, o presidente executivo do BCP, Nuno Amado, manifestou-se confiante na manutenção da Sonangol como acionista de referência, apesar de agora a petrolífera ter um novo líder. A Sonangol é “uma ótima parceira” da instituição financeira e que “espero que continue a ser”.
"O BCP é um bom investimento. Os números falam por si: a Sonangol comprou as ações a um preço baixo e já tivemos rendimento do nosso investimento. Acho que vamos manter a nossa posição acionista.”
Mas existem algumas dúvidas em torno dos futuros investimentos, isto numa altura em que a estrutura da Sonangol está a sofrer várias mudanças. E o ECO sabe que estas alterações pesaram na decisão da empresa de não avançar com o reforço, pelo menos por agora, para mais de 20% do capital do BCP. Tendo em conta que o BCP está a cotar nos 26,95 cêntimos, chegar aos 20% implicaria um investimento de cerca de 193 milhões de euros.
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