UE e Reino Unido chocam sobre Irlanda do Norte no pós-Brexit

  • Marta Santos Silva e Lusa
  • 28 Fevereiro 2018

O negociador europeu Michel Barnier propôs que a Irlanda do Norte permanecesse no mercado único após o Brexit, o que revoltou os britânicos e levou May a declarar que seria inconstitucional.

Uma proposta da União Europeia está a gerar choque entre o Reino Unido e os negociadores de Bruxelas para o período pós-Brexit esta quarta-feira. Uma publicação da Comissão Europeia inclui a proposta de que a Irlanda do Norte possa vir a ficar dentro do mercado único europeu no período depois do Brexit caso não se encontre outra solução para a fronteira que a separa da República da Irlanda, a sul, mas Theresa May já rejeitou por completo a proposta, que violaria “a integridade constitucional” do Reino Unido.

Michel Barnier pediu ao Reino Unido que apresentasse alternativas, escreve a BBC, para a fronteira entre os dois países na ilha irlandesa. Caso não surgisse outra hipótese, Bruxelas sugere que exista uma “área regulatória comum” para a ilha, que inclui a Irlanda a sul e o país do Reino Unido, a Irlanda do Norte. Para os representantes britânicos, a proposta foi vista como uma provocação, algo que Barnier já foi forçado a desmentir, acrescentando que não era uma provocação.

Theresa May, por sua vez, afirmou que “nenhum primeiro-ministro do Reino Unido poderia concordar” com esta solução, que levaria a um desmantelamento da união, afirmou, e que põe em causa a “integridade constitucional” do país.

Boris Johnson, ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, afirmou que Bruxelas, com a publicação do documento legal em que diz exprimir aquilo que tem sido discutido até agora, está a provocar propositadamente uma agitação para tentar impedir o Brexit. “Existem muitas boas soluções”, disse Johnson, alternativas a uma fronteira rígida entre as duas Irlandas ou a uma criação de um espaço comum à ilha que acabe por separar a Irlanda do Norte da união britânica.

O documento publicado pela União Europeia é uma tentativa de resumir, em linguagem jurídica, aquilo que tem sido discutido sobre o tema da Irlanda e dos direitos dos cidadãos. O período de transição do Brexit, que só durará até ao final de 2020, está a deixar Bruxelas nervosa. “O relógio está a contar, o tempo escasseia”, disse Michel Barnier, citado pela BBC. “Estou preocupado”.

Dublin vê esboço com bons olhos

A Irlanda acolheu hoje favoravelmente o primeiro esboço de acordo da União Europeia para o Brexit e aguarda que o Reino Unido forneça mais detalhes sobre a fronteira com a Irlanda do Norte.

O Governo irlandês disse hoje que o esboço da UE contém “a necessária disposição legal para implementar o mecanismo” que evitaria uma fronteira fechada entre o território do Reino Unido, a Irlanda do Norte (Ulster), e o da Irlanda (Eire), estado membro da UE. “Estamos ansiosos por mais detalhes”, vincou o Governo da Irlanda, na expetativa de revelações da primeira-ministra britânica, Theresa May, na sexta-feira.

(Notícia atualizada às 15:30 com a reação da Irlanda.)

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