Pequenos acionistas dos CTT juntam-se para contestar gestão de Lacerda
Grupo de pequenos acionistas dos CTT contesta "significativos erros de gestão" e nacionalização. Promete levantar a voz na próxima assembleia geral do operador liderado por Francisco Lacerda.
Não são apenas os grandes acionistas que estão preocupados com o futuro dos CTT. Também os pequenos investidores estão bastante apreensivos com o que se está a passar no operador postal português. Alguns deles avançaram para a criação de um grupo para contestar a gestão de Francisco Lacerda e a discussão pública que se fez em torno de uma eventual nacionalização da empresa. E querem fazer-se ouvir já na próxima assembleia geral do dia 18 de abril.
O momento não inspira grande confiança a Gonçalo Sequeira Braga, um dos promotores deste grupo de acionistas individuais que vai reunir-se no próximo dia 15 de março, em Lisboa.
“Há basicamente duas matérias para discutir: os resultados e a situação interna dos CTT e a tentativa de estatização que a empresa tem sido alvo”, diz este investidor ao ECO. “O objetivo deste encontro é definir uma posição concertada para manifestar as posições dos pequenos acionistas na assembleia geral, que o local onde se devem afirmar estas posições”, explica.
Quando se reunirem no hotel Zenit, na capital, dentro de duas semanas (será a uma quinta-feira, às 18h00), estes pequenos investidores já vão saber como correu o ano de 2017 à empresa. Não se esperam boas notícias quando Lacerda apresentar contas no dia 7 de março: os analistas esperam uma redução do lucro em 27% para os 46 milhões de euros.
Este grupo até ao momento não têm grande expressão no capital dos CTT. Mas a convocatória para este encontro não deixa muitas dúvidas para o que estes acionistas individuais vêm: “Os pequenos acionistas têm assistido com extrema preocupação à prática de erros estratégicos na orientação da empresa e a significativos erros de gestão. (…) Apelamos à participação dos senhores acionistas dos CTT face à gravidade da presente situação, que pode terminar numa destruição e/ou estatização da empresa e, consequentemente, numa espoliação dos nossos ativos financeiros legítimos e com valor, que são as ações dos CTT”.
Desde o dia em que os CTT lançaram um profit warning, a 31 de outubro de 2017, os acionistas viram o valor dos seus títulos cair mais de 30%. Desde então a administração tem procurado medidas para travar a deterioração dos resultados: no plano de transformação operacional anunciado em dezembro estão incluídas medidas como o corte de salários ao gestores, a saída de trabalhadores e o fecho de algumas lojas.
Os pequenos acionistas têm assistido com extrema preocupação à prática de erros estratégicos na orientação da empresa e a significativos erros de gestão. (…) Apelamos à participação dos senhores acionistas dos CTT face à gravidade da presente situação, que pode terminar numa destruição e/ou estatização da empresa e, consequentemente, numa espoliação dos nossos ativos financeiros legítimos e com valor, que são as ações dos CTT.
Campanha para reforçar subscrição de certificados
Num esforço para contrariar o declínio na comercialização de produtos de poupança do Estado, os CTT lançaram na última semana uma campanha de publicidade para promover os Certificados de Tesouro Poupança Crescimento.
Segundo explicou fonte oficial dos CTT, esta ação promocional tem como principal objetivo “informar e dar a conhecer ao público as condições e características da oferta do produto“. “Dá a conhecer a alta rentabilidade proporcionada por estes certificados, com uma taxa de juro média a 7 anos mínima de 1,38%, à qual pode acrescer um prémio de remuneração anual logo a partir do segundo ano”, diz o operador.
A campanha, que arrancou no dia 26 de fevereiro, e que se desenvolve-se nos vários meios — digital, rádios, imprensa e materiais de ponto de venda — surge depois de um arranque de ano fraco ao nível de subscrições destes produtos de poupança.
Spot na rádio
A subscrição líquida de certificados do Estado registou uma quebra de 67% em janeiro, ameaçando mais uma fonte de receita dos CTT, que lucram com as comissões associadas à comercialização destes títulos de poupança do Estado: a empresa recebe comissões com subscrições brutas, resgates e stock.
Os analistas do CaixaBank BPI estão a prever uma queda de 12% das receitas dos CTT com o comissionamento destes títulos.
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