Administração dos CTT envia cartas aos trabalhadores. “Greve tem motivos exclusivamente políticos e ideológicos”
Administradores estão a enviar cartas aos trabalhadores numa tentativa de desmobilizá-los da greve de sexta-feira. Um protesto que tem "motivos exclusivamente políticos e ideológicos", diz a empresa.
A 48 horas de mais uma greve convocada pelos sindicatos dos correios, os trabalhadores dos CTT estão a receber cartas e e-mails da administração, liderada por Francisco Lacerda, que procura in extremis a desmobilização face a um protesto que considera ter “motivos exclusivamente políticos e ideológicos”. O ECO teve acesso a duas comunicações que foram endereçadas aos colaboradores dos CTT nas últimas horas, num esforço da gestão para limitar o protesto nacional que vai culminar numa manifestação em Lisboa, esta sexta-feira.
Em concreto, foi o próprio Francisco Lacerda quem enviou uma carta a todos os trabalhadores do grupo e através da qual tenta explicar os “inúmeros desafios” que os CTT têm pela frente e que impõem “um caminho de profunda transformação, decisivo para garantir a sustentabilidade presente e futura da empresa”.
Uma outra comunicação interna foi enviada por via eletrónica pelo administrador António Pedro Silva aos funcionários do Atendimento. E, neste caso, o conteúdo é mais incisivo no sentido de desmobilizá-los da greve: “Percebemos que os motivos invocados são exclusivamente ideológicos e políticos: contra a privatização da empresa. Em nada têm a ver com as relações de trabalho na empresa, procurando, agora, mobilizar os trabalhadores para uma manifestação uma manifestação, procurando atingir os fins ideológicos, contra a privatização da empresa”.
“Temos todos de dizer basta e demonstrar que estamos muito mais empenhados em continuar a construir o futuro, não alinhando em combates ideológicos“, referiu o administrador responsável pela área dos recursos humanos.
Percebemos que os motivos invocados são exclusivamente ideológicos e políticos: contra a privatização da empresa. Em nada têm a ver com as relações de trabalho na empresa, procurando, agora, mobilizar os trabalhadores para uma manifestação uma manifestação, procurando atingir os fins ideológicos, contra a privatização da empresa.
Contactada, a empresa não quis prestar qualquer comentário.
Várias plataformas sindicais do setor marcaram para o dia 23 uma greve geral nos CTT e empresas do grupo CTT e ainda uma manifestação nacional em Lisboa, a partir das 14h30, num protesto onde se esperam mais de 4.000 trabalhadores e que será “passo decisivo para obrigar o Governo a reverter a privatização dos CTT”, segundo a convocatória da greve.
A administração anunciou em dezembro um plano de reestruturação que vai passar pela saída de 800 trabalhadores e pelo fecho de pelo menos 22 lojas, na sequência da menor atividade do negócio postal enquanto os custos com o Banco CTT continuam a pressionar. Em 2017, os lucros terão afundado 27% para 46,17 milhões de euros, de acordo com estimativas dos analistas.
Esta semana, os sindicatos avançaram com uma lista de pelo menos mais 14 lojas que a administração pretendia encerrar, uma notícia já desmentida pela empresa e que o administrador António Pedro Silva diz ter sido “mais um episódio de ataque, fazendo uso de mentiras sem qualquer fundamento e procurando desestabilizar as nossas pessoas e as populações”.
No e-mail enviado ao pessoal do Atendimento, António Pedro Silva lembra que o “direito à greve é um direito alienável”. “Mas não é disto que estamos a falar”, frisou o responsável.
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