Exposição à dívida e preços das casas deixam banca vulnerável
O Banco de Portugal elogia a redução do malparado. Mas é preciso fazer mais para que evitar um acumular de vulnerabilidades na banca. Além do malparado, há a dívida e os preços das casas.
O Banco de Portugal elogia os esforços dos bancos para reduzirem os níveis de crédito malparado nos balanços. Contudo, este “fardo” ainda pesa na rentabilidade dos bancos e é, por isso, preciso fazer mais. Apesar da evolução positiva, o “fardo” continua a deixar a banca vulnerável, isto além de eventuais choques provocados pela elevada exposição à dívida pública e ao imobiliário.
“O setor bancário registou progressos muito relevantes ao nível da capitalização, da redução dos NPL [malparado] e da eficiência (cost-to-income)”, refere o Banco de Portugal no relatório de estabilidade financeira apresentado esta quarta-feira.
Os esforços de redução dos bancos estão à vista. “Entre dezembro de 2016 e dezembro de 2017, o stock total de NPL reduziu-se em mais de 9,3 mil milhões de euros (20%), refletindo em larga medida o elevado volume de empréstimos abatidos ao ativo, as vendas de NPL e a saída de empréstimos da categoria de NPL.”
"Tendo em vista reduzir as vulnerabilidades do setor, é fundamental que os bancos continuem a cumprir os planos de redução de ativos não produtivos submetidos às autoridades de supervisão, bem como que completem o ajustamento das suas estruturas de custos.”
Mas o regulador diz que é preciso fazer mais de maneira a que os bancos consigam recuperar a sua rentabilidade e, dessa forma, serem capazes de fazer frente a possíveis choques. “Em setembro de 2017, o peso dos NPL líquidos de imparidades no total do ativo em Portugal é próximo do verificado na Irlanda e ligeiramente superior ao observado em Itália.”
“Tendo em vista a redução das vulnerabilidades do setor, é fundamental que os bancos continuem a cumprir os planos de redução de ativos não produtivos submetidos às autoridades de supervisão, bem como que completem o ajustamento das suas estruturas de custos.”
Entre estas vulnerabilidades, o banco liderado por Carlos Costa destaca “os níveis de rendibilidade, apesar de terem aumentado, permanecem baixos; o stock de NPL [malparado] ainda é significativo e a elevada exposição à dívida pública e ao imobiliário tornam o setor particularmente sensível a evoluções desfavoráveis nos preços destes ativos”. A exposição à divida pública dos bancos residentes “representa cerca de 15% do ativo total, da qual 11,6% do ativo total respeitando a títulos de dívida”, de acordo com o relatório.
Contudo, o Banco de Portugal dá especial destaque à evolução dos preços das casas, outro dos riscos. Para o regulador, esta subida, à boleia do turismo e investimento por parte de não residentes, ainda não é preocupante. Mas já há sinais de sobrevalorização. E caso o boom no turismo perca força, há riscos: uma correção no valor dos imóveis pode acabar por pôr em causa a estabilidade do sistema financeiro nacional.
Nesta lista de riscos para a estabilidade financeira, o Banco de Portugal refere ainda a reavaliação significativa e abrupta dos prémios de risco a nível global, eventual prolongamento do ambiente de taxas de juro muito baixas, concorrência com as fintech e transição do setor bancário para o novo quadro regulamentar e institucional europeu.
Mas também a menor restritividade dos critérios de concessão de crédito a particulares, o que já levou o regulador a recomendar aos bancos a imposição de limites a alguns dos critérios usados na avaliação de solvabilidade dos clientes.
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