CTT transferem negócio de pagamentos para o banco. Trabalhadores contestam
Serviços de pagamentos dos correios vão passar a ser geridos pela Payshop já a partir do próximo ano, numa mudança que é contestada pelos trabalhadores. Francisco Lacerda apresenta hoje resultados.
O Banco CTT vai passar a gerir todo o negócio de pagamentos dos CTT CTT 0,45% a partir do próximo ano, incluindo os serviços de pagamento de faturas, portagens, telemóveis, entre outros. Mas a decisão está a ser contestada pelos trabalhadores, que acusam a administração de esvaziar a empresa CTT para investir nas outras empresas do grupo, nomeadamente o banco. Francisco Lacerda apresenta contas após o fecho da bolsa.
Ao que o ECO apurou, está em curso a integração do negócio de pagamentos CTT — que atualmente pertencem à empresa CTT SA — na rede de pagamentos Payshop, detida a 100% pelo banco desde o início deste ano. Esta operação será feita através de um processo de cisão-fusão dos ativos de pagamentos dos CTT a ser concluído até final do ano.
Em causa estão vários serviços (e receitas geradas) que vão mudar de mãos entre duas empresas do grupo, entre eles o pagamento de faturas, portagens, telemóveis, bilhetes para espetáculos, coimas e cobrança ao domicílio.
Também o serviço eletrónico de transferência urgente de dinheiro através da Western Union, que pertence atualmente aos correios, vai passar para o perímetro do banco liderado por Luís Pereira Coutinho.
Fonte oficial dos CTT confirma ao ECO que há planos para a transferência de ativos: “A concentração dos serviços de pagamento no perímetro do Banco CTT está prevista no plano inicial mas ainda está em estudo se, quando e de que forma pode vir a concretizar-se”.
Para já, a empresa está a estudar vários aspetos deste processo, nomeadamente o modelo de transferência de pessoas e de ativos de uma empresa para a outra, as implicações fiscais desta integração, procurando assegurar a neutralidade fiscal desta operação, o alinhamento de contratos com clientes Payshop e CTT garantindo ausência de perda de receita e continuidade e rentabilidade da operação dos negócios não incluídos, sabe o ECO.
Este trabalho de casa deverá acelerar na segunda metade do ano dado que a prioridade passa por garantir que os serviços de pagamentos CTT estejam integrados na Payshop a 1 de janeiro de 2019.
Em 2017, estes serviços de pagamentos realizaram 54 milhões de transações, tendo faturado mais de 21 milhões de euros para os CTT, um nível de receita que Francisco Lacerda quer fazer crescer no futuro perante contexto desafiante que o grupo atravessa.
Para os trabalhadores dos CTT, esta é mais uma decisão de esvaziamento da empresa em favor do banco. “Vem esvaziar aquilo que é o negócio da empresa CTT para investir tudo nas outras empresas do grupo”, comentou o coordenador da Comissão de Trabalhadores ao ECO. “Estão a retirar tudo o que são negócios extra concessão do serviço postal universal da empresa CTT, deixando apenas os serviços do contrato”, disse José Rosário.
O grupo continua a sua transformação operacional, depois dos maus resultados alcançados no ano passado, e que passa pelo fecho de algumas estações e despedimento de funcionários. Por outro lado, por mais do que uma vez Francisco Lacerda apontou o banco e o segmento de encomendas como as próximas alavancas de crescimento da empresa para fazer face ao declínio da atividade postal.
E é aqui onde têm surgido as últimas novidades. A última foi mesmo a aquisição da 321 Crédito, uma instituição de crédito especializado, por 100 milhões de euros, numa operação que deverá ficar concluída no próximo ano.
Francisco Lacerda vai apresentar contas após o fecho da sessão desta terça-feira. Os analistas do BPI esperam uma estabilização das receitas no segundo trimestre na ordem dos 176 milhões de euros.
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